Nova postura empresarial frente ao mercado da moda
Com o desenvolvimento do mercado internacional, especificamente o da moda, isso aqueceu o crescimento da "moda estilo Brasil", oportunizando-se, por conseguinte, novos modelos de negócios.
quarta-feira, 24 de março de 2021
Atualizado às 12:30
A indústria da moda traz consigo grandes resultados socioeconômicos para todo o mundo. É de clara importância a vultosa movimentação de valores arrecadados pelos diversos seguimentos da moda, como os setores têxtil, de calçados, acessórios, cosméticos, dentre outros; além de gerar milhões de empregos por todo o mundo.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT) disponibilizou em seu canal de comunicação dados gerais referentes ao ano de 2020; as informações disponibilizadas foram no sentido de que o setor têxtil é o 2º maior empregador do País, "perdendo" apenas para a indústria de alimentos e de bebidas (juntas).
Com o desenvolvimento do mercado internacional, especificamente o da moda, isso aqueceu o crescimento da "moda estilo Brasil", oportunizando-se, por conseguinte, novos modelos de negócios.
Isso porque durante toda sua trajetória, o Brasil apresentou sua cadeia têxtil completa, ou seja, o Brasil é um grande produtor de fibras naturais, fibras químicas e desenvolve confecções de vestuário, observando todos os processos necessários, inclusive a entrega do produto ao consumidor final.
Conforme dados extraídos ABIT o Brasil é responsável por 2,4% (dois vírgula quatro por cento) da produção mundial têxtil e por 2,6% (dois vírgula seis por cento) da produção mundial de vestuário. Os dados gerais dispõem que o faturamento da cadeia têxtil e de confecção referente ao ano de 2019 foi de R$ 185,7 bilhões, produzindo-se em média 9,04 bilhões de peças:
Perfil do Setor (Dados Gerais do setor referente a 2019 - atualizados em dezembro de 2020) |
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Faturamento da Cadeia Têxtil e de Confecção |
R$ 185,7 bilhões; contra R$ 177 bilhões em 2018; |
Exportações (sem fibra de algodão) |
US$ 3,6 bilhões, contra US$ 2,6 bilhões em 2018; |
Importações (sem fibra de algodão) |
US$ 5,3 bilhões, contra US$ 5,7 bilhões em 2018; |
Saldo da balança comercial (sem fibra de algodão) |
US$ 1,7 bilhão negativos, contra US$ 2,8 bilhões negativos em 2018; |
Investimentos no setor |
R$ 3,6 bilhões contra R$ 3,2 bilhões em 2018; |
Produção média de confecção: |
9,04 bilhões de peças (vestuário + meias e acessórios + cama, mesa e banho) contra 8,9 bilhões de peças em 2018; |
Produção média têxtil: |
2,04 milhões de toneladas, contra 2,03 milhões de toneladas em 2018; |
Trabalhadores: |
1,5 milhão de empregados diretos e 8 milhões se adicionarmos os indiretos e efeito renda, dos quais 75% são de mão de obra feminina; |
2º maior empregador da indústria de transformação: |
Perde apenas para alimentos e bebidas(juntos); |
2º maior gerador de emprego |
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Número de empresas: |
25,5 mil em todo o País (formais) |
Demais dados relevantes sobre o Mercado da Moda no Brasil |
Quarto maior produtor e consumidor de denim do mundo |
Quarto maior produtor de malhas do mundo |
Representa 16,7% dos empregos e 5,7% do faturamento da Indústria de Transformação |
A moda brasileira está entre as cinco maiores Semanas de Moda do mundo; |
Temos mais de 100 escolas e faculdades de moda |
Com a descoberta do pré-sal, o Brasil deixará de ser importador para se tornar potencial exportador para a Cadeia Sintética do Mundo; |
O Brasil é a maior Cadeia Têxtil completa do Ocidente. Só o País ainda tem desde a produção das fibras, como plantação de algodão, até os desfiles de moda, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e forte varejo; |
Indústria que tem quase 200 anos no País; |
Brasil é referência mundial em design de moda praia, jeanswear e homewear, tendo crescido também os segmentos de fitness e lingerie. |
A despeito disso, é mais que urgente que os Empresários do ramo se reinventem e se readaptem diante das novas necessidades do setor, sobretudo em razão da Pandemia que assolou o mercado em 2020.
Foi nesse contexto que no referido ano, e-commerces e plataformas digitais viram suas vendas dobrarem no mercado de bens pessoais - de roupas, joias, produtos de beleza, entre outros. Com projeção de muito mais crescimento para o futuro, a perspectiva é de que se transformem no principal canal de distribuição desses produtos. Assim, dizem os especialistas: o mais comum é também considerar as redes sociais como parte importante de estratégias online das marcas. Pelo menos até agora.
Na contramão dessa assertiva e como pura "jogada de marketing" a Bottega Veneta (uma das marcas mais bem-sucedidas de hoje), das mídias sociais, provocou o maior frisson na moda. Pertencente ao conglomerado de luxo francês Kering, a grife italiana fechou suas contas no Instagram, Facebook e Twitter no dia 5/1/21 e realizou desfile (presencial) para convidados. Segundo o seu diretor criativo Daniel Lee, isso pode ser uma tendência --- o objetivo do diretor criativo da Bottega Veneta é estimular as vendas da próxima coleção 2021 (ainda não disponível).
Fato é: a expressão criativa indicará o futuro; a nova percepção nos negócios é de que as mídias sociais seriam uma miscelânea de mensagens divergentes que não combinam com o luxo. "It is mass, not class" ou em livre tradução "é massa, não classe".
Com tantos pontos divergentes, é necessária atenção minuciosa do empresário, sendo necessária uma nova postura frente a esse dinamismo que circunda o mercado da moda.
Luana Otoni de Paula André
Advogada e sócia de Homero Costa Advogados.
Caroline Kellen Silveira
Colaboradora no escritório Homero Costa Advogados.