A prova dos nove
Como venho dizendo e repetindo, nada em BolsoNero é verdadeiro.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
Atualizado em 26 de abril de 2022 14:29
A persistência que a família Bolsonaro vem demonstrando para que a suposta facada de Juiz de Fora volte a ser usada como elemento de campanha eleitoral é a prova cabal de que tudo não passou mesmo de uma farsa.
Neste final de semana, o filho Carlos "Zero Dois", o vereador federal Carluxo, reproduziu e disseminou pelas redes sociais uma mensagem do perfil "Anonymous" que assegurava que Adélio Bispo teria prestado depoimento à polícia federal, gravado, em que teria dito que fora contratado pela campanha de Fernando Haddad para cometer o atentado contra o então candidato, hoje presidente Jair Mentiras BolsoNero.
A mentira, certamente mais uma produção do gabinete do ódio comandado pelo próprio Carluxo, não durou nem 48 horas. A polícia federal já desmentiu e até o juiz do caso se pronunciou, destacando a inimputabilidade de Adélio que o impossibilita de prestar depoimento, seja como réu ou como testemunha.
Não satisfeitos, os membros do clã presidencial divulgaram ontem, quatro anos depois da falsa facada, um vídeo supostamente gravado em 7 de setembro de 2018, instantes após o então candidato ter retomado a consciência ao fim do procedimento cirúrgico a que fora supostamente submetido. Nele, o presidente aparece deitado numa cama de hospital falando com normalidade, sem embaraço, mencionando "deus", "jesus", dizendo-se abençoado e escolhido para cumprir uma "missão", precedido por uma "oração" do farsante Magno Malta.
Especialista em enganar crédulos passando-se por pastor evangélico, Malta já produziu, ou ao menos reproduziu, uma imagem "fake" em que a cabeça de Adélio foi inserida em lugar da de outra pessoa que se encontrava em meio a uma multidão, tendo o ex-presidente Lula à frente. O falsário sequer se preocupou com a desproporção notória da cabeça de Adélio, recortada e inserida em sobreposição à fotografia original, em relação a todas as demais pessoas presentes.
Essa persistência só reforça que tudo de fato é realmente falso, tudo é farsesco, a começar do próprio episódio da inverossímil facada. Qualquer pessoa, grupo, entidade, empresa ou partido político que quisesse realmente cometer um atentado contra um candidato a presidente da República jamais encomendaria um crime de tal magnitude a um sujeito com visíveis distúrbios mentais e para praticá-lo em meio à multidão, E a faca! Uma pessoa com um resquício de inteligência contrataria um franco-atirador, um "sniper", um especialista que disparasse o tiro a partir do teto ou da janela de um apartamento de um prédio qualquer, de onde o alvo se tornasse fácil de ser atingido e o atirador estivesse protegido, a salvo de ser identificado, contido pelos seguranças ou linchado pela turba enraivecida.
A par disso, há toda uma série de "pontas soltas" que envolvem o episódio, bem demonstradas no documentário produzido pelo portal Brasil 247 e apresentado pelo jornalista Joaquim de Carvalho, disponível no YouTube. A mais gritante é o fato de que, rodeado de diversos delegados da polícia federal que faziam a segurança do candidato, o limítrofe Adélio Bispo furou o cerco e, erguendo o braço direito sobre a cabeça de um dos seguranças, conseguiu o feito de atingir o abdômen de Bolsonaro com a força necessária para perfurá-lo e penetrá-lo gravemente. Detalhe intrigante: os delegados ali presentes, que falharam clamorosamente na missão de proteger o candidato, foram por este, depois de eleito e empossado, todos eles premiados com promoções. Fizeram por merecer, com certeza.
Enfim, como venho dizendo e repetindo, nada em BolsoNero é verdadeiro. Tudo nele rescende a falsidade. E o seu desespero e dos que o cercam, diante da preferência do eleitorado brasileiro cada vez mais consolidada em favor do adversário petista, leva-os a cometerem erros primários como essa desastrada notícia falsa do depoimento que não existiu.