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Rivalidade no seu escritório ou departamento jurídico? Aprenda a lidar com isso

Vale ressaltar que muitos acabam tentando resolver o problema mudando um dos rivais de área, por exemplo. No entanto, esta pode não ser a melhor solução.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Atualizado em 17 de maio de 2018 07:52

Rivalidades no trabalho podem servir como grandes estímulos para o desenvolvimento de comportamentos positivos ou negativos. Tanto podem ajudar as pessoas a atingirem o seu máximo potencial, como também incentivá-las a desenvolveram atitudes não tão saudáveis e até mesmo antiéticas.

Fato é que elas precisam ser um ponto de atenção, pois podem gerar desde uma mera uma distração na equipe, como um prejuízo do moral, diminuindo, inclusive, a produtividade como um todo. Neste artigo, trataremos da rivalidade no local de trabalho e veremos como você, líder de um escritório ou departamento jurídico, pode lidar melhor com isso.

A rivalidade entre colegas de trabalho pode se apresentar de diversas formas. Ela pode fazer com que os membros da equipe, por exemplo, recusem-se a discutir o trabalho uns com os outros, porque temem que alguém possa se apropriar de suas ideias. Pode fazer com que alguém assuma casos extras ou atue para receber o crédito por um trabalho que não é seu, apenas para impressionar seus chefes. Ou ainda, podem ser o motivo do nascimento de fofocas e de panelinhas, a fim de prejudicar a imagem do colega rival. O interessante é que quanto mais semelhantes forem as pessoas num ambiente de trabalho, maior a probabilidade de se tornarem rivais. Por isso, a rivalidade geralmente se apresenta na relação entre pares com funções equivalentes ou habilidades similares.

E assim como tudo na vida, a rivalidade traz algumas vantagens e desvantagens. Sob o ponto de vista positivo, pesquisas mostram que as rivalidades podem levar as pessoas a dedicarem muito mais esforço às suas atividades, levando-as a um desempenho sensivelmente melhor. Um estudo feito com corredores, por exemplo, descobriu que quando competem com os seus maiores rivais, eles conseguem correr quase cinco segundos mais rápido por quilômetro. Isso é atribuído ao aumento da motivação de ganhar do seu oponente.

Num escritório de advocacia ou departamento jurídico, a rivalidade também pode impactar positivamente. Quando ela é saudável acaba aumentando a produtividade e trazendo à tona o melhor desempenho das pessoas, caso elas tenham, por exemplo, algum tipo de remuneração vinculadas a metas. Políticas de remuneração como estas, por exemplo, podem ajudar a motivar os colaboradores a melhorarem os seus desempenhos.

A competição é benéfica, sempre que os rivais se esforçam mais em direção a objetivos comuns. No entanto, quando eles passam a trabalhar em objetivos que se chocam, acabam criando um ambiente de trabalho tóxico, prejudicando o moral do time, podendo gerar até a cisão de equipes. Isso geralmente acontece, toda vez que duas pessoas começam a se confrontar, em situações em que há um "vencedor" e um "perdedor", como no caso de uma briga pela promoção. Nessas situações, os rivais geralmente se concentram em si mesmos e não no bem de seu departamento ou escritório.

Na busca por obter vantagens, alguns podem até ser tentados a cruzar a linha do comportamento ético.

E como gerenciar estas rivalidades para que elas não se tornem uma questão insalubre para o seu escritório ou departamento jurídico?

O primeiro ponto é estar sempre atento aos sinais de competições prejudiciais. Os membros da sua equipe frequentemente discutem uns com os outros? O time está cheio de fofoqueiros ou boatos estão sempre surgindo? Os colegas confiam uns nos outros ou eles se concentram nas deficiências de cada um?

Observe como os membros de sua equipe interagem e fique atento a comportamentos negativos, a expressões faciais e a linguagem corporal para captar sinais reveladores de que a competição saiu de controle.

Assim que você reconhecer uma rivalidade negativa entre os membros de sua equipe, chame-os para uma reunião e converse sobre isso. Se você a ignorar será pior. Pode acabar gerando problemas muito maiores. Afinal, não é algo que costuma se dissolver por si só.

Busque conhecer cada um dos "rivais" separadamente, entenda as suas motivações e escute-os atentamente para se certificar de que compreende suas preocupações. O importante é que enquanto tiver escutando o desabafo das frustrações ou inseguranças, você se foque nos fatos, sem atribuir culpa a ninguém.

Depois, descreva para eles o comportamento negativo que tem observado e como isso afeta o restante da equipe. Explique quais serão as consequências, caso o conflito continue, bem como se ele for sanado. Por fim, pergunte como podem resolver isso, a fim de redirecionar seus esforços para os objetivos comuns de todo time.

Como líder é importante certificar-se também que as pessoas sabem as atribuições delas dentro da organização. Você já se perguntou se isso está claro?

Às vezes, papéis mal definidos fazem com que pessoas ultrapassem os limites umas das outras, assumindo responsabilidades que não são delas. Portanto, certifique-se de ter descrições de trabalho claras para cada posição em sua equipe. Analise as responsabilidades daqueles que se tornaram oponentes para se certificar que entendem o que se espera e não comecem a sentir alguma ameaça de, por exemplo, perder o emprego.

É importante também evitar situações em que você compara os concorrentes. Se tiver que fazê-lo, por exemplo, como parte de uma análise para definição de bônus, mantenha os resultados confidenciais.

Você também pode impedir que as pessoas se comparem mudando suas responsabilidades dentro da organização. Com atribuições diferentes, elas não serão diretamente colocadas umas contra as outras.

Se você quer estabelecer um nível saudável de competição na sua instituição, encorajando as pessoas a cumprirem uma meta ou a terminarem um caso rapidamente, considere evitar competições de um em relação ao outro. Ao invés disso, é melhor dividi-las em duas ou mais equipes. Embora isso possa gerar, ao final, a interpretação de que houve um time vencedor e outro perdedor, é possível evitar qualquer mal-estar, elogiando todos por seus esforços coletivos.

Uma excelente maneira de evitar rivalidade entre membros de uma equipe é buscando direcionar a atenção dos colaboradores não para si, mas para as metas e para os objetivos do todo. Uma maneira de fazer isso é realizar um evento de formação de time, que enfatize as habilidades e responsabilidade de colaboração e de comunicação de cada um.

Você também pode melhorar as relações da equipe, gerando algum tipo de atividade social em ambientes menos formais, onde as pessoas possam se conhecer. Um laço pessoal formado fora do trabalho pode criar a base para um relacionamento muito melhor dentro dele.

Além disso, caso a rivalidade já tenha sido formada, considere atribuir aos seus subordinados um projeto comum para que juntos possam alcançar o mesmo objetivo. Isso irá impedi-los de se concentrarem em seu próprio trabalho e lhes dará a oportunidade de aprenderem uns com os outros, contribuindo para o sucesso da equipe. Ao forçar a colaboração, você dará a eles a oportunidade de construírem um relacionamento e desenvolverem a confiança. Se tiverem sucesso, podem ainda decidir continuar trabalhando juntos em projetos futuros.

Vale ressaltar que muitos acabam tentando resolver o problema mudando um dos rivais de área, por exemplo. No entanto, esta pode não ser a melhor solução. Afinal, estas pessoas correm o risco de acabar repetindo este tipo de comportamento com outro colega da nova equipe. Por isso, é muito melhor abordar a questão de frente e lidar com as consequências imediatamente.

Resumindo, existem várias estratégias que você pode usar para transformar as tendências rivais negativas dos membros de sua equipe em comportamentos mais positivos, dentre elas: encontrar-se com cada pessoa para lidar com o mau comportamento, estabelecer limites claros e evitar situações em que os rivais são comparados entre si; encorajar mais a colaboração em grupo, executando atividades de formação de equipe que exijam que as pessoas trabalhem juntas; ou, ainda, designar aos rivais um caso conjunto para ajudá-los a gerenciar suas diferenças e a construir o relacionamento.

Por fim, não esqueça de reservar um momento para examinar o seu próprio comportamento. Assegure-se de não ser o responsável por criar inadvertidamente rivalidade entre o seu pessoal. Há chefes que sabem plantar a discórdia como ninguém. Portanto, pergunte-se: Você tem favoritos no escritório? Existem pessoas cujas personalidades o atrapalham e você acaba as deixando mais de lado?

Imparcialidade é a chave para ser um líder eficaz. Certifique-se de não dar muita atenção a um membro da equipe e se esforce para tratar todos igualmente. Por exemplo, se você der a uma pessoa um dia extra de férias para cuidar de assuntos pessoais, deve estar disposto a fazer o mesmo com todos os outros. Atente-se para isso.

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*Maria Olívia Machado é coach, advogada e sócia da Thelema Coaching para Advogados.

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