O poder dos dados na advocacia: Ação e reação jurídica
A estratégia não vem apenas de saber a lei, vem de interpretar outra espécie de código, um mundo que parece desbravado e misterioso, que se faz de entrelinhas e conexões. Dados.
quinta-feira, 29 de abril de 2021
Atualizado às 12:33
O Direito se adequa à sociedade. Faz contornos na positividade da lei e na tradição jurisprudencial. Transforma-se conforme também o contexto, embora nem sempre na mesma velocidade.
Durante muitos anos, achamos que a colação de grau e o diploma da OAB bastavam. Talvez, quem sabe, também aquele quê de estratégia. Afinal, é preciso saber argumentar bem, encontrar as lacunas da parte adversária ou ver a potência de um acordo. Séries de advogados, como Scandal e How to get away with murder, fizeram, assim, seu sucesso. Exibiam aquele ar de "tudo é possível quando você contorna o impossível".
A verdade, contudo, é que é preciso mais. E cada vez mais é preciso. A estratégia não vem apenas de saber a lei, vem de interpretar outra espécie de código, um mundo que parece desbravado e misterioso, que se faz de entrelinhas e conexões. Dados.
Dados na advocacia são poder de ação. Se são o novo petróleo? Há divergências. Mas não podemos negar o valor que eles comportam na atualidade.
Dados, inteligência artificial e uma dose de criatividade
Na série Billions. disponível na Netflix, a personagem Taylor assume o cargo de CIO, Chief Information Officer, em uma grande empresa de investimentos. E cogita adotar uma ferramenta com inteligência artificial para facilitar as decisões. Mas por mais que busque pela melhor ferramenta, não encontra nada que supere o poder da criatividade humana.
Esta, talvez, seja uma das grandes lições sobre isto: a tecnologia não substitui a capacidade de interpretação humana. Contudo, como Taylor conclui, ela pode, sim, auxiliar na dinâmica.
É claro, a inteligência artificial cada vez mais se desenvolve ao ponto de tomar decisões por nós. E Yuval Noah Harari, por exemplo, debate até mesmo os riscos disso. Afinal, os dados espelham, mas a tecnologia ainda não é autônoma ao ponto de agir independentemente das ações humanas. Age com elas e para elas.
Seres humanos inovam, mas não veem o todo. Pecam nos detalhes. E talvez justamente por isso tenham a liberdade para brilhar.
Agora, se a tecnologia fará mais bem do que mal?
Depende de como procederemos nesta ação.
Como trabalhar com dados na advocacia
A chave para o sucesso, então, pode estar justamente nesse alinhamento: a segurança dos dados pela tecnologia, o poder criativo da mente humana.
Para atuar com dados na advocacia, antes, eu faço uma pergunta: o que você deseja?
Quando falo trabalhar com dados, não me refiro a usar os dados sem pensar, como muitos de nós já fazemos desde sempre. Não, é um agir estratégico sobre eles. É pensar: se os comportamentos caminham para determinado lado, é para lá que eu vou ou justamente o contrário.
E dados não precisam estar longe. Dados estão dentro de cada um de nós e de cada negócio. Analise seus resultados, suas próprias tendências. Veja as decisões mais impactantes. Jurimetria não é só para quem pode pagar por ferramentas tecnológicas. É um pensar que considera ação e reação dentro do contexto.
Do mesmo modo, a inteligência artificial está cada vez mais acessível. Em um software jurídico, por exemplo, ela auxilia no controle de tarefas, ajuda na segurança com prazos, na organização e muito.
Transforme, enfim, informações em dados e dados em informações para ver o mundo por essa lógica que o domina.
E há quem diga: vamos lutar contra isso? Mas o quanto isto não é lutar contra nós mesmos?
Talvez sempre tenhamos sido dados, e só agora percebemos.
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Athena Bastos
Mestra em Direito e analista de conteúdo do SAJ ADV - Software Jurídico.