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Eleições 2022: O retrato do Brasil que já decidiu seu futuro presidente da República

O Brasil, com as suas diferenças, particularidades e semelhanças é um só. Portanto, o resultado das eleições não depende de qualquer pessoa ou grupo isolado de pessoas, ainda que sejam os mais ricos e de maior nível e escolaridade e cultural.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Atualizado às 13:05

O Sufrágio Universal como direito e garantia de igualdade absoluta entre os brasileiros e brasileiras.

Ao promulgar a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, O POVO BRASILEIRO, por seus representantes reunidos em constituinte, cuidou de ressaltar como primordial a todos os brasileiros e brasileiras, o "princípio da igualdade", garantindo o artigo 5º que "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza".

A igualdade que a Constituição chamada de Cidadã se propôs, é de uma qualidade de vida digna à todas as pessoas, com acesso ao trabalho e renda, segurança, acesso à educação de qualidade, liberdades com responsabilidades, acesso à justiça e de direitos sociais, sobretudo à saúde.

Em todas essas áreas, nesses 34 (trinta e quatro) anos de nossa Jovem Carta Magna, não fomos capazes, ainda, de reduzir as imensas desigualdades econômicas e sociais que impedem à expressiva maioria dos brasileiros e brasileiras, de ter garantido as mesmas oportunidades que são disponíveis à minoria da população, de maneira que, estamos subjetivamente em descumprimento constante de direitos e garantias constitucionais, sendo esse, nosso maior desafio.

Contudo, se não temos o cumprimento das garantias da igualdade em todos os demais direitos, pelo menos, em um ou dois dias a cada dois anos pares, essa igualdade nos é garantida em absoluta, quando "todos os brasileiros tem o mesmo peso e valor", evidenciado no

Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, "A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei"".

Conforme mencionado, na república, quem exerce o poder é o povo, todavia, o faz por intermédio de seus representantes legitimados, regularmente, eleitos.

Em um passado não tão distante, as escolhas dos representas políticos eram feitos por uma minoria elitista e, na maioria dos casos, era mais uma formalização/homologação do que poucos já haviam decidido, do que propriamente uma eleição.

A título de exemplo, as mulheres que, conforme iremos esmiuças adiante, atualmente formam a maioria do eleitorado brasileiro, tiveram o direito ao voto consolidado no Brasil, somente a partir de 1932 com a edição de nosso primeiro Código Eleitoral, que criou também a Justiça Eleitoral.

Todavia, com a cultura machista, não são raros os casos até meados dos anos 70 em que, elas eram obrigadas a votar em quem o marido determinasse, posturas vergonhosas que felizmente, estão ficando aos poucos no passado com o avanço na igualdade de direitos, deveres e oportunidades.

De modo semelhante, na época do Brasil rural, onde a maioria da população residia no campo, os eleitores eram levados "no cabresto" para votar no candidato de escolha do patrão, chamado de coronéis e os poucos que ousavam desobedecer, perdiam os empregos e muitas vezes a própria vida.

Mais recente, mesmo após a redemocratização e a Constituição de 1988, na época da votação em cédulas, principalmente no interior do país, era muito comum o cadastramento de eleitores com os números de títulos e algum tipo de coação para votar em determinado candidato, em alguns casos, até mesmo sugerindo a forma de marchar o "x", ou alguma forma de sugerir ao eleitor que o voto seria identificado na urna, induzindo o eleitor com base no medo.

Tudo isso, teve fim a partir de 1996 com a chegada da urna eletrônica, quando o eleitor passou a ter a tranquilidade de votar em quem quiser sem receio.

ELEIÇÕES E ESTATÍSTICAS

Feitas essas considerações iniciais, é incontroverso que os ocupantes de cargos eletivos da República, como representantes da sociedade, são eleitos conforme as características próprias de seus eleitores, influenciados, invariavelmente pelo contexto sócio-econômico-político que são definidos pelos modos de vida quanto à cultura, escolaridade, educação, crenças, moralidade subjetiva, sobretudo, pelas condições socioeconômicas. É como a célebre frase do Conde Francês Joseph-Marie de Maistre: "Toda nação tem o governo que merece".

Com base nisso, é salutar para quem deseja ingressar na carreira política e ocupar cargo público eletivo, conhecer os anseios dos eleitores e o acesso a essas informações indispensáveis se dá através das "Pesquisas de Opinião Pública".

Como contexto histórico, a primeira pesquisa de opinião pública que se tem notícia foi realizada pelo americano Delaware Watchan nos Estados Unidos da América em 1924, publicada com o título de "enquete popular" acerca da opinião dos eleitores americanos em relação à eleição presidencial daquele ano, mas, foi a partir de 1935 que as pesquisas passaram a ser realizadas com critérios científicos, quando, também nos EUA o americano George Gallup, utilizando de conceitos concretos e auditáveis de amostragem, realizou a pesquisa à corrida presidencial de 1936 e acertou com precisão o resultado que deu a vitória ao Presidente Democrata Franklin Delano Roosevelt sobre o Republicano Alfred Mossman Landon, nascendo daí o primeiro, maior e mais importante instituto de pesquisa de opinião pública de nossa história, a GALLUP, que também se tornou método/referência (método Gallup).

No Brasil, o primeiro, que se tornou também o mais conhecido instituto de pesquisas de opinião pública foi o IBOPE, criado em 1942 e realizou a primeira pesquisa em eleições presidenciais em 1945, à época, restrito ao Estado de São Paulo e acertou o resultado da vitória do Presidente Eurico Gaspar Dutra e de lá pra cá, atuou em todas as campanhas quanto possíveis, até encerrar suas atividades em janeiro de 2021.

O objetivo das pesquisas é identificar com critérios técnicos/científicos, em primeiro, a percepção dos eleitores quanto às suas aspirações econômicas e sociais, o perfil dos candidatos e candidatas que almejam votar e quanto conhecem ou desconhecem os pretensos candidatos, para fomentar as propostas e estratégias de campanha a serem levadas ao eleitor e no segundo momento, sendo essa a mais conhecida, identificar as intenções de voto dos eleitores naquele momento específico, visando também adequar as estratégias para atingir aqueles ou aqueles eleitores (as).

As pesquisas, como ciência, de uso importantíssimo e indispensáveis para as campanhas políticas, refletem o momento em que são realizadas, de forma que, não raras vezes, causas supervenientes como uma palavra mal dita em um debate ou um incidente qualquer ocorra até mesmo no dia seguinte, possa ter impacto tamanho a ponto de atingir percentuais fora das margens de erro, a exemplo do que houve nas eleições de 1998 com o então candidato à presidência Ciro Gomes estava a caminho da disputa do segundo turno com o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, despencou, perdendo a segunda posição para José Serra do PSDB e amargurou o terceiro lugar após uma resposta infeliz para a pergunta de um jornalista, ainda assim, realidades que foram demonstrada pelas pesquisas posteriores.

Respeitando as opiniões contrárias, com base nos critérios de mercado, ou seja, das mais atuantes, contratadas e reconhecidas pelo mercado, extraímos as estatísticas por amostragem e compilamos os dados das pesquisas divulgadas  pelos principais institutos de pesquisas de opinião pública eleitoral até o dia 16/09/2022, sendo eles: Datafolha; IPEC (fundado em 2021 pelos executivos do extinto IBOPE); IPESPE; QUAEST e FSB e comparamos com os as estatísticas oficiais do IBGE para chegar ao final, a minha modesta conclusão.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE é órgão oficial da União, fundada em 1934 e tem em suas atribuições, realizar e manter atualizados os dados ligados às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas.

No tocando às estatísticas populacionais, os dados são realizados através de levantamentos censitários regularmente a cada 10 (dez) anos, sempre nas viradas das décadas, contudo, excepcionalmente, o último censo foi realizado em 2010, pois, em razão da Pandemia da Patologia do Novo Coronavírus - COVID-19, foi adiado de 2020 para 2021, que por sua vez, não foi realizado por falta de previsão orçamentária e está sendo realizado nesse exato momento em 2022.

Dessa forma, os dados populacionais vigentes são estimados ano a ano com base nos índices aferidos no último levantamento censitário e dessa forma, a população brasileira em 2022 está estimada em 212,7 milhões de habitantes.

Quanto aos eleitores, segundo os dados atualizados em 17/07/2022 pelo Tribunal Superior Eleitoral - TSE, que é o último grau da jurisdição eleitoral brasileira, os eleitores aptos a votarem nas eleições gerais que se avizinham é de 156.454.011 brasileiros e brasileiras com mais de 16 anos de idade, que representam 73,5% (setenta e três e meio por cento da população), distribuídos em gênero, regiões e condições socioeconômicas, da seguinte forma e com os seguintes percentuais de opção de votos entre os dois principais candidatos à presidência da república.

O cruzamento dos dados estatísticos do eleitorado em suas diferenças, particularidades e semelhanças quanto às regiões geográficas, sexo, escolaridade faixa etária e principalmente de renda, que são considerados cientificamente nas pesquisas, demonstram suas influências nos resultados das pesquisas eleitorais de opinião públicas para fins eleitorais, que você não vê, ou não quer ver, mas serão determinantes para o resultado das eleições, quer você queira ou não.

ELEITORADO E PESQUISAS POR REGIÕES GEOGRÁFICAS

É muito comum ouvir se falar que dentro do Brasil há muitos outros Brasis, afinal, somos uma nação de grande dimensão territorial com diferenças de clima, dialetos, culturas, geografias, mas sobretudo, diferenças econômicas e de infraestrutura. Não se pode comparar o Brasil do Sudeste e do Sul com o Brasil de Norte e de parte do Centro-Oeste e Nordeste no tocante à infraestrutura, às condições econômicas, de educação, saúde, principalmente, sem desconsiderar que há diferenças incompreensíveis dentro das próprias regiões, dos estados e até mesmo das capitais e demais municípios.

Iniciando pelo Centro-Oeste, somos 11.539.323 eleitores que representam apenas 7,41% de todo eleitorado brasileiro. Por aqui, segundo as pesquisas, 35% dos eleitores preferem o candidato LULA enquanto 40% preferem o candidato BOLSONARO. Essa diferença já foi maior e continua reduzindo, segundo as pesquisas.

A região Norte, possui eleitorado semelhante com 12.560.410 eleitores que representam 8,06% de todo o eleitorado, e a semelhança está também na preferência entre os candidatos, que é de 35% para LULA e 40% para BOLSONARO. Dessa forma, entre Norte e Centro-Oeste,

Já na região Sul do país, que conta com 22.558.759 eleitores que representam 14,48% do eleitorado, o eleitorado está indefinido, com empate de 39% para cada um dos candidatos.

No Nordeste que é a região que concentra o segundo maior percentual de eleitor do país, com 42.390.976 eleitores aptos, que representam 27,22% do total do eleitorado, o candidato LULA tem 56% da intenção de votos contra 23% do candidato BOLSONARO.

Por fim, na Região Sudeste que concentra a expressiva maioria do eleitorado do país com 66.707.465 e sozinha detém 42,83% de todo o eleitorado, o candidato LULA tem a preferência de 41% do eleitorado contra 30% de BOLSONARO.

Nesse cenário, o candidato BOLSONARO vence nas regiões Sul e Centro-Oeste que representa apenas 15,47% do eleitorado, os dois candidatos empatam na região Sul que tem 14,48% do eleitorado, e o candidato LULA vence nas duas regiões Nordeste e Sudeste que somam 70,05% do eleitorado.

ELEITORADO E RESULTADO DAS PESQUISAS ENTRE HOMENS E MULHERES

Do total do eleitorado apto a votar, a maioria, 82.373,164 milhões, são do sexo feminino e representa 52,65%, enquanto 74.044.065 milhões são do sexo masculino (47,33%) e 36.782 mil não informado, que representa menos de 0,02%.

Com base nesses dados, vê-se que as mulheres, apesar de serem minoria na ocupação dos cargos eletivos, são maioria do eleitorado e fundamental para a vitória de qualquer candidato.

Segundo as pesquisas, 45% das mulheres votam no candidato Luiz Inácio Lula da Silva do PT e 26% votam no candidato Jair Bolsonaro do PL. Já entre os homens, a diferença reduz em 10%, pois 43% votam no candidato LULA e 36% no candidato BOLSONARO.

ELEITORADO E OPÇÕES DE VOTO POR FAIXA ETÁRIA

Outro fator que tem relevante influência na escolha dos candidatos, são as faixas etárias dos eleitores, afinal, as expectativas, envolvimento, conhecimento e própria visão de mundo, são diferentes conforme a idade, independentemente do sexo.

Os eleitores com menos de 18 anos e mais de 70 anos de idade, não são obrigados a votar (chamados de eleitores facultativos) e somam 10,86% do eleitorado. Destes, 1,36% possui entre 16 anos e menos de 18 anos e 9,5% tem mais de 70 (setenta) anos de idade.

Dos obrigados, entre a faixa etária mais jovem, 12,34% possuem entre 18 e 25 anos de idade e dentre esses, 43% preferem o candidato LULA, enquanto 29% o candidato Bolsonaro. Na faixa dos acima de 25 até 35 anos de idade, o percentual é semelhante, ficando em 42 x 33% em favor do candidato do PT. Esses eleitores mais jovens, representam 32,37% do eleitorado brasileiro.

Já na chamada meia idade, onde se concentram a maior parte do eleitorado brasileiro, dentre os que estão com idade acima de 35 até 45 anos representam 20,46% dos eleitores aptos e dentre eles, 41% declaram voto ao candidato LULA e 32% ao candidato BOLSONARO, enquanto os mais velhos, acima dos 45 até 60 anos de idade, a distância aumenta em 45% para LULA contra 30% para BOLSONARO.

Por fim, entre os eleitores obrigados da maior faixa etária que são os de mais de 60 e menos de 70 anos de idade e representam 11,47% do eleitorado, manifestam opção de 48% para o candidato LULA x 30% para BOLSONARO.

ELEITORADO E PREFERÊNCIA DE VOTO CONFORME GRAU DE INSTRUÇÃO/ESCOLARIDADE

Apenas 10,95% dos eleitores possuem curso superior completo e dentre eles, há empate técnico entre os candidatos com vitória numérica para LULA de 36% e 34% para BOLSONARO.

Entre os que possuem ensino médio completo, somam 31,69% do total do eleitorado e dentre eles, 40% preferem o candidato LULA e 34%, BOLSONARO.

Porém, a expressiva maioria do eleitorado brasileiro está entre os que não concluíram o ensino médio que somam tristes 46,14%, e dentre esses, 16,65% concluíram ensino fundamental e 22,97% nem chegaram a concluir. Nessa faixa, que também está a mais pobre conforme veremos adiante, está a maior diferença entre os dois primeiros colocados à corrida presidencial com 54% que manifestam opção pelo candidato LULA enquanto apenas 24% optam por BOLSONARO.

11,23% se declaram não alfabetizados (sabem ler e escrever) e dentre eles, o percentual é o mesmo dos anteriores, ou seja, 54% para LULA e 24% para BOLSONARO.

Portanto, quanto ao grau de instrução, em que pese o candidato LULA tenha empate técnico entre os de nível superior, vence em todas as demais, mas seu maior desempenho é entre os de menor nível de escolaridade com vasta vantagem, que isolados, seria suficiente para vencer com folga no primeiro turno.

ESTATÍSTICA DO ELEITORADO E PREFERÊNCIAS DE VOTO POR RELIGIÃO

Em outros tempos, o fator religião não faria tanta importância e, aliás, não deveria fazer, afinal, somos um Estado Laico. Todavia, gostando ou não, fato é que o fenômeno social está aí.

Em que pese sejamos um país laico, onde cada um é livre para professar a sua religião e até mesmo não ter nenhuma, notadamente, somos um país hegemonicamente cristão e, segundo o IBGE, no último censo realizado em 2010, 65% da população se declarava católica, enquanto 23% se declarava evangélica, formando 88% do total da população. Contudo, não há estimativa oficial atualizada, contudo, dado ao relevante crescimento das várias denominações evangélicas no país na última décadas, há estimativas não oficiais e dentre elas, uma pesquisa realizada pelo DATAFOLHA em 2020 que resultou em um percentual de 50% de católicos e 31% de evangélicos, números que devem ser confirmados no censo desse ano.

Com base nesses números, a média dos institutos indicam que, entre os evangélicos, o candidato BOLSONARO (que se declara católico), tem 46% da preferência do eleitorado enquanto o candidato LULA tem 27%. Já entre os católicos, a preferência se inverte, sendo 50% para LULA (que também se declara católico) e 26% para BOLSONARO, enquanto os demais, 12% do eleitorado e entre eles, LULA tem 48% contra 23% de BOLSONARO. Ou seja, BOLSONARO tem a preferência entre os 31% do eleitorado evangélico, enquanto o candidato LULA tem a preferência dos outros 69%.

ESTATÍSTICA DO ELEITORADO E SUAS PREFERÊNCIAS POR FAIXA DE RENDA

CONDIÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS

Ano após ano, a imprensa noticia mais e mais brasileiros e brasileiras ingressando na "Lista da Forbes" que retrará o seleto clube das pessoas mais ricas do mundo.

Celebramos também, os recordes atrás de recordes de produção e exportação de alimentos para os quatro cantos do mundo, ao mesmo tempo em que noticiamos o desemprego, a fome e o alargamento cada vez maiores, da pirâmide econômica da representatividade da riqueza do Brasil, onde a parte mais fina da pirâmide populacional detém a maior parte da riqueza da pirâmide das riquezas enquanto a maior parte da pirâmide populacional luta na para sobreviver com a menor parte das riquezas, ou as sobras.

Nesse ano, noticiamos também os recordes atrás de recordes de lucros bilionários da Petrobrás, distribuídos entre os seus acionistas, dentre eles, o próprio Governo Federal, enquanto a população sofreu com a disparada dos preços dos combustíveis e o efeito em cadeia que acaba nas mesas dos mais necessitados.

Propositalmente deixado por derradeiro, a distribuição de renda, ou mais precisamente a má distribuição de renda é sem dúvidas o maior entre os problemas dos brasileiros e por consequência, o maior desafio da sociedade e dos agentes políticos e por esses motivos, será determinante para o resultado das eleições presidenciais, conforme demonstraremos adiante.

Para fins do estudo, os valores da renda referência é por família com média de 03 (três) pessoas. Isso mesmo! Por família de até 03 (três) pessoas. Eu também fico espantado com isso, mas esse é o Brasil que você não vê e a maioria dos candidatos também não vê, mas eles votam e os votos de cada um deles vale exatamente igual o meu e o seu, e eles são maioria.

Demonstraremos o percentual de rendas acima de 05 salários em separado, mas unificado ao final, pois os institutos de pesquisa se limitam considerar os entrevistados com renda de até 05 salários mínimos referência e acima que somam 7% (sete por cento) do total do eleitorado que representa a elite econômica, dentre os quais, 1% possui renda familiar de mais de 20 salários mínimos, 2% entre 10 a 20 salários mínimos e 4% possuem renda entre 5 até 10 salários mínimos por mês.

Nessa faixa de renda, o candidato BOLSONARO tem a preferência de 47% dos eleitores contra 33% do candidato LULA.

Os eleitores que possuem renda familiar de 3 até 5 salários mínimos representam 6% (seis por cento) do eleitorado e dentre eles, 45% preferem BOLSONARO e 28% preferem LULA.

9% possuem renda familiar entre 2 até 3 salários mínimos e entre eles, 40% votaria em BOLSONARO e 34% em LULA.

O percentual dessas faixas de renda soma 22% do total do eleitorado.

Já entre os eleitores que possuem as menores rendas familiares e estão concentrados a expressiva maioria do eleitorado, as preferências se invertem.

Os eleitores que possuem renda familiar entre 01 até 02 salários mínimos formam 24% do eleitorado e dentre eles, 49% votam no candidato LULA enquanto 26% no BOLSONARO.

25% possuem renda de até 01 (um) salário mínimo e dentre eles, 56% manifestam voto no candidato LULA e 21% no candidato BOLSONARO.

Esses eleitores representam 49% do total do eleitorado.

Até aqui chegamos em 71% do eleitorado. E o restante?

Pois é! 29% do eleitorado brasileiro não possuem nenhuma renda familiar formal.

Nesse grupo, estão os trabalhadores autônomos na informalidade e os desempregados, em sua grande maioria, beneficiários de auxílios sociais do governo. Dentre eles, o percentual é semelhante aos anteriores, com 49% das intenções para o candidato do LULA e 26% para o candidato BOLSONARO do PL.

Da análise dos eleitores quanto às condições econômicas, vê-se que o candidato BOLSONARO detém a preferência consolidada entre os 22% do eleitorado mais ricos do país, com vantagem média de 44% contra 31% do candidato LULA e venceria as eleições em segundo turno se a disputa fosse somente entre essa classe.

Todavia, entre os 78% do eleitorado mais pobre, o candidato LULA tem vantagem média de 51,33% contra 24% de BOLSONARO e venceria a eleição com folga já no primeiro turno em disputa somente entre esses eleitores.

CONCLUSÃO:

O Brasil, com as suas diferenças, particularidades e semelhanças é um só. Portanto, o resultado das eleições não depende de qualquer pessoa ou grupo isolado de pessoas, ainda que sejam os mais ricos e de maior nível e escolaridade e cultural.

As escolhas dos representantes políticos, depende da vontade livre e consciente de cada um dos brasileiros e brasileiras que formam o POVO BRASILEIRO, a quem a Constituição confere o poder a ser outorgado aos representantes eleitos democraticamente.

Dito isso e com base em todos esses dados, ciente das críticas, senão de ataques e agressões, concluo que essas eleições, muito em função de estratégias equivocadas dos candidatos, já estão decididas e a dúvida é somente se terminará no primeiro ou no segundo turno.

Se é verdade que entre os 22% da elite brasileira, a opinião da maioria está consolidada em favor da reeleição do candidato JAIR MESSIAS BOLSONARO do PL, nos outros 78%, também já está consolidada a opção da maioria para o candidato LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA do PT, que deverá ser eleito e proclamado Presidente da República do Brasil pela terceira vez, com possibilidades reais de que a vitória seja, pela primeira vez, no primeiro turno.

Traduzindo em números:

Se 156.454.011 estão aptos a votar, porém, com base no percentual das eleições de 2018, quando houve abstenção de 20% (vinte por cento), aproximadamente 31.290.802 eleitores podem não votar, gerando um comparecimento de 125.163.209 de eleitores.

Com base também no percentual, das eleições de 2018, 8,8% podem votar bem branco ou anular o voto, que soma 13.767.953 de eleitores, gerando uma estimativa de 111.395.256 votos válidos que é o número considerado pela Justiça Eleitoral para fins de totalização.

Com base nas estatísticas do eleitorado e respectivos percentuais das pesquisas, o candidato LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA do PT poderá conquistar 53.772,377 votos, correspondente a 48,27% dos votos válidos enquanto o candidato JAIR MESSIAS BOLSONARO do PL, poderá conquistar 36.694.026 votos que corresponde a 32,94% dos votos válidos.

Com base nesses números e, considerando o fato de que a margem de erro dos 5 (cinco) institutos de pesquisas utilizados na compilação variam entre 2, 2,4 e 3% para mais ou para menos, o candidato do PT LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA do PT poderá e deverá vencer já no primeiro turno no próximo domingo, 02 de outubro de 2022.

Antonio Cassiano

Antonio Cassiano

Advogado desde abril/2016, atuante nos ramos do direito público sediado em Cuiabá - MT. Ex-Secretário-geral da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MT. Ex-Assessor Parlamentar e Jurídico na AL-MT.

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