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Assédio moral entre mulheres

Uma das formas mais costumeiras de assédio, o moral, que ofende a intimidade, a honra, a privacidade, o psíquico, torna-se uma arma violenta e feroz em mãos de executivas contra suas colaboradoras.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Atualizado em 21 de setembro de 2017 12:32

Mulheres assediando mulheres. No ano em que a empresa onde trabalho conseguiu o prêmio de 3ª Melhor Empresa para Mulheres Trabalharem eu ainda consigo me surpreender com relatos recentes de assédio moral, cometido por mulheres, contra mulheres.

Uma das formas mais costumeiras de assédio, o moral, que ofende a intimidade, a honra, a privacidade, o psíquico, torna-se uma arma violenta e feroz em mãos de executivas contra suas colaboradoras.

Conversando com uma profissional de departamento jurídico e compliance, vejam a ironia, soube que ela foi assediada moralmente pela sua diretora, logo que retornou da sua licença maternidade. Esta nobre diretora, fazendo uso de argumento vazios, tentou amedrontar a profissional com mensagens de ameaça dúbias e grosseiras. Anos depois, quando a profissional foi lhe contar sobre a sua segunda gravidez, novamente foi presenteada com a falta de preparo da mesma diretora.

Um colega advogado da área trabalhista me confidenciou que na tarde daquele dia em que falávamos, iria defender uma gestora de uma grande empresa, em razão de uma denúncia com o mesmo caráter: assédio moral em face da gravidez de uma colaboradora.

E pra fechar, uma colega de mercado também passou pela mesma situação dentro de uma grande multinacional.

O que mais impressiona é que estas ameaçadoras executivas tem uma coisa importante em comum: todas são mães, além de profissionais.

Parece no mínimo cruel observar que algumas mulheres ainda se perdem nestes simples conceitos sobre liderança. Sim, aqui estou falando sobre líderes verdadeiros e não sobre chefes.

As mulheres executivas, mesmo sendo mães, ainda propagam ideias machistas sobre como suas colaboradoras podem estar colocando em risco as suas carreiras por terem escolhido, além do trabalho, encarar um desafio muito maior que é o da maternidade.

Curioso é que, por própria experiência, sei que nos tornamos profissionais ainda mais completas após a maternidade. Ficamos mais atentas, aumentamos o nosso campo de visão e de análise. Serenamos algumas ansiedades. Uma série de boas novas características que só agregam e em nada desabonam nosso lado profissional.

Aprendi com o meu chefe atual a olhar pra gravidez de uma forma gentil e acolhedora e me questiono se ele não tivesse me dado este direcionamento, se eu não estaria cometendo os mesmos equívocos conceituais destas executivas que influenciaram este artigo, afinal, também eu fui orientada a fazer entrevistas já questionando sobre as futuras intenções das mulheres candidatas em relação a maternidade.

Para qualquer tipo de mulher profissional, a gravidez é por si só um momento de muita dúvida, de natural insegurança, de medo e aflição no que diz respeito ao seu futuro no pós-licença-maternidade. Empresas que se destacam, tentam valorizar este cenário e criar um ambiente de segurança pra este momento.

Homens e mulheres executivas ainda estão se perdendo muito em conceitos básicos de gestão. Mas quando uma mulher, e mãe, assedia moralmente outra mulher em razão da maternidade, a lesão é mais profunda e dolorosa.

Mulheres executivas, sejamos as primeiras a dar o acolhimento, o apoio e a segurança de que as nossas colaboradoras mais necessitam no momento em que se descobrem grávidas. Sejamos apoiadoras, sejamos líderes verdadeiras e, assim, faremos a diferença na vida das profissionais que atuam conosco e tanto fazem por nós dentro das nossas equipes.

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*Deise Steinheuser é superintendente executivo jurídica da Tokio Marine Seguradora S/A.


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