Gestão no Judiciário 4.0: repensando práticas de gestão
Órgãos públicos apresentam uma demanda esmagadora, especialmente o judiciário. Logo, é necessário alinhamento dentro dos órgãos e definição de prioridades. Esse é um ponto crítico na obtenção de bons frutos.
quarta-feira, 22 de maio de 2019
Atualizado em 21 de maio de 2019 15:13
Assim como toda empresa, o setor público precisa ser eficiente. Gerido com recursos dos cidadãos contribuintes, essa deve ser sua primeira obrigação. É o que demonstra qualidade, presteza e resultados positivos. Eficiência significa aproveitar os recursos disponíveis da melhor maneira possível, sejam eles materiais ou humanos. Dentro dessa concepção, é essencial ter consciência de pontos altamente relevantes, como organização de recursos, controle, transparência e, obviamente, resultados.
Para consolidar esses itens é preciso, inevitavelmente, falar de gestão. Existem vários modelos definidos de acordo com valores, crenças, filosofias e perfil da empresa ou entidade pública. A eficiência é consequência da adequação de vários fatores dentro de uma organização ao modelo que se pretende adotar.
A metodologia de gestão é a ferramenta mais importante dentro de uma empresa. Trata-se da união de normas e princípios que orientam a tomada de decisão dos gestores. É por meio dela que se estabelecem os principais planos de ação, a importância de cada etapa e dos processos internos. O modelo de gestão por resultados é uma das principais recomendações da Nova Gestão Pública que hoje chamo de 4.0.
Trabalhar com esse foco requer um planejamento estratégico, que traz pontos fortes, fracos, valores, missão, visão e outros itens que esmiúçam toda a estrutura do órgão. Uma das ferramentas que possui muitas aplicações no setor público é o Balanced Scorecard, ou BSC, metodologia de medição e gestão de desempenho.
Entre as categorias ligadas a esse tipo de ferramenta destaco a que trata de estruturas e processos. Nela, há uma descentralização de tomada de decisões, assim como diminuição de níveis hierárquicos, simplificação da regulamentação de pessoal, incentivos que vão ao encontro do desempenho dos servidores, entre outros. É um repensar completo da área pública.
Dentro desse cenário, é possível, então, desenvolver várias linhas de ação que visam a chegar ao objetivo maior: o resultado. Traduzindo para o prático, no judiciário pode-se pensar em ações como mutirões para acelerar julgamentos e atitudes que gerem economia de recursos materiais. Também está incluído aqui, sem sombra de dúvidas, o recurso humano, sem o qual nada acontece. Lidar com a gestão de pessoas e sua melhoria contínua, bem como em novas ideias de serviços ou a revisão de processos; são estratégias essenciais.
Órgãos públicos apresentam uma demanda esmagadora, especialmente o judiciário. Logo, é necessário alinhamento dentro dos órgãos e definição de prioridades. Esse é um ponto crítico na obtenção de bons frutos. Existem milhões de processos em tramitação, e, infelizmente, uma porcentagem cada vez maior de demandas ainda não julgadas. Faz-se cada vez mais urgente estabelecer um novo modelo de gestão, mas, acima disso, é necessário gerenciá-lo e conduzi-lo para o sucesso no alcance do objetivo.
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*Giselle Coelho é gerente de projetos e consultora em relações governamentais da BMJ Consultores Associados.