Um constitucionalista na Academia Paulista de Letras
Notável também a oração de José Renato Nalini, outro intelectual desta substância densa de raros indivíduos capazes de operar no campo da Lei, a da metáfora que origina os mundos da imaginação.
terça-feira, 7 de junho de 2022
Atualizado às 13:23
No dia 26 de maio foi empossado como novo membro da Academia Paulista de Letras, o ex-presidente da República Michel Temer, reafirmando sua convergência com o entendimento da literatura como fonte da palavra que reúne a estética verbal com o zeitgeist, o espírito do tempo ao receber como ocupante da cadeira 20 o professor de direito constitucional e poeta de inspiração romântica, na melhor tradição de nossa literatura que sempre teve entre seus melhores talentos brilhantes causídicos.
Noite memorável que reuniu nomes ilustres de nossa cultura jurídica e literária foi uma oportunidade histórica da percepção dos acadêmicos que elegeram Temer para cadeira que foi da poetisa Renata Pallotini, de consagrar um intelectual e jurista brasileiro que também se volta para a estética da subjetividade humana, num lirismo que transborda, entre outros, por exemplo, nos versos de "anônima intimidade", que revelam o artista sensível ao humano processo que tangencia a alma descrita, magistralmente do "humano, demasiadamente, humano" de Friedrich Nietsche.
Realmente, homem de seu tempo, que ocupou funções politicas tanto no parlamento como no Executivo, Michel Temer derrama as angustias e a catarse do íntimo do estimo literário.
Isto foi registrado pela saudação de Celso Lafer, jurista, pensador e filosofo que na obra, por exemplo de Hanna Arendt, encontrou fluxos de compromisso artístico e ético de Temer, de Gabriel Chalita, também da mesma ordem intelectual como cronista do afeto, contou na plateia com ícones da literatura e do direito como o acadêmico José Gregori, ex-ministro da Justiça e secretário de direitos humanos, ícone do pensamento que mobiliza a linguagem comum da norma legal com a delicadeza da literatura, uma terapêutica para o sentido de existir que sublinharam na escrita poética de Michel Temer.
Notável também a oração de José Renato Nalini, outro intelectual desta substância densa de raros indivíduos capazes de operar no campo da Lei, a da metáfora que origina os mundos da imaginação.
A Academia Paulista de Letras com esta eleição de Michel Temer solidifica a demanda de elevar o espirito de nosso "phatos" e "ethos" que singularizam uma dimensão que ultrapassa o cotidiano nas férteis ondas da alma que tanto habita os dispositivos da Carta Magna da nação quanto o drama da criação na tragédia e comedia, pessoa e personagem de nossa existência.
Michel Temer encantou o público refinado com este ânimo que nos escaninhos da memória instigavam os trovadores.
Elementos de direito constitucional, democracia e cidadania, livros que permanecem na atualidade e não saem das referências acadêmicas dos operadores do direito.