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Somos tolerantes: fanatismo exagero versus argumento contraposto

O texto faz uma releitura da obra o Tratado sobre a Tolerância de Voltaire nos dias atuais em face das relações socais e seus conflitos ideológicos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Atualizado em 17 de dezembro de 2021 13:10

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

As relações humanas passaram a ser mais conflituosas em sociedade, isso decorre de vários fatores como o avanço tecnológico que proporcionou o surgimento das mídias sociais, com a conquista de direitos, do conhecimento e ao surgimento de um fanatismo sem limites.

Fazendo uma leitura da obra o Tratado sobre a tolerância por ocasião da morte de Jean Calas (1763) escrita por Voltaire que luta contra a intolerância em nome da religião natural. Na época os boatos insinuam que o jovem protestante, que pretenderia converter-se ao catolicismo, teria sido morto por seu próprio pai, Jean Calas, que foi preso e executado. Voltaire, convencido de sua inocência, esforçou -se para que o processo fosse revisado e Calas, inocentado.

Em sua obra Voltaire trata do tema da intolerância entre os homens numa época de disputas religiosas, e que para implantar a doutrina da qual defendia os homens se tornaram intolerantes, e não cumpridores dos preceitos básicos descritos inclusive nos 10 mandamentos - não matarás - como aconteceu no caso descrito na citada obra, ou seja, justifica - se a morte daquele que não segue determinada doutrina religiosa.

Fazendo uma releitura desta obra para o momento atual, podemos constatar traços de intolerância principalmente em ideologias políticas distintas, direitos conquistados e com um aumento de um fanatismo violento, em local onde o controle ainda não é eficaz: internet e mídia social.

Com a evolução da tecnologia, implantação da internet e das mídias sociais, os argumentos contrapostos que fazem parte do convívio humano e nas relações sociais, tornou -se mais próximo, corajoso e despojado, onde as pessoas o fazem através de seus perfis ou criam perfis falsos para expor aquilo que pensam.

Existe uma distância enorme entre o argumento contraposto daquela manifestação fanática que beira a intolerância, porque o fato de alguém não concordar com determinado fato, ideologia e direito conquistado, expondo suas ideias está dentro do contexto normal de como viver em sociedade. O respeito as ideias diferentes são comuns, normal e deve ser até incentivado porque aprendemos com aquilo que talvez não concordamos, ou seja, a manifestação contrária está dentro do padrão ético moral.

Por outro lado, o fanatismo exagerado beira a intolerância, pois o fanático não admite ser contestado em seus ideais, desrespeita o argumento contraposto, e não mede esforços para sempre estar certo. Tal fanatismo não é saudável ao convívio social, e deixa as pessoas intolerantes frente aos problemas que devem ser enfrentados, onde através da internet, mídia social e convívio entre as pessoas utilizam - se dá rispidez, agressividade com palavras e comportamento, violam a honra e a intimidade da pessoa humana, chegando até as últimas consequências satisfazer sua conduta fanática.

Não vou adentrar no mérito da ideologia da política, dos direitos conquistados, do conhecimento e das relações humanas, pois não é o local apropriado, e neste texto seria impossível contextualizar tais matérias, mas algo pode ser dito em relação a intolerância: quem no cotidiano não fez parte do fanatismo exagerado e do argumento contraposto? 

Cristiano Salmeirão

Cristiano Salmeirão

Graduado como em Direito pela Faculdades Integradas Toledo. Pós-graduado em Direito Processual. Mestre em Direito pela UNIVEM. Doutorando em Direito pela ITE de Bauru-SP. Advogado e Professor.

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