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Criação de produtos e serviços na advocacia

Por muito tempo, a prática da advocacia esteve muito vinculada ao Poder Judiciário. Assim, a visão do advogado se limitava a prestar serviços que tinham relação com processos judiciais e administrativos.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Atualizado às 12:53

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Parece estranho falar de criação de produtos e serviços para escritórios de advocacia. No entanto, esta é uma prática muito comum em outras atividades econômicas e que deve ser adotada pelo segmento jurídico.

A advocacia é uma prestação de serviço como outra qualquer e que, precisa se atentar às necessidades do seu cliente, para que possa pensar como criar soluções que atendam às necessidades da sociedade, já que é um meio para se entregar benefícios e causar transformações nas vidas de pessoas e empresas.

Por muito tempo, a prática da advocacia esteve muito vinculada ao Poder Judiciário. Assim, a visão do advogado se limitava a prestar serviços que tinham relação com processos judiciais e administrativos. Porém, com a evolução da sociedade, é necessário que o advogado esteja atento para outras formas de atuar.

Além disto, o profissional do Direito deve buscar trazer para suas mãos a gestão das variáveis que envolvem a prestação dos serviços jurídicos e os resultados que deseja obter para seus clientes e, principalmente, para seu escritório.

Já estamos cansados de debater o quanto o Judiciário é moroso e burocrático, fazendo com que processos judiciais demorem anos, às vezes décadas. Então, o que o advogado pode fazer? Ele deve tomar as rédeas da forma como presta serviços jurídicos.

O advogado deve aliar os anos de estudos, a experiência no dia a dia com as necessidades das pessoas e empresas. Para isso, é necessário sair detrás da mesa dos escritórios luxuosos e ir até o cliente e ouvi-lo. Você leu bem, ouvir o cliente.

Por exemplo, se o advogado vai até um empresário, faz perguntas abertas e que vão além de respostas como sim e não, escuta de forma ativa, ou seja, sem a necessidade de ter uma resposta pronta a cada final de frase, deseja profundamente identificar quais são as principais dores e necessidades daquele empresário, ao final, após algumas reflexões, poderá fazer um cruzamento entre o direito e as dores do empresário e encontrar soluções que vão além de uma intervenção judicial.

Assim a prática de criar serviços na advocacia passa primeiramente pela escolha do público-alvo, ou seja, quero falar com empresário ou pessoa física? Qual a sua idade? E sua faixa etária? Qual seu estado civil? Possui filhos? Em quais canais de comunicação consome conteúdo? Em que acredita, quais são seus valores? Quais são seus objetivos? Entre outras características e informações que visam identificar quem o advogado irá convidar para uma conversa.

É essencial praticar a empatia, ou seja, trazer a voz do cliente, fazendo um mergulho profundo em sua realidade e buscando compreender seus maiores desejos, expectativas, necessidades e desafios, sem julgamento, apenas com escuta ativa. O advogado deve mudar o ângulo pelo qual olha a relação advogado x cliente, buscando compreender qual é a experiência do cliente quando lida com questões jurídicas.

A advocacia existe para resolver os problemas de alguém. Por isso o advogado deve pensar como ajudar as pessoas, atender às suas necessidades, por meio do conhecimento das leis e do ordenamento jurídico.

Após essa profunda investigação, o advogado deve cruzar as informações obtidas junto ao cliente com o seu conhecimento e experiência jurídica, ocasião em que surgirá vários insights de como solucionar os problemas e dores a ele apresentados.

É necessário que ocorra uma profunda mudança na forma de pensar do advogado, trazendo o cliente para o centro das suas reflexões decisões, para que as pessoas também mudem a forma como veem o profissional. É comum ouvir que advogados só veem problema, bem como só falam: "não pode, a lei não permite".

Ora, se é para falar que a lei não permite, não é necessário um advogado, apenas uma pessoa que sabe ler e interpretar textos. O advogado que de fato contribui, usa toda a sua experiência para encontrar soluções para seus clientes, bem como está aberto a construir caminhos que talvez o legislador não tenha previsto.

O mote do advogado deve ser a transformação que deseja causar na vida das pessoas e como o seu conhecimento pode apoiar na resolução dos problemas da sociedade. O advogado é um profissional que pode trazer luz para a vida das pessoas, através do seu conhecimento e experiência ou pode ser mais uma agente da escuridão. Isso é uma escolha!

Elis Christina Pinto

Elis Christina Pinto

Advogada e Gestora Andrade Silva Advogados - Unidade Brasília.

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