MIGALHAS DE PESO

  1. Home >
  2. De Peso >
  3. Como a estratégia impacta no sucesso (ou fracasso) do seu escritório

Como a estratégia impacta no sucesso (ou fracasso) do seu escritório

Valdemiro Kreusch Junior

A avaliação de resultados e correções de rota devem acontecer sistematicamente e a estratégia revisitada constantemente, fazendo a avaliação dos resultados obtidos e os ajustes necessários para o alcance dos objetivos organizacionais.

terça-feira, 31 de julho de 2018

Atualizado em 30 de julho de 2018 11:45

É curioso como os gestores de escritórios de advocacia (na verdade, empreendedores em geral) relegam a estratégia empresarial a segundo plano e não percebem as consequências à saúde, sustentabilidade e à longevidade do negócio.

Mesmo escritórios de grande porte, os quais já atingiram um relevante posicionamento no mercado, sofrem com a falta do direcionamento estratégico estruturado.

A estratégia, além de apontar o horizonte para o qual a banca deve caminhar, faz a conexão entre todas as áreas da gestão. É na estratégia que tudo se alinha e se encaixa; de onde saem as diretrizes e para onde retornam os indicadores de resultado para observar se o empreendimento está na direção pretendida.

É comum, também, encontrarmos escritórios que acreditam ter uma estratégia para o negócio, entretanto, focada apenas em aspectos mais explícitos do empreendimento, como por exemplo, os econômicos e financeiros.

Uma estratégia que foca apenas em tais indicadores é acometida por profunda miopia empresarial.

Outra falha importante que atinge as estratégias dos escritórios é o foco apenas no curto prazo, relegando o importante aspecto da sustentabilidade e perenidade.

O que é estratégia?

O conceito de estratégia nasceu da necessidade de realizar objetivos em situação de concorrência; como é o caso na guerra, nos jogos e nos negócios.

Estratégia é uma forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório. É um procedimento formalizado e articulador de resultados. É uma programação de trabalho. ( Maximiano, 2004, p. 379).

Chiavenato (2000, p. 280) nos ensina que "em termos empresariais, pode-se definir a estratégia como a mobilização de todos os recursos da empresa no âmbito global visando atingir os objetivos a longo prazo".

Vale enfatizar que, para alcançar o objetivo de longo prazo, é imprescindível que esteja absolutamente absorvido e seja prestigiado por todos os níveis do negócio e que todos os estratos tenham igual clareza sobre como cada núcleo contribui e sustenta a estratégia do escritório como um todo.

Para atingir objetivos é imprescindível que o escritório "olhe para fora" e conheça tendências, mercados, tecnologias, pontos fortes e fracos dos concorrentes, oportunidades de curto médio e longo prazos, assim como as ameaças encontradas no ambiente externo.

Olhar para dentro do escritório é, também, fundamental para alcançar o sucesso. Os pontos fortes do escritório, as demandas de melhorias, as políticas de gestão de pessoas entre outros.

A medida que o escritório faz a leitura dos pontos fortes e demandas de melhoria, bem como das ameaças e oportunidades que estão no mercado, as decisões tomadas elevam sobremaneira a probabilidade de atingir os objetivos almejados pelo escritório.

Sem estratégia as decisões são como um tatear cego, regido pelo ensaio e erro e, quem sabe, no fator sorte!

Assim, a estratégia deve ter um olhar 360º, com atenção aos aspectos econômicos, financeiros, de mercado, de pessoas e de processos, além de inovações e tecnologia e, principalmente, na execução do planejado. É justamente nisso que 90% dos gestores falham.

Pode parecer muito teórico e abstrato num primeiro momento, mas sem o direcionamento estratégico tudo fica mais difícil.

Para auxiliar no entendimento, vamos a um exemplo:

Imagine um escritório com 60 colaboradores, destes, 40 são advogados e os outros 20 estão distribuídos em funções de suporte jurídico e administrativo.

Os gestores deste escritório fictício sofrem com a falta de comprometimento do time em relação às metas e objetivos de longo prazo da organização, pois estão focados no dia a dia (por vezes as metas são alcançadas, mas não é uma constante).

Percebem, ainda, que o seu time de líderes (advogados sêniores e gerentes) está acomodado, pois obtém bons honorários e encontram-se numa situação estável.

Pode parecer a você, leitor, num primeiro momento, que este é um escritório sem muitos problemas, afinal todos trabalham muito, algumas vezes as metas são alcançadas e os líderes são bem remunerados.

A falta de um horizonte estratégico

Acontece que há um problema muito grave que impede este empreendimento de crescer e que, no longo prazo, pode até comprometer sua sustentabilidade: a falta de estratégia.

Note que há, por falta de um horizonte estratégico bem definido a desconexão entre os profissionais e os objetivos da organização.

Além disso, podemos perceber que não existem programas de desenvolvimento de pessoas, uma vez que há uma acomodação dos líderes em suas atuais posições.

A meritocracia e a remuneração variável atribuída ao atingimento de metas, certamente, não são aplicadas.

Fica nítido, no exemplo fictício apresentado, como a estratégia permeia toda a organização, fazendo o papel de conectora de todos os recursos necessários e disponíveis para o alcance do objetivo global do empreendimento.

Balanced Scorecard e PDCA

Utilizamos, aqui na ÉOS e com os nossos clientes, dentre as metodologias de gestão estratégica disponíveis, o Balanced Scorecard (BSC), pois nos permite ter essa visão 360º das bancas para as quais trabalhamos e traçar as melhores estratégias para cada caso.

Em linhas gerais, "o BSC pretende tornar claro para todos os níveis da banca a visão, missão e estratégia, para que todos saibam o que deve ser feito e como suas ações afetam o desempenho organizacional. A ideia central é focar os esforços, evitando a dispersão das ações e recursos destinados em favor da implementação da estratégia."1

Já escrevemos um artigo abordando este tema e sugiro que você clique no banner abaixo e o leia para enriquecer ainda mais o seu conhecimento.

Naturalmente que um planejamento não conseguirá contemplar absolutamente todas as variáveis possíveis para um empreendimento, o que não minimiza a importância de um planejamento estratégico, pelo contrário.

A gestão parte do princípio que tudo o que fora planejado deve ser aplicado, monitorado e, quando necessário corrigido e padronizado.

O que acabamos de descrever no parágrafo anterior é, exatamente, o famoso Ciclo PDCA (do inglês: Plan, Do, Check, Act/Adjust). O Ciclo PDCA é um método iterativo de gestão da qualidade para alcançar a melhoria contínua de processos, produtos ou serviços.

Assim, especialmente no mundo veloz no qual vivemos, a avaliação de resultados e correções de rota devem acontecer sistematicamente e a estratégia revisitada constantemente, fazendo a avaliação dos resultados obtidos e os ajustes necessários para o alcance dos objetivos organizacionais.
____________

1 Clique aqui
____________
*Valdemiro Kreusch Jr. é sócio fundador da ÉOS Inovação na Advocacia
EOS SERVICOS DE ASSESSORIA ADMINISTRATIVA LTDA.

AUTORES MIGALHAS

Busque pelo nome ou parte do nome do autor para encontrar publicações no Portal Migalhas.

Busca