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Pacientes acionam a Justiça contra fabricante de implantes mamários suspeitos de causar linfoma

A ANVISA inclusive proibiu a venda e implante de quatro modelos de próteses mamárias da Allergam, objetivando a realização de uma investigação mais profunda sobre a segurança do produto aos pacientes

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Atualizado em 27 de fevereiro de 2019 12:16

Diversos processos judiciais foram ajuizados na França, Estados Unidos e Austrália, bem como, em outras partes do mundo, inclusive no Brasil, por pacientes que possuem prótese de silicone nos seios, sob a alegação de por colocar em risco a vida das pacientes.

Todo o imbróglio advém da descoberta de um novo câncer ligado ao uso de prótese mamária, tanto nos casos de cirurgia estética como nos casos de reconstrução mamária pós-mastectomia, as quais estariam causando uma forma rara de linfoma.

No centro da polêmica, está a fabricante americana Allergan, cujos implantes vêm sendo extremamente contestados nos últimos anos.

O Brasil é um dos países que lidera as estatísticas das cirurgias estéticas, razão pela qual é imperioso que pacientes e médicos estejam bem atentos e informados sobre essa questão.

Os linfomas de mama compreendem um grupo raro de tumores mamários malignos; o BIA-ALCL (da sigla em inglês "breast implant- associated anaplastic large cell lynphoma") - linfoma anaplásico de grandes células associado a implante de mama - é uma patologia do grupo dos linfomas, que vem emergindo como uma doença potencialmente subdiagnosticada.

As aparições destes linfomas se deram nas cápsulas (camadas de tecido cicatrizante que se formam ao redor de toda superfície do implante mamário), não podendo ser classificados como câncer de mama. Chamado de linfoma anaplásico de células grandes, foi identificada pela primeira vez em 2011, mas na época havia poucos casos documentados.

Nas últimas décadas, o número de casos BIA-ALCL publicados tem crescido muito, e rápido; assim, é importante a informação da sociedade como um todo, para que a doença seja diagnosticada o mais cedo possível, onde as chances de cura são significativas.

Acredita-se que a fisiopatologia, a qual ataca o sistema linfático, esteja relacionada a uma inflamação crônica por infecções indolentes e subclínicas, levando à transformação maligna das células T, com maior incidência nas próteses de silicone texturizadas, sendo diagnosticado apenas em pacientes com silicone nas mamas, sendo que a doença se desenvolvendo no próprio seio, geralmente no tecido formado ao redor da prótese.

A ANVISA inclusive proibiu a venda e implante de quatro modelos de próteses mamárias da Allergam, objetivando a realização de uma investigação mais profunda sobre a segurança do produto aos pacientes. Os especialistas suspeitam que o problema não está no conteúdo, mas no revestimento do implante.

A doença geralmente é descoberta após o surgimento de sintomas, como nódulos, dor, acúmulo de líquidos e inchaço. Na maioria dos casos, a doença é tratada com a remoção do implante e do tecido ao redor, todavia já existem registros de pacientes que precisaram de terapias mais agressivas, como quimioterapia e radiação.

Apesar das evidências, a FDA, agência americana responsável pelo controle de     alimentos e medicamentos, ressaltou que o desenvolvimento do linfoma é muito raro e, portanto, mulheres que possuem próteses e nunca tiveram problemas, não precisam removê- las, bastando o acompanhamento médico de rotina. Por outro lado, as que desejam realizar a cirurgia, devem estar atentas ao risco.

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*Gustavo de Camargo Hermann é sócio do escritório Camargo Hermann & Sensi Advogados.

 

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