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Queremos o mando de campo

Não fomos criadas para praça, quiçá para termos o mando do campo. Mas, porque reclamamos, quanto 'mimimi', já podemos jogar... Bem, agora, queremos cantar, nossa canção iluminada de Sol!

quarta-feira, 31 de março de 2021

Atualizado às 14:39

Historicamente, a nós mulheres não é dado voz e vez no comando do jogo. Atualmente, até podemos até participar, mas a bola é deles e as regras foram feitas por e para eles. E se agimos neste modelo somos mandonas, histéricas, descontroladas.

Somos minoria no executivo, no legislativo, no judiciário, no sistema OAB. A despeito de sermos quase metade da população, nos espaços de poder, essa paridade de gênero não se reflete.

Assim, seguimos alijadas e invisibilizadas, nossas necessidades e peculiaridades seguimos na insanidade do machismo institucional. Por quê?

Porque fomos criadas para o cuidar, para o jardim e para maternar. Não fomos criadas para praça, quiçá para termos o mando do campo. Mas, porque reclamamos, quanto 'mimimi', já podemos jogar... Bem, agora, queremos cantar, nossa canção iluminada de Sol!

Na verdade, para aquelas (ainda poucas) que desbravam a ocupação dos espaços de poder, o caminho é espinhoso. Mas, uma rosa floresce no despertar para a relevância e premência da participação feminina. Porque só quando as nossas vivências forem consideradas para a criação das regras do jogo é que a brincadeira ficará mais justa.

O machismo nos permeia com tanta sutileza e de forma tão visceral que muitas vezes nem notamos. Sequer percebemos falas absurdas proferidas contra nosso único pecado de sermos mulheres: vaca, gorda, descontrolada histérica.

Representatividade importa, precisamos mulheres liderando com sensibilidade, com integridade, com transparência e sem subterfúgios, sem discursos de fachada. Líderes cheias de atitude, de amabilidade, de firmeza, doçura e generosidade.

Pluralidade de realidades (gênero, raça e sexualidade) é alicerce para uma ambiência verdadeiramente democrática, para uma sociedade com pessoas capazes de enxergar o outro. É pontapé para desconstrução de um padrão de jogo estritamente masculino e sem diversidade.

Representatividade e diversidade é fomento da alteridade; é estimular que meninas possam sonhar.

A cada mulher hoje em espaço de poder, siga firme! Pois as pessoas na sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer... Persista, não é mais só por você, é por mim, é por nós! É a esperança por um dia em que poderemos ser corteses e generosas, plurais e diversas, meninas e mulheres em um mundo, onde todas essas características não sejam tão difíceis. Sejamos folhas de sonho no jardim do solar, as folhas sabem procurar pelo Sol.

Isabela Lessa Ribeiro

VIP Isabela Lessa Ribeiro

Advogada, coordenadora do Curso de Direito da Faculdade Nova Roma e vice-presidente da ESA OAB/PE.

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