Construção do conceito ESG começa pela edificação de quatro colunas de conhecimento
As questões relacionadas às práticas ESG já pautam as agendas dos investidores e se refletem diretamente na reputação das empresas, que precisam encontrar soluções customizadas para o seu grau de necessidade.
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Atualizado às 12:16
Assim como não é sábio começar a construir um edifício a partir do teto, a busca por padrões elevados de funcionamento em qualquer área sem a devida atenção a situações prévias e básicas costuma ter resultados decepcionantes. Devido às pressões dos mercados por práticas mais ligadas aos esforços de responsabilidade socioambiental, começa a ocorrer uma corrida no mundo corporativo para se adequar ao chamado padrão ESG, do termo inglês Environment, Social and Governance. Mas para que todos os esforços neste sentido não sejam derrubados pela primeira tempestade, como uma casa construída sobre a areia, as empresas precisam começar esta jornada a partir do princípio básico de saber exatamente com quem andam.
As questões relacionadas às práticas ESG já pautam as agendas dos investidores e se refletem diretamente na reputação das empresas, que precisam encontrar soluções customizadas para o seu grau de necessidade. Trata-se de um compromisso com a sociedade demonstrado através de questões de governança como transparência e responsabilidade; estrutura de classes de ações e prevenção a corrupção.
Mas de que adianta a empresa percorrer todo o percurso para estar em conformidade com os mais elevados padrões ESG se lá na frente, um funcionário, um parceiro, um fornecedor ou qualquer ente envolvido com a operação tomar uma atitude que leve a marca a ser percebida justamente pelo contrário de tudo aquilo que o ESG pretende representar?
Recentemente uma importante rede de hipermercados experimentou esta decepção ao ver seu nome estampado nos jornais por práticas de racismo quando funcionários de uma empresa de segurança terceirizada espancaram um cliente negro até a morte.
Para evitar este tipo de surpresa negativa, as empresas que pretendem ostentar elevados níveis de representatividade no conceito ESG precisam reforçar seus processos primeiramente nestas quatro colunas:
- Know Your Customer (KYC) "conheça seu cliente". Ter informações financeiras, jurídicas e outras, para gerar transparência nas relações com clientes e os prospects.
- Know Your Employee (KYE) "conheça seu funcionário". Adoção de fortes políticas de admissão e contratação de funcionários.
- Know Your Partners (KYP) "conheça seu parceiro". Esses processos vêm ganhando adesão como maneira de evitar fraudes, uma vez que a maioria dos registros em empresas tem participação ativa de funcionários, parceiros e fornecedores ou pelo menos algum grau de facilitação por essas partes.
- Know Your Supplier (KYS) "conheça seu fornecedor" processo que assegura a relação com todas as empresas e entidades com as quais a organização se relaciona, organizando toda a sua cadeia de suprimentos.
Verificações deste tipo envolvem a busca por dados referentes às questões comerciais, reputacionais, criminais e cíveis (judiciais), tributárias, entre outras. Felizmente a tecnologia já permite que esses cuidados sejam tomados com a rapidez suficiente para não impactar o ritmo dos negócios.
As melhores plataformas que prestam este tipo de serviço conseguem pesquisar, a partir do CPF ou CNPJ, mais de 2.000 fontes para conferir a idoneidade das pessoas e empresas em questão de minutos. As informações são procuradas junto a processos em todos os tribunais brasileiros, Ministérios Públicos do Trabalho, COAF, OFAC, FATCA, OIT, assim como em cadastros negativos de crédito como Serasa e SPC para detectar a existência de cheques sem fundos e protestos, por exemplo.
Como diz o ditado popular, é melhor prevenir do que remediar. Ou, para ficar nos exemplos recentes, não adianta demitir o funcionário ou romper o contrato com a empresa terceirizada quando a casa já caiu. O melhor é fortalecer as colunas.
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*Alexandre Pegoraro é CEO da Kronoos.