Gestão jurídica e inovação - Parte 3: competências essenciais ao "Legal Ops"

O Legal Ops, hoje, não é uma realidade distante dentro dos escritórios e departamentos jurídicos, mas, sim, uma realidade que está sendo colocada em prática como divisor de águas para o que existia, o que existe e que existirá no mundo jurídico com estratégia e visão multidisciplinar. As equipes de Legal Ops composta de profissionais com backgroud distintos e complementares, utilizando-se de ferramentas tecnológicas, orientados por dados e resultados, com foco no cliente, na eficiência e na qualidade faz com que o cenário jurídico seja propicio a oportunidades inovadoras.

O Legal Ops pode ser traduzido como "uma junção de fluxos de atividades fundamentais, distribuídas em 12 competências de modo a deixar o advogado focado nas atividades eminentemente jurídicas, excluindo as atividades legais dentro de um único departamento."¹ ou seja, o Legal Ops, se relaciona a todas as atividades que não envolve a produção jurídica propriamente dita, mas, aproxima o direito e os advogados de outras ciências de modo mais operacional e estratégico, valorizando e estimulando essas conexões.

Se pudéssemos resumir em uma única palavra o que é Legal Ops, a palavra seria gestão! "O foco de Legal Ops, portanto, é na gestão. Gestão de fornecedores e parcerias, gestão da tecnologia e análise de dados, gestão dos recursos financeiros, gestão de processos, gestão do planejamento estratégico e dos objetivos de todo o time jurídico. Repita-se sem medo de errar: para LegalOps, a palavra de ordem é "gestão".²

Dessa forma, o Legal Ops é um modelo de gestão que orienta para uma visão sistêmica, ampla, dos fluxos, processos com auxílio da tecnologia dentro do mundo jurídico.

Legal Ops, portanto, não é, tecnologia, como alguns podem pensar, é muito mais que isso! Composta por equipes multidisciplinares e não apenas advogados (estes podem até nem fazer parte da equipe), o Legal Ops, agrega hard e soft skills diversas, em suas equipes, incluindo especialistas em finanças, marketing, analistas de dados e engenheiros de tecnologia.

"Esses profissionais trabalham com gestão para identificar estratégias de investimento que ajudem na construção da organização, ajudando os escritórios e departamentos jurídicos a terem mais eficiência, gerenciar riscos e entregar valor para o crescimento da organização. Um time proativo de Legal Ops pode se antecipar e se planejar a desafios antes que eles ocorram." (tradução nossa)³

Há uma intersecção de pilares de gestão (processos, pessoas e tecnologia) por meio do Legal Ops que permite aos escritórios e departamentos jurídicos uma visão e análise sistêmica e estratégica dos demais pontos da organização, com planejamento estratégico, gestão financeira, gestão de projetos e tecnologia, permitindo aos advogados foco total na assistência e assessoria jurídica com a criação e preocupação exclusiva na construção de teses e acompanhamento das legislações, ou seja, separa tudo o que não é jurídico do jurídico e assume, o não jurídico para si com olhar estratégico e sistêmico em todas as área da organização.

Inserir o Legal Ops dentro dos escritórios e departamentos jurídicas é uma realidade que vem ganhando espaço no Brasil, sendo desenhada e adaptada, com auxílio da proposta original, para a nossa realidade.

O CLOC sugere 12 competências essenciais, como uma mandala, disponível em seu site, em que os profissionais de Legal Ops podem se basear e se inspirar para começar a implantar ou elevar o crescimento da organização, seja concentrando seus esforços em todas ou em algumas delas.

São elas: 1) gestão financeira; 2) gestão de firmas e fornecedores; 3) tecnologia; 4) Gerenciamento de projetos/ programas; 5) operações práticas; 6) governança de informação; 7) planejamento estratégico; 8) modelos de entrega de serviço; 9) Gestão de conhecimento; 10) business intelligence; 11) otimização e saúde da organização; e 12) treinamento e desenvolvimento. 

Essas 12 competências do Legal Ops são um convite para que os escritórios e departamento jurídicos se modernizem e passem a ter um olhar e a fazer o direito de forma diferente, de forma mais estratégica e negocial, com foco no cliente, na qualidade, na tecnologia com análise de dados, ajudando na tomada de decisões, gerenciando riscos e projetos com aumento da produtividade e com o pensamento estratégico para a evolução e progresso do negócio, aplicando práticas comerciais e técnicas para entrega de valor com qualidade, agilidade e menor custo. Faz com que enxerguemos a importância da complementaridade, das conexões e intersecções do direito com outras ciências e de que precisamos acompanhar as mudanças, analisando de forma mais ampla e estratégica os problemas jurídicos em busca de soluções, oferecendo serviços que se adequem e acompanhem a realidade que vivemos, à realidade jurídica e a dos nossos clientes.

A escolha da(s) competência(s) a ser(em) trabalhada(s) e estimulada(s) dentro dos escritórios e departamentos jurídicos vai depender da necessidade, da "dor" e do desenvolvimento e amadurecimento (que não é sinônimo de tamanho) de cada organização. De toda forma, qualquer que seja o nível de amadurecimento do time de Legal Ops, dentro dos escritórios e departamentos jurídicos, implantá-lo, trará eficiência com as intersecções relevantes e um diferencial de oportunidade de crescimento dentro da organização.

Tais competências servem como inspiração para as equipes de Legal Ops que "torna-se consultores de confiança e melhora a cultura do trabalho e o trabalho em equipe, os procedimentos, as ferramentas e a tecnologia, ao assimilar, atingir e estender as práticas para alinhar todo o departamento como uma unidade coesa para alcançar a eficiência"⁴ e mesmo em níveis evolutivos diferentes, a depender da realidade existente em cada escritório ou departamento jurídico, gera impacto pela visão diferenciada inerente a sua implantação.

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