Os impactos da covid-19 sobre o mercado de trabalho e as perspectivas pós-pandemia
Neste momento em que a sociedade é afetada por uma pandemia, o cenário é de grandes incertezas com relação a recuperação do mercado de trabalho, sobretudo porque o agente viral que impulsiona a crise ainda é desconhecido.
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Atualizado às 15:36
1. Introdução
Desde que se tornou possível enxergar o trabalho na concepção moderna da atividade, isto é, como uma prestação de serviços organizada, subordinada ou não, através do qual uma pessoa promove o alcance de um salário, também foi possível identificar diversos processos de mudanças na forma como as pessoas se relacionam com suas empresas e como estas se organizam e se relacionam com seus funcionários e o público externo.
Tais mudanças são estimuladas por crises econômicas, surgimento de novos modelos organizações, desenvolvimento de novos hábitos sociais, greves etc.
Ora, um dia foi pertinente a busca pelos trabalhadores do chamado "emprego para a vida toda", cabe ressaltar que até a promulgação da Constituição de 1988, ainda vigia no Brasil a estabilidade decenal - aquela atingida após dez anos de trabalho em uma mesma empresa, consoante previsão o artigo 492 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) -, substituída posteriormente pelo FGTS. Atualmente, de forma inteiramente contrária à perspectiva de estabilidade, cada vez mais se fala na construção de uma carreira a partir do enfrentamento de novas experiências em outras organizações ou até mesmo na prática de atividades multidisciplinares, de forma que possibilite ao trabalhador o desenvolvimento de um senso de inovação ou simplesmente encarar novos desafios.
Por outro lado, no final do século passado, discutia-se os desafios que a sociedade enfrentaria no período de transição para a era digital, quando os analistas indicaram que haveria uma crescente inserção de processos digitais nas atividades, em razão da utilização de computadores - e robôs - nos mais diversos segmentos e, assim, surgiu um novo receio de queda na demanda de trabalho humano. Em resposta, no início da década, a procura por cursos técnicos de informática transformaram em tônicas as habilidades procuradas pelo mercado, em contrapartida, atualmente, o manuseio e o conhecimento digital são ferramentas que uma criança desenvolve de forma precoce através da utilização doméstica de computadores, tablets, notebooks e smartphones.
Portanto, para iniciar a leitura deste artigo, o leitor deve ter em mente que o mundo do trabalho - e a própria economia - enfrenta constantes mudanças, as quais se refletem na forma como as empresas desenvolvem as suas atividades e escolhem seu corpo de funcionários.
Neste momento em que a sociedade é afetada por uma pandemia, o cenário é de grandes incertezas com relação a recuperação do mercado de trabalho, sobretudo porque o agente viral que impulsiona a crise ainda é desconhecido. No entanto, fazendo uso de nossa capacidade de transformação, medidas como o trabalho em regime de home office, a solidariedade, webinars (conferência online) e etc., são hábitos que compõem o chamado "novo normal" e que, a curto prazo, trouxe soluções para os impactos experimentados pela pandemia e influenciará o comportamento do mercado nos próximos anos.
Logo, um novo processo de mudança se iniciou.
2. O mercado de trabalho no cenário pré-pandemia
Antes mesmo da decretação do estado de calamidade pública, por meio do decreto 6/20, o desemprego no país já vinha registrando números crescentes em razão das sucessivas crises econômicas, cujo marco inicial é possível rememorar o ano de 2008.
No Brasil, esta crise foi alavancada no ano de 2014, consoante levantamento realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), segundo o qual "o período 2014-2019 foi o de menor crescimento desde a década de 1950 (0,4%)"1.
Comparando os números do ano de 2018, segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a balança de emprego no país contabilizou o número de 10 milhões de pessoas desempregadas, ao passo que no primeiro trimestre do ano de 2020 este número aumentou em mais de 30%, registrando 13 milhões de desempregados.
Os efeitos macroeconômicos gerados pela quarentena desafiam os agentes econômicos, pois a crise, neste momento, é intensificada pela interrupção de parte da atividade econômica do país, conforme analisaremos a seguir. Portanto, não se trata de apenas uma queda no lastro de moeda, diminuição de investimentos ou de insegurança do mercado, mas de um agente viral que impede justamente o desenvolvimento da oferta de bens e serviços.
As previsões inicialmente divulgadas no mês de março, segundo a OIT, apresentaram estimativas de que a crise seria capaz de criar um exército de reserva de pouco mais de 25 milhões de empregados em todo o mundo, superando a própria crise de 20082, já mencionada.
Para compensar estes agravos, os auxílios de renda criados pelo Governo Federal desde o mês de abril, têm sido, em muitos casos, os únicos acessos monetários aptos à garantirem o cumprimento do mínimo existencial das famílias, sobretudo, dos trabalhadores informais - que representam no país mais 5,8 milhões de pessoas ocupadas -, isto é, empregados do setor privado sem carteira assinada; empregados domésticos sem carteira assinada; empregados sem registro no CNPJ; trabalhadores por conta própria sem registro no CNPJ; e trabalhadores familiares auxiliares. Conforme noticiado no dia 8/8/20 pelo Globo "a participação dos informais no mercado de trabalho caiu de 40,6% para 37,6% dos ocupados em um trimestre"3.
Ademais, nos três meses iniciais de pandemia, conforme dados disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), houve 2.727 mil admissões e 4.215 mil desligamentos4.
Para complementar as estimativas negativas, o Fundo Monetário Internacional (FMI), analisando as repercussões econômicas da covid-19, apresentou estudo indicando que no ano de 2020 a economia global apresentará uma queda de 3%, observando a série histórica, trata-se da maior recessão mundial desde 1929.
Como se vê, a pandemia intensificou um cenário recessivo que já vinha sendo registrado em todo o país e é este mercado de trabalho que os desempregados, alunos egressos do ensino superior e trabalhadores que desejarem uma recolocação profissional, enfrentarão em um cenário que já era concorrido. Este mercado de trabalho poderá se tornar ainda mais restrito para os trabalhadores que não investirem em suas habilidades e conhecimentos, de forma a compatibilizá-los com as necessidade do mercado de trabalho - detalharemos a pertinência da afirmação adiante.
3. Os desafios para os governos e as empresas
A compreensão dos efeitos da pandemia e das próprias transformações do mercado exigem o conhecimento das causas, consequências e das medidas criadas e adotadas pelo Estado para fomentar a livre iniciativa.
Como se sabe, a alta carga viral da covid-19 exigiu a adoção de medidas de restrição do convívio social para diminuir a propagação do vírus e, dentro do contingente de medidas impostas inicialmente pela lei 13.979/20, o Governo Federal determinou a restrição da continuidade de diversas atividades (econômicas ou não) não consideradas essenciais, afetando shoppings centers, indústrias, escritórios, escolas e até mesmo serviços públicos uti universi.
Para compensar a paralisação destas atividades, além do já mencionado auxílio emergencial, o Governo Federal criou uma série de medidas para que as empresas pudessem flexibilizar as obrigações patronais e, com isso, conseguissem abrandar os encargos impostos pelas folhas de pagamento, no intuito de manter dinheiro em caixa. Podemos citar: férias coletivas, suspensões de contrato, redução do tempo de jornada, teletrabalho, home office e etc. A intenção era interromper as atividades e, ao mesmo tempo, manter a economia aquecida.
A lógica é simples, se de um lado as empresas então sendo obrigadas a interromperem - em alguns casos - as suas operações, não pode a Administração Pública caminhar em sentido contrário, rompendo o conceito atual de Administração dialógica que não está atenta aos desafios e necessidades do mercado.
As políticas públicas emergenciais implantadas foram capazes de preservar o emprego de muitas pessoas e as projeções do Governo Federal indicam a possibilidade de, ao final da pandemia, tutelar mais de 8,5 milhões de empregos5.
Para as empresas, além da interrupção in loco de suas atividades, houve o desafio de se reinventarem em meio às restrições de ordem sanitária.
Neste sentido, modelos de trabalho que antes eram vistos com insegurança pelo mercado, como o home office, acabaram sendo a tônica e a única forma de continuar algumas atividades empresariais. Da noite para o dia, trabalhadores tiveram de abandonar o seu local habitual de trabalho para desenvolverem as suas atividades em um cantinho de sua residência.
Um caso particular, narrado a estes autores por uma colega, define a ênfase do desafio neste momento: no exercício de seu labor de telemarketing, a nota de avaliação da qualidade de seus atendimentos estava caindo, pois todas as vezes que se iniciava um atendimento, era possível ouvir ao fundo um choro incessante de um bebê, ou o barulho "silencioso" de um liquidificador.
Para as empresas que tiveram o desenvolvimento de suas atividades restringidas, notadamente o home office foi uma das alternativas mais satisfatórias. Escritórios de advocacia, por exemplo, tiveram toda a sua rotina adaptada, contudo, a adaptação do setor foi menos traumática, pois já havia uma crescente tendência de informatização dos processos judiciais e administrativos, bem como no relacionamento com o Poder Público.
A mesma premissa pode ser adotada com relação aos escritórios de contabilidade, financeiras e seguradoras.
A utilização de ferramentas de acesso remoto como "Team Viewer", "Any Desk", "Microsoft Remote Desktop", "Real VNC", ganharam funções umbilicais para a continuidade das atividades e sem mencionar a utilização dos aplicativos e programas de vídeo chamadas essenciais para desenvolver reuniões, atendimentos de clientes e, em alguns casos, happy hour, merecendo menção, os aplicativos como "Zoom", "Microsoft Teams" e "Skype".
4. O papel da tecnologia nas organizações
O profissional dos próximos anos terá de conviver cada vez mais com ferramentas digitais em sua atividade e, como mencionamos no início deste artigo, uma habilidade que um dia se mostrou um diferencial, atualmente, equivale a própria fluência no idioma nativo.
Isto porque o isolamento social provocado pela pandemia foi combatido através das vídeochamadas realizadas durante e após o expediente, nas reuniões semanais e, sobretudo, como vem sendo noticiado com bastante frequência, nas audiências judiciais virtuais. A compreensão de ferramentas deste modelo é essencial para acompanhar o movimento profissional.
A tecnologia, antes vista como uma ferramenta de trabalho, hoje pode ser vista e utilizada como ferramenta de desenvolvimento interpessoal e, até mesmo, de interação multicultural, pois empresas que possuem polos de atuação em outros países poderão estimular, com mais frequência, programas de intercâmbio entre seus funcionários, sem efetivamente custear o deslocamento internacional. Ressalta-se que esta possiblidade não é um convite a extinção aos programas de intercâmbio presencial!
O que se intenta é chamar a atenção para as facilidades criadas pelo uso da tecnologia, sobretudo em relação a possibilidade de difusão de informações e conhecimento. Isto porque, nos últimos meses, virou rotina a realização de congressos e palestras pela via digital. A própria Ordem dos Advogados da Seção de São Paulo oportunizou, em seu canal do YouTube, que advogados ministrassem pequenas palestras sobre os temas das mais diversas ordens. Sem mencionar que a transmissão de eventos por meio destes expedientes digitais pode significar redução de custos expressivos para as empresas.
Trata-se da expressão máxima da democratização do próprio acesso à informação.
Também, a tecnologia pode representar a intensificação dos protocolos de segurança e até mesmo o uso das informações empresariais pelos funcionários, assunto em voga em razão da novel Lei Geral de Proteção de Dados (lei 13.853/18). Sem mencionar a praticidade e confiabilidade que uma assinatura digital pode conferir aos documentos eletrônicos.
Para quem quer se colocar de forma competitiva no mercado, adaptar-se a estas mudanças e manter as suas competências profissionais compatíveis, são tarefas essenciais.
As empresas precisarão encontrar uma forma de manter sua produtividade sem a presença física dos seus colaboradores, já que o oferecimento do regime home office se tornará um atrativo das vagas de trabalho. Ao mesmo passo que as organizações deverão intensificar sua presença e identificação pelos meios digitais, através da criação de websites e redes sociais, o mesmo indício vale para os profissionais que deverão atentar-se aos seus hábitos cibernéticos.
Isto só foi possível através da criação, implantação e utilização de aplicativos da tecnologia e utilização efetiva nas soluções e aprimoramentos dos procedimentos diários. Através destes aplicativos e programas digitais, as empresas podem gerenciar, acompanhar a rotina e expediente, produzir relatórios e etc.
5. A consolidação do trabalho em regime home office como alternativa às empresas
Já era de se esperar que uma verdadeira revolução se iniciaria no mercado de trabalho e o home office, que era visto com desconfiança, tornou-se a forma mais viável de as empresas desenvolverem suas atividades. O fato, por si só, demonstra uma revolução, pois conforme levantamento realizado, 94% das empresas adotaram tal regime e 25% irão mantê-lo após o término da pandemia.
Estes números demonstram uma modificação no status quo e representa a desoneração do caixa das empresas com a economia de valores antes destinados ao pagamento de seus insumos, como aluguel, energia e etc.
Esta redução de espaços ocupados pelas empresas - e aumento de ambientes virtuais - poderá representar o aquecimento dos escritórios compartilhados, os chamados coworkings, já que, segundo levantamento anual realizado pelo Coworking Brasil, "com crise ou sem crise, o que vimos em 2019 é a continuidade de uma evolução importante no mercado de coworking brasileiro. Com crescimento de 25% em relação ao ano anterior"6.
6. Home office x teletrabalho
Por critérios didáticos e até mesmo pela crescente no mercado, é conveniente - ainda que brevemente - tratar das diferenças existentes entre ambas as modalidades de trabalho.
O home office, como o próprio nome diz, é literalmente o "escritório em casa" e se caracteriza quando a empresa fornece ao funcionário todas as condições para que desenvolva o seu trabalho em casa, isso inclui o fornecimento de todos os equipamentos necessários ao desempenho da atividade como, por exemplo, notebook, itens ergonômicos e, até mesmo, o fornecimento da internet que será utilizada.
A vantagem do home office é que não há obrigatoriedade de previsão expressa no contrato de trabalho, bastando tão somente que a empresa o tenha como política interna, neste caso, são mantidas as "mesmas regras e benefícios do trabalho presencial com a ressalva de que o empregado, eventualmente, trabalhará em casa, a partir de ajustes mais informais com o empregador"7.
Por seu turno, o trabalho remoto, que é o teletrabalho, pode ser realizado de qualquer lugar, seja um café, uma lanchonete e até mesmo em outro país. No teletrabalho, é possível que a empresa e o empregado negociem o custo dos equipamentos necessários para o desenvolvimento da atividade e deve ainda ser realizado contrato de trabalho com previsão específica do regime de teletrabalho, bem como as atividades que serão desenvolvidas.
Antes da lei 13.467/17, a CLT não fazia distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do trabalhador ou à distância, com a reforma trabalhista houve a normalização do teletrabalho, entre os artigos 75-A a 75-E.
Para esclarecer "teletrabalho [...] tem regras próprias para a pessoa que trabalha predominantemente em casa, usando meios de informática. Já o home office se refere à pessoa que eventualmente trabalha em casa"8.
Devidos as semelhanças, pode haver conceituação errônea na definição e até nos acordos realizados entre as empresas e funcionários e, dada as projeções futuras de aumento destas modalidades de trabalho, faz-se necessários rememorá-las ao leitor.
7. Os setores econômicos que se reinventaram e registraram números positivos no período
Alguns setores, diferentemente da crise experimentada pela grande maioria do mercado, apresentaram resultados positivos no período do isolamento, pois mantiveram, ou já exploravam, as suas atividades através de aplicativos ou na internet. Vale ressaltar, ainda, que estes aplicativos se transformaram em alternativa para as pessoas que tiveram seus contratos de trabalho rescindidos, ou que encontraram, nestas atividades, a oportunidade de explorarem nova atividade econômica.
Ao leitor atento, sem a apresentação de qualquer dado, é possível concluir que estamos nos referindo aos setores de e-commerce e das empresas de aplicativos de entrega.
O e-commerce foi a alternativa que manteve de pé os números do varejo e estes números mostram um crescimento, somente no mês de março (início do isolamento) o crescimento do setor foi 48% maior se comparado ao registro no mesmo período no ano anterior9.
Já com relação as empresas de aplicativo, que fazem entrega de comida ou transporte de pessoas, estes registraram aumento nos números de pessoas que passaram a explorar tal atividade econômica. O mesmo crescimento se deu em relação ao uso de tais aplicativos pelos consumidores em seus hábitos diários.
Como já mencionamos, estas novas atividades, vistas com insegurança, além de se consolidarem no hábito da população, serão uma alternativa para as pessoas que não conseguirem encontrar vagas de emprego em mercado de trabalho concorrido e em recuperação.
8. As perspectivas da empregabilidade para os próximos anos
Nos próximos anos haverá o aumento da concorrência no mercado de trabalho, sobretudo em razão da diminuição do número de vagas abertas devido à recessão econômica e até mesmo em razão da estabilidade adquirida pelos trabalhadores que fizeram acordo com a empresa com base programa de preservação dos empregos, lançado pelo Governo Federal.
Considerando o período de recuperação econômica, é comum as empresas valorizarem mão de obra mais experiente, o que pode prejudicar a concorrência dos trabalhadores mais jovens, uma alternativa para driblar esta perspectiva é buscar ampliar os conhecimentos em cursos de extensão ou que busquem tratar de temas práticos da área profissional desejada, aproveitando, sobretudo, o bom momento do ensino a distância, as chamadas hard skills.
Vale a pena também investir em soft skill, já que a solidariedade, empatia e inteligência emocional são habilidades que ajudarão o candidato a enfrentar este momento difícil, bem como oferecer auxílio a seus colegas de trabalho.
Para os estudantes que ainda frequentam as bancas acadêmicas é indicado que cada vez mais participem de atividades extracurriculares oferecidas pelas instituições de ensino, ou até mesmo através do desenvolvimento de atividade externas como a participação em trabalhos voluntários, projetos comunitários, pesquisas e etc., para desenvolver soft skills como a criatividade, empreendedorismo, solidariedade, empatia e inteligência emocional.
É neste contexto que a compreensão e investimento na questão da empregabilidade ganha ainda mais relevo.
A compreensão, pelo profissional, do tema empregabilidade, é um ponto chave para se destacar em um cenário de crise econômica, pois demonstra a compreensão das habilidades (skills) que o candidato deve desenvolver frente às necessidades do mercado, ou até mesmo "se restringem à perspectiva do indivíduo que procura uma (re)colocação no mercado de trabalho e tarefa de se ajustar às condições do mercado de trabalho"10.
Em síntese, é a compatibilidade da pessoa com as exigências do mercado. Nas palavras de Kellly Cristina de Lara Campos11:
[...] A palavra empregabilidade passou a ser utilizada [...] como uma alternativa de enfrentamento das contínuas transformações impostas pelo mercado atual. Tais transformações aumentaram a importância dada ao tema, e um maior número de estudos e pesquisas vem sendo desenvolvido no intuito de conhecer e, especialmente, preparar os trabalhadores para enfrentarem de maneira mais condizente a essa realidade.
Ademais, o candidato que estiver atrás de segurança ou competitividade, sem sombra de dúvida, poderá encontrar maior acolhimento do mercado através do alcance do ensino superior, sobretudo em áreas estratégicas ligadas à tecnologia.
O desenvolvimento de networking também será essencial para a criação de uma rede de conhecimento sobre o perfil de trabalho do candidato, desta forma a recomendação é que o profissional invista em redes sociais profissionais como o linkedin.
Um ponto que virou moda durante o isolamento social foi a realização de webinares para tratar de temas atuais e a participação do candidato nestes eventos faz-se importante para demonstrar que ele se mantém atualizado com relação às discussões atuais de seu setor.
Se, antes, os critérios para avaliação dos profissionais se restringiam à formação acadêmica e experiência prática, após este cenário outras habilidades, como as softs skills, terão mais destaque, em outras palavras, serão valorizadas as competências subjetivas.
Na sociedade 4.0, os profissionais que demonstrarem maior flexibilidade, autogestão, disciplina e proatividade terão vantagens e destaque na hora de encontrar um emprego.
9. Conclusão
Em um cenário que sofre constantes mudanças normalmente, seja pela necessária modernização ou em razão da crise ocasionada por uma pandemia, como é o caso atual, o novo profissional deve encontrar caminhos alternativos para se inserir e se manter competitivo neste novo mercado de trabalho, através do desenvolvimento de suas habilidades pessoais às necessidades do mercado.
Em contrapartida, as empresas também precisarão se modernizar para manterem-se atuante no mercado, bem como para escolherem, de forma adequada, o time de colaboradores que vai atuar nesta volta da economia em condições normais. A atração dos melhores colaboradores envolverá a oferta de benefícios profissionais, como day-off.
A comprovação da eficácia do home office também poderá ser utilizada pelas empresas como um atrativo para as suas vagas de trabalhos.
Requalificação é a palavra-chave para este momento e todas as iniciativas inovadoras serão válidas para esta nova realidade.
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1 Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL)/Organización Internacional del Trabajo (OIT), "El trabajo en tiempos de pandemia: desafíos frente a la enfermedad por coronavirus (COVID-19)", Coyuntura Laboral en América Latina y el Caribe, Nº 22 (LC/TS.2020/46), Santiago, 2020
2 Os efeitos do coronavírus sobre o mercado de trabalho. Poder360. Disponível clicando aqui. Acesso em: 13/8/20.
3 A pandemia e o mercado de trabalho. GLOBO. Disponível clicando aqui. Acesso em: 12/8/20.
4 Ib idem.
5 Mais de 4,8 milhões de empregos preservados com benefício emergencial (Bem). Governo Federal. Disponível clicando aqui. Acesso em 8/8/20.
6 Censo Coworking Brasil 2019. Coworking Brasil. Disponível clicando aqui. Acesso em: 14/8/20
7 Especialista explica diferença entre teletrabalho e home office. EBC. Disponível clicando aqui. Acesso em: 14/8/20.
8 Ib idem.
9 Com Covid-19, e-commerce já é 48% maior que no mesmo período de 2019. Forbes. Disponível clicando aqui. Acesso em: 14/8/20
10 OLIVEIRA, L. B. DE; WETZEL, Ursula; CIARELLI, G.; PIÑARANDA, F.; CARDOSO, A. . A empregabilidade e o destino profissional de trabalhadores desligados de empresas estatais privatizadas. In: EnGPR 2007 - Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, 2007, Natal. Anais do EnGPR 2007. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. v. único.
11 CAMPOS, K. C. L. . Construção de uma Escala de Empregabilidade: definições e variáveis psicológicas. Estudos de Psicologia (PUCCAMP. Impresso) , v. 28, p. 45-55, 2011
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ANTUNES, Ricardo. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educação & Sociedade, Ed. 25, p. 335-351, 2004.
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CRUZ, Roberto Moraes, et al. "COVID-19: emergência e impactos na saúde e no trabalho." Revista Psicologia Organizações e Trabalho 20.2 (2020): I-III.
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*Nicole Capovilla Fernandes de Faria é presidente da Comissão Estadual da Jovem Advocacia da OAB/SP.
*Lais Vilar Bonane é membro efetivo da Comissão Estadual da Jovem Advocacia OAB/SP.
*Thiago Gonçalves Coriolano é membro efetivo da Comissão Estadual da Jovem Advocacia OAB/SP.