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LGPD, legal design e visual law

Mônica Villani

O legal design e o visual law podem ser aplicados em avisos de privacidade, termos e condições de uso, avisos de cookies, dentre outras políticas e contratos diversos, tornando estes documentos mais transparentes e inclusivos.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Atualizado às 13:16

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Um dos principais desafios para a aplicação prática de uma norma é a garantia da transmissão de informações com objetividade e clareza. É possível observar isso em diversas leis, e com a LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais - não seria diferente, já que a transparência faz parte de seu rol de princípios e o titular de dados pessoais está no centro de sua tutela de direitos.

Neste contexto, ser transparente significa, portanto, garantir que informações claras e precisas, a respeito da realização de tratamento de seus dados pessoais, sejam facilmente acessíveis aos respectivos titulares, resguardando-se, apenas, os segredos comercial e industrial das organizações.  

Para cumprir essa missão, muitas empresas estão mudando a sua forma de comunicação, tanto a interna, com seus colaboradores, como a externa, com seus clientes, fornecedores, parceiros e até perante o poder Judiciário, através de uma prática conhecida como "legal design".

Segundo Margareth Hagan, da Universidade de Stanford, o Legal Design é a aplicação do design centrado no ser humano ao mundo do direito, para tornar os sistemas e serviços jurídicos mais acessíveis, utilizáveis e satisfatórios. É uma aproximação do direito ao "Design Thinking", que é uma abordagem para a inovação centrada no ser humano.

Uma das ferramentas de aplicação do legal design, conhecida como "Visual Law", utiliza técnicas visuais aplicadas para facilitar a comunicação entre as partes envolvidas quando deparadas a um documento jurídico ou a textos com escritas mais robustas. Quem nunca ouviu "se não entendeu, vou desenhar para você"? É isso o que o Visual Law proporciona.

Uma vez reconhecido o perfil do destinatário da informação, o visual law pode ser aplicado através da escolha de imagens, diagramação, bem como de infográficos, vídeos, ícones em linha do tempo, ilustrações, gráficos, dentre outros elementos que proporcionem a compreensão da informação através da comunicação visual.

Por exemplo, expressões e termos jurídicos, cujo entendimento era antes restrito aos advogados, juízes e profissionais da área, estão cada vez mais acessíveis para um público mais abrangente, facilitando o melhor entendimento sobre documentos, contratos, leis, decisões judiciais, dentre outras informações, sem que se perca a qualidade e a validade jurídica.

Diante da clara insuficiência da comunicação jurídica tradicional, para uma organização que pretende se adequar às obrigações trazidas pela LGPD, o emprego do legal design através do Visual Law se torna uma das melhores opções para se garantir a atenção e a compreensão do titular de dados pessoais, fazendo-o realmente entender o que está sendo feito com seus dados e quais são seus direitos.

Todo processo que envolve adequação à LGDP, portanto, pode ser tornar mais dinâmico, acessível e compreensível, além de garantir aos titulares mais segurança aos seus dados e, consequentemente, mais proteção à sua privacidade.

O legal design e o visual law podem ser aplicados em avisos de privacidade, termos e condições de uso, avisos de cookies, dentre outras políticas e contratos diversos, tornando estes documentos mais transparentes e inclusivos.

Para quem trabalha com essas e outras categorias de documentos, é imprescindível atentar-se à mensagem que pretende passar e ter empatia com o seu destinatário - será que o leitor está entendendo como e de que formas seus dados estão utilizados e protegidos? Pense, se coloque no lugar do outro e transforme!

Mônica Villani

Mônica Villani

Advogada e sócia do escritório Mônica Villani Advogados, com atuação especializada em direito digital. É DPO Exin. Membro da IAPP - Associação Internacional de Profissionais da Privacidade. Membro da Comissão de Direito Digital e Compliance da OAB de São Bernardo do Campo/SP e da Comissão Especial de Privacidade e Proteção de Dados da OAB de São Paulo. Professora do LAB de Inovação da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e da Privacy Academy. Uma das advogadas mais admiradas do Brasil na área de Direito Digital pelo ranking da Análise Advocacia.

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