Alienação parental agravada na pandemia
A alienação parental durante a pandemia reflete em um aumento significativo de demandas judiciais e extrajudiciais, tendo em vista o cenário imposto às famílias no sentido de manterem-se inerte em seu domicílio.
quarta-feira, 30 de junho de 2021
Atualizado às 17:16
Existe o consenso no Direito de Família que a alienação parental é um dos comportamentos mais desastrosos para a sociedade pelas implicações psicológicas da interação entre os pais, mas, principalmente, pelos efeitos de fragmentação na personalidade dos filhos.
A conjuntura histórica que hoje se caracteriza pela pandemia provocada pela covid-19 como se constata significou uma brutal alteração na rotina da instituição familiar em que se observa, particularmente: a suspensão das aulas presenciais e o distanciamento social, trabalho em "home office", desemprego, ausência dos divertimentos públicos e atividades coletivas, tudo exigindo uma convivência, praticamente, diuturna das famílias no ambiente doméstico. Podemos configurar que o mundo se restringiu ao lar.
O escopo deste trabalho é o resultado de nossa experiência na pratica das questões relacionadas ao Direito de Família, resultado desta perturbadora e traumatizante modificação dos hábitos de convivência.
Perante o risco fantasmático da doença sem tratamento, sucumbência do sistema hospitalar, o "stress" contamina as sutis, delicadas tramas que compõe o universo afetivo das famílias.
Crianças e jovens submetidos à sistemática do "ensino à distância", precisam se adaptar à falta de movimentação física, esporte, folguedos, amizades presenciais que caracterizam essas faixas etárias.
A preocupação eventual com parentes, principalmente, mais idosos, os avós levantam também a problemática da "ausência-presença", com o zelo claustrofóbico ameaçando laços consolidados de amor e modelo de conduta. Os avós se distanciam com o desgaste sobre filhos e netos.
O mesmo processo ocorre com a parentela e amigos, frequentemente, elementos da constelação que sustenta casais em períodos de divergências.
Fica registrado o fenômeno propicio às intrigas, hipersensibilidade, jogos de rivalidades e ciúmes, disputas de poder, o drama do ócio, as projeções de sentimentos recalcados e temos um campo extraordinário para a fertilização da alienação parental.
A provocação da alienação parental nestas circunstâncias objetiva o chamado "bode expiatório" que a psicanalise aponte como causa e efeito de "bullyng", abrindo portas para autenticas guerras intestinas, com a divisões familiares, que se realimentam da própria nervosidade que o Brasil vive com acirradas disputas de toda natureza, religiosas, politicas, de gênero.
Diagnosticar e aliviar esta turbulência passou a ser instrumento importante para o advogado que trabalha na área bem como as próprias instancias jurídicas que acabam envolvidas, transbordando até para os policiais, como frequentemente é noticiado pela mídia, até culminando em situações trágicas de feminicidio, agressões e morte de crianças e idosos na face mais triste desta narrativa que a condição de saúde social que a mente enfrenta.