Tecnologia como aliada na prestação de serviços jurídicos
O grande desafio ao advogado, além de seu conhecimento jurídico que é premissa, passa a ser a sua resiliência, de adaptar e incorporar as novas tecnologias no seu dia-a-dia e ser um profissional mais eclético e completo.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2022
Atualizado em 31 de janeiro de 2022 13:25
Muito se tem discutido e profetizado que a profissão do advogado será substituída num futuro próximo pelos computadores e a aplicação de robots e a inteligência artificial, previsão a qual eu não compartilho.
O que provavelmente vai acontecer e diga-se de passagem já começou acontecer, é o auxilio da tecnologia naquelas tarefas onde não necessárias as competências de um bom advogado. Tenho repetido reiteradamente que o chamado "bom advogado" é aquele que reúne três características: uma ótima capacidade de entendimento e análise ao tomar conhecimento do problema trazido pelo cliente, confrontando-o com o emaranhado de leis existentes; uma capacidade de síntese ao identificar a solução adequada indicada para aquele especifico desfio e, por fim uma ótima capacidade de comunicação e expressão verbal e escrita para expor seus argumentos em processo e/ou contratos.
Se analisarmos um dia típico de trabalho de um advogado veremos a seguinte situação:
Além da atividade principal do advogado de gerar uma solução jurídica para o desafio de seu cliente, que só depende de seu cérebro, ele precisa fazer algumas outras coisas: procurar as informações e decidir a melhor a ser utilizada, elaborar o documento (escrevê-lo), gerenciar e motivar sua equipe, gerenciar a evolução do trabalho, gerir o processo de faturamento, analisar financeiramente os resultados de cada assunto/cliente; manter contato e desenvolver empatia com seu cliente, promover institucionalmente seu trabalho, ou seja, uma serie de tarefas que não dependem de seu conhecimento jurídico e das competências citadas anterormente.
São justamente nessas tarefas que a tecnologia pode e deve ajudar o advogado a ser mais eficiente, lembrando sempre que a pressão exercida pelos clientes por preços mais competitivos associado ao aumento da concorrência nesse mercado tornam a eficiência e produtividade um diferencial para conseguir novos trabalhos.
Agora vejam abaixo a atividades elencadas na pesquisa realizada em 2018 no World Economic Fórum e publicada pelo site Statista como sendo aquelas que estão sendo continuamente absorvidas pela tecnologia e que existem uma correlação quase perfeita entre elas e aquelas acessórias (citadas acima) que todo advogado deve fazer.
Fonte: Future of Jobs Survey 2018, World Economic Forum, Statista
Um outro ponto a ser considerado é que a pesquisa foi realizada antes da pandemia e pode-se imaginar que varias delas passaram a ter maior importância no novo modus operandi que será estabelecido quando voltarmos ao "normal".
Em outras palavras, as atividades consideradas sob risco de serem substituídas pela tecnologia, são exatamente aquelas consideradas como complementares no caso da profissão do advogado e a sua adoção, importante e necessária, apenas aumentará a sua capacidade produtiva.
O grande desafio ao advogado, além de seu conhecimento jurídico que é premissa, passa a ser a sua resiliência, de adaptar e incorporar as novas tecnologias no seu dia-a-dia e ser um profissional mais eclético e completo.