Cultura da desmaterialização-retrocesso ou democratização
Os questionamentos sobre o retrocesso ou avanço cultural desmaterializado demonstra, em muitos casos o triunfo do espírito intelectual sobre a matéria.
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Atualizado às 14:33
Com o aprimoramento eficiente das plataformas digitais, iniciam-se questionamentos a respeito da desmaterialização cultural, ou seja, a aptidão de se obter músicas, filmes, livros por meio de plataformas digitalizadas. Nesse contexto de expansão virtual, cada vez mais, há menor necessidade de obtenção de propriedade sobre bens materiais e há maior consumo de serviços. Entretanto, quando se utiliza o Spotify, Netflix ou kindle, percebe-se que a democratização e massificação benéfica pode triunfar sobre a necessidade de materialização de uma geração cujo consumismo era transformado em forma de felicidade.
Segundo o filósofo Tientzuo, vive-se na atualidade a economia das assinaturas, na qual as empresas que sobreviveram se adaptaram à economia digital vendendo serviços como forma de acesso. Um exemplo disso é o aplicativo Netflix que permite a visualização de incontáveis filmes sem precisar locar filmes nas antigas blockbusters. Por conseguinte, foi permitido a toda uma geração a obtenção de músicas, filmes, livros, alimentação e até localização sem sair de casa e de forma rápida e desmaterializada. Ademais pode-se perceber que os benefícios destes aplicativos não param por aí e permitem que todas as classes sociais possam adquirir e-books (livros virtuais) a preços acessíveis, com apenas 1 click, bastando apenas o cadastramento virtual.
Todavia, muitos doutrinadores questionam o vanguardismo desses aplicativos e colocam em xeque se a democratização de plataforma se sobrepõe às vantagens da materialização de artefatos culturais. Explicando melhor, a grande pergunta a ser respondida é qual a perda do senso crítico ou do aprendizado em relação à leitura virtual sobre a material de muitos alunos. Ademais, o grande problema apontado por João Pereira Coutinho é que metade das empresas famosas da lista da Fortune em 2018 já não existem em 2021-fato que pode ser exemplificado pela falência da Tower Records, Blockbusters e muitas livrarias por todo o mundo. Desse modo, todos estes fatos demonstram que a geração atual prefere acessar plataformas com vídeos, e livros on-line do que adquirir um exemplar na loja presencial.
Diante do exposto, os questionamentos sobre o retrocesso ou avanço cultural desmaterializado demonstra, em muitos casos o triunfo do espírito intelectual sobre a matéria. Outrossim, o fato dos consumidores serem assinantes de serviços pode permitir um maior acesso massificado a preço acessível, democratizando e expandindo a culturalização isonômica de toda a sociedade. Nessa diapasão, pode-se perceber que as empresas que souberam se adaptar à economia digital puderam coexistir com a nova forma de vender serviços acessíveis ao invés de objetos e utilitários.
Finalmente, houve a obsolescência material de cds, dvds, secretárias eletrônicas, fax, entre outros meios materiais empregados no passado em detrimento da celeridade, economicidade e felicidade de acesso das plataformas. A grande questão agora é se o ciclo da propriedade material utilizado outrora poderá ser novamente valorizado pela próxima geração.