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As novas atribuições da Love Economy

Empreendedores e consumidores, principalmente em meios digitais, já são parte da Love Economy, na qual há um pensar consciente quanto ao que vender, ao que consumir e, principalmente, com relação aos recursos naturais que serão empregados no processo produtivo.

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Atualizado às 08:21

 (Imagem: Divulgação)

(Imagem: Divulgação)

Talvez as palavras Love (amor, em inglês) e Economy (economia, em inglês) não sejam vistas juntas com frequência. Justamente com a ideia de agrupar conceitos que se parecem opostos, mas em realidade não são, surge a Love Economy.

O movimento pauta-se na construção de negócios que não têm como única finalidade o lucro, como era de se esperar, mas a distribuição de recursos, a inclusão e a criação de impactos positivos por meio de atividades comerciais.

Empreendedores e consumidores, principalmente em meios digitais, já são parte da Love Economy, na qual há um pensar consciente quanto ao que vender, ao que consumir e, principalmente, com relação aos recursos naturais que serão empregados no processo produtivo.

Ao pensar na cadeia de consumo, espera-se que o comprador seja cuidadoso com o que adquire, opte por produtos sustentáveis, esteja atento às ações das empresas que consome e procure divulgar marcas que estejam alinhadas com seus valores.

Do ponto de vista de líderes empresariais e empreendedores, espera-se que usem de seus recursos, autoridade e habilidades para enfrentarem os desafios que acometem suas respectivas comunidades e promovam uma economia menos gananciosa e mais solidária.

A Love Economy impacta ainda a estrutura interna das empresas ao buscar uma cultura organizacional mais humana, ética, inclusiva, sustentável e que valorize as relações entre pessoas. Já há inclusive uma nova profissão dedicada ao assunto, o Love Economy Specialist, que tem como atribuições promover o bem-estar entre os colaboradores, criar conexões e um espaço seguro e de acolhida no ambiente profissional.

No setor bancário, o movimento cresce para recuperar a confiança e construir uma economia baseada na integridade e na honestidade. Alguns bancos já perceberam que promover a inclusão financeira, o impacto na comunidade e o investimento ético por meio de seus modelos de negócio pode ser interessante.

Assiste-se ainda, em movimento alinhado, à consolidação da temática ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa, do inglês, Environmental, Social and Governance), principalmente no mercado financeiro. A adoção do ESG representa uma verdadeira mudança de paradigma nas relações entre as empresas e seus investidores, já que práticas tradicionalmente associadas à sustentabilidade passaram a ser consideradas como parte da estratégia financeira das empresas.

Os investidores consideram a viabilidade de seus aportes por meio de classificações independentes que ajudam a avaliar o comportamento e as políticas das empresas nesses três pontos principais. De acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os fundos ESG apresentam uma performance superior, quando comparados a outras categorias de ativos financeiros, além de terem apresentado um desempenho positivo durante o cenário de crise causado pela pandemia.

No contexto de práticas corporativas alinhadas ao ESG, no eixo ambiental, o modelo de economia linear (extrair-produzir-descartar), baseado na extração contínua dos recursos naturais e no descarte dos produtos após seu consumo, vem sendo repensado para permitir a exploração de práticas em um processo cíclico. A economia circular repousa no reaproveitamento de matérias para produção e segue a ordem de utilizar, reutilizar, refazer e reciclar. Além de oportunidades de novos negócios, dos benefícios ambientais, o modelo em ciclo garante fluxos contínuos otimizados de materiais.

No eixo social, a economia solidária vale um destaque. Aplicada por iniciativas que trabalham no modelo de autogestão, é uma alternativa em comunidades que buscam uma fonte de renda que seja compartilhada pela coletividade e promovam a construção de valores sociais. O lucro é uma parte não exclusiva do objetivo desse modelo econômico.

Cabe refletir, do ponto de vista da sociedade, que a geração que passa agora a ingressar no mercado de trabalho e, consequentemente, a aumentar seu poder de compra, conhecida como Geração Z (nascidos na metade dos anos 1990 até o ano 2010), é composta por indivíduos movidos por um sentimento de propósito, inconformismo e que buscam mudanças significativas na realidade atual.

Empresas que conseguirem refletir os valores, como os propostos pela Love Economy e pelas iniciativas ESG, terão a possibilidade de reter talentos da geração mais nova para seu corpo de colaboradores, conquistar clientes fiéis a sua marca e ainda aumentarem seu valor de mercado, dado o alinhamento com os anseios dos mais jovens.

A consolidação de uma nova cultura corporativa pode ainda parecer bastante idílica e talvez um tanto distante, mas para as empresas que querem se manter relevantes no longo prazo são necessárias mudanças no modelo de negócio desde já. Ao que tudo indica, o amor pode ser um bom negócio!

Lorena Carneiro

Lorena Carneiro

Advogada especializada em operações de tecnologia, direito digital e proteção de dados e sócia da Lee, Brock, Camargo Advogados (LBCA).

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