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As marcas da violência e o marketing do medo

Quem seria a Lady Macbeth desse belo País com a garganta cortada? Que mãos invisíveis, tal qual a mortal criação de Shakespeare, tramou em segredo esses ataques e rebeliões? E, pior, será que agora que tudo aparentemente está se acalmando iremos esquecer tudo o que aconteceu como de costume?

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Atualizado em 20 de junho de 2006 14:19

 

As marcas da violência e o marketing do medo

 

Rodrigo Bertozzi*

 

Quem seria a Lady Macbeth desse belo País com a garganta cortada? Que mãos invisíveis, tal qual a mortal criação de Shakespeare, tramou em segredo esses ataques e rebeliões? E, pior, será que agora que tudo aparentemente está se acalmando iremos esquecer tudo o que aconteceu como de costume?

 

Sim, meus receosos amigos, não se trata de uma queda de braço entre crime e autoridades, mas de uma batalha midiática. Uma guerra pelo coração da imprensa. As espadas de sangue duelam por um espaço nos meios de comunicação. E é exatamente isso que querem: medo e impotência. E nada faz mais sucesso que o excesso. E que marketing bem articulado o do medo! Alastra-se como um vírus incontrolável, a procurar penetrar na pele de uma população que não sabe para onde fugir. Se a violência é um vírus, deve ser tratada como uma doença. Mas como curá-la se nossos médicos (autoridades) estão contaminados também?

 

Imagino o sorriso largo do coringa ao ver as imagens de dor, lágrimas e fogo devorando a alma do País. E isso acontece há muito tempo; nós é que necessitamos entrar em uma máquina da memória para ver esse retrato insano social que se transformou o dia-a-dia. Esse marketing do medo faz dos vilões heróis em suas organizações, verdadeiras empresas. E serve como exemplo negativo para outros criminosos.

 

E o marketing policial, a quantas anda?

 

Chega de teorias, debates e equilibrismos jurídicos. É a hora da ação! Precisamos ser hábeis aranhas a confeccionar uma extensa teia para sufocar o crime organizado e o desorganizado. É preciso cortar a cabeça dessa medusa que transforma em pedra nosso desgoverno. Nós andamos de bicicleta e os criminosos em potentes motos.  

 

O que fazer? Unificação das polícias, tolerância zero, reforma do Código Penal Brasileiro, penitenciárias privadas, bloqueio de todos os meios de comunicação -  inclusive do uso do celular - dos presos, profissionalização da gestão penitenciária e do Judiciário ou tudo ao mesmo tempo? Que venha o amadurecimento social de que existe o terrorismo no Brasil, e a reação contra as mentes criminosas. Sem piedade, mas com justiça.

 

Após refletir durante essas noites cruas e espessas com olhos de corvo, imaginei que essa Lady Macbeth não é uma única pessoa ou facção criminosa. É um corpo formado por milhões de pessoas. Os criminosos são os braços e mãos, a mente é a nossa sociedade passiva, o tronco são os políticos corruptos e as pernas bambas, o lento judiciário. O conjunto é o culpado.

 

Porém, os assassinos de mentes, ou vírus brutal, necessitam de uma resposta à altura.

 

Sabe, tenho receio de que essa sombria Lady Macbeth entre por uma noite sem fim e me sufoque com as mãos em meu próprio quarto.

 

Em meu próprio sonho de paz.

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*Escritor, autor dos livros Elias Poe, Depois da Tempestade, Um Futuro Perfeito, O Despertar, Marketing Jurídico, A Reinvenção da Advocacia e O Senhor do Castelo.

 

 

 

 

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