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Walter Ceneviva, um grande amigo

José Roberto Hachich Maluf

Walter Ceneviva é para nós todos, que o conhecemos e o admiramos, muito mais que um exemplo, uma inspiração.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Atualizado às 09:40

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Aprendi que amizades devem ser cultivadas, que quanto maior o número de amigos que conseguirmos juntar pelo caminho, tanto melhor.

Eu acredito nisso!

Mas entre todos os amigos, temos alguns poucos, bem poucos mesmo, que são capazes de mudar as nossas vidas.

Eles nos dão ritmo, direção e nos fazem seguir em frente, conseguem enxergar o melhor que temos para oferecer.

Walter Ceneviva foi assim na minha vida.

No início da minha carreira como advogado, fomos apresentados por um amigo em comum e fui convidado para trabalhar no escritório do Walter e também contratado como advogado na Fundação Cásper Líbero, sob seu comando jurídico.

A convivência com o mestre solidificou o meu respeito e fez crescer minha admiração. Até hoje me lembro de como ele era capaz de citar, sem consulta, leis e normas do Direito, nas mais diversas áreas.

Trabalhávamos muito e eu aprendia bastante com o paulista de Catanduva que, criado no Rio de Janeiro e depois em Tietê, formou-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Walter ainda muito jovem foi reconhecido por sua habilidade com as palavras. Quando prestava serviço militar no Tiro de Guerra, em Tietê, foi escolhido para saudar um pracinha que voltara da guerra na Europa, o fez com tal brilhantismo que por muitos anos seu texto primoroso foi lembrado pelos moradores da cidade.

Anos depois, no começo do exercício da profissão, representando procuradores paulistas, venceu tumultuada ação de indenização proposta contra o governo do Estado de São Paulo, quando o governador era Jânio Quadros. Seu desempenho excepcional fez com que Jânio, ao assumir a Presidência, o convidasse para procurador-geral do Distrito Federal e Territórios. Foi o mais jovem profissional a ter este cargo na Procuradoria Geral. No Ministério da Justiça, a sala onde ficava a biblioteca foi batizada com seu nome.

Por seu saber jurídico, foi convidado a fazer a palestra, em nome dos advogados, na comemoração dos 150 anos da criação dos cursos jurídicos no Brasil, em agosto de 1977.

Convidado para ser titular da cadeira de Direito Civil na PUC de São Paulo, aceitou o desafio no período de 1975 a 1984, esteve à frente do seu tempo inovando o seu curso ao determinar que os alunos já deveriam vir para as aulas com a matéria estudada, prática que fazia com que todos acabassem muito mais bem preparados. Como um de seus professores assistentes, permaneci ao seu lado, lecionando na PUC.

Walter também é jornalista profissional, trabalhou nos jornais A Gazeta e A Gazeta Esportiva, publicou artigos nas áreas de política e esportes. Até pouco tempo escrevia semanalmente para a Folha de S.Paulo as colunas "Letras Jurídicas" e "Livros Jurídicos".

Sua principal obra autoral, A Lei dos Registros Públicos e Direito Imobiliário, já teve 20 edições revistas e atualizadas por ele, para a editora Saraiva. O livro é consulta obrigatória para todos aqueles interessados no assunto.

Escreveu também A lei dos Notários e dos Registradores, o Manual dos Registros de Imóveis e Lei do Consumidor.

O seu escritório continua na Praça João Mendes, como há décadas. São sócios o Walter, a filha Márcia e Carlos Alberto Mari da Silva.

Grande conhecedor de música, do clássico ao popular, da ópera ao jazz, pode conversar por horas sobre orquestras, bandas, intérpretes e instrumentos. Apresentou o programa "Música dos Mestres", na Rádio Gazeta, então a "emissora de elite", lembrado ainda hoje pela excelente seleção de músicas clássicas que programava.

Fluente em espanhol, inglês, francês e italiano, expressa-se como se fosse um natural de cada país.

Walter sempre teve na família seu suporte e sua alegria de viver. Pai e esposo dedicado, é como nos disse dona Eva, sua esposa, um "parceiraço", presente e dedicado. Faz com os netos o que sempre fez com os filhos, senta-se no chão, monta e desmonta brinquedos, diverte-se e está sempre disponível para todos e para cada um.

A Família Ceneviva é preponderantemente constituída de juristas e operários do Direito. São também advogados dona Eva e seus filhos Walter, Paulo, Marcia, Laura Lucia e Claudia, a nora Ruth e a neta Marcela. Por enquanto!

Walter Ceneviva é para nós todos, que o conhecemos e o admiramos, muito mais que um exemplo, uma inspiração.

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tO artigo foi publicado na Revista do Advogado, da AASP, ano XXXX, nº 145, de abril de 2020.

 

 

 

 

 

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*José Roberto Hachich Maluf é formado em Direito pela USP e pós-graduado na PUC, onde foi professor de Direito Civil por dez anos. É jornalista profissional e editor de publicações. Foi superintendente-Geral da Fundação Cásper Líbero e vice-presidente executivo e CEO do SBT e da Rede Bandeirantes, empresa na qual permaneceu por 25 anos. Foi presidente do Sindicato das Empresas de Radiodifusão do Estado de São Paulo, vice-presidente da Abert por 15 anos e presidente da Comissão de Finanças da Organización de Televisión Iberoamericana (1991-2000). Foi presidente da Spring e presidente da Rádio Estrada Comunicações Ltda. É presidente da Fundação Padre Anchieta - Rádio e TV Cultura.

 

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