Redes sociais na advocacia: aliadas ou inimigas?
No caso específico dos advogados, para que essas ferramentas se tornem verdadeiras aliadas, também é imprescindível que os escritórios realizem pesquisas acerca do perfil do seu público-alvo.
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Atualizado em 11 de abril de 2017 07:51
Não dá mais para fugir. É juntar-se a elas ou ficar para trás, até ser definitivamente esquecido. Em tempos de Web 2.0, em que a velocidade de transmissão das informações é crucial, ignorar a importância das redes sociais para se comunicar é estupidez. Isso vale para qualquer tipo de comunicação, desde a informal entre amigos, passando pela profissional, até a oficial, produzida e divulgada por instituições públicas.
No meio jurídico, a esmagadora maioria dos escritórios de advocacia do país já está conectada a pelo menos uma mídia social, na tentativa de manter e atrair cada vez mais clientes, porém é preciso saber usar essas ferramentas a fim de que elas se tornem aliadas do seu negócio, e não inimigas. Se empregados de forma correta, racional e criativa, os relationship sites (ou sites de relacionamento) podem ser excelentes mecanismos para ajudar a melhorar a imagem das empresas.
De acordo com estudo divulgado em meados de 2016 pelo instituto de pesquisa eMarketer, os brasileiros são os principais usuários de redes sociais em toda a América Latina. Até a metade do ano passado, eram 93,2 milhões de pessoas cadastradas em mídias sociais no Brasil. Em novembro último, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que a rede social, a maior do mundo, atingiu a marca de 1,8 bilhão de usuários ativos.
Somente no Brasil, conforme dados divulgados em abril passado, existiam mais de 102 milhões de internautas ativos no Facebook. O mundo inteiro está conectado, mas os brasileiros são o povo que passam mais tempo navegando nas redes sociais: cerca de 650 horas por mês.
Os números comprovam que usar as redes sociais para se comunicar é mais do que contemporâneo; é sensato. Fundamental frisar, no entanto, as palavras "comunicação", "velocidade", "aproximação" e "interação", inclusive quando o assunto é se comunicar para fins profissionais e empresariais.
Boa parte das empresas que opta por investir em mídias sociais para se relacionar com seus clientes acaba perdendo dinheiro por não compreender o real significado da palavra "comunicar", que nada mais é do que partilhar informações de maneira clara e compreensível. Por essa razão, nada mais acertado do que abolir o chamado "juridiquês" na comunicação via redes sociais.
A velocidade na transmissão das informações é outro pré-requisito para que uma rede social funcione de forma efetiva. Contudo, celeridade e qualidade devem caminhar juntas. O cuidado e a atenção na hora de divulgar informações nas redes sociais devem ser redobrados, justamente devido à rapidez com que um dado chega aos internautas, e a repercussão que uma informação errada ou incompleta pode ter.
Com o objetivo de evitar sustos, contrariedades e, em casos extremos, até a perda da credibilidade, muitas instituições têm investido na implementação de núcleos de mídias sociais. Assim, com o trabalho de profissionais dedicados exclusivamente aos sites de relacionamento, a chance de pôr em risco a reputação da empresa é substancialmente menor.
No caso específico dos advogados, para que essas ferramentas se tornem verdadeiras aliadas, também é imprescindível que os escritórios realizem pesquisas acerca do perfil do seu público-alvo, a fim de identificar quais são as redes mais visitadas por eles. Não compensa criar perfis em determinadas mídias se o foco são clientes das classes A e B, bem como pode ser perda de tempo investir em outras ferramentas se os clientes não possuem smartphones, por exemplo.
A ideia é se aproximar do seu público. Nesse sentido, uma ferramenta que cumpre de forma satisfatória o papel de canal eficiente entre o prestador de serviços e o cliente é o WhatsApp. Apesar de não ser considerado rede social, o veículo de comunicação tem crescido exponencialmente, tendo alcançado mais de 1 bilhão de usuários ativos em todo o mundo, segundo dados de 2016.
E de nada adianta ter a rede social mais apropriada para o cliente, um núcleo estruturado de mídias sociais e o cuidado no trato com a divulgação das informações se não houver interação, feedback, retorno do seu público. O uso dos sites de relacionamento só é inteligente quando a empresa conversa com seu cliente, ouve reclamações, recebe críticas e sugestões e, o mais significativo, responde às perguntas e esclarece as dúvidas. A palavra "interação" é imperiosa nas redes sociais, devendo preponderar uma relação horizontal entre as partes.
São diversos os sites de relacionamento que podem auxiliar a alavancar os negócios dos escritórios de advocacia, estreitar a relação dos advogados com seus clientes e atrair novos stakeholders. Todavia, para que essas ferramentas sejam parceiras da empresa, é primordial definir as metas que se pretende alcançar com a comunicação via redes sociais. A única coisa inconteste é que não dá mais para ficar alheio à importância dessas novas mídias para o sucesso de qualquer negócio no Brasil e no mundo.
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*Ruy Conde é jornalista e sócio da It Press Comunicação.
*Letícia Capobianco é jornalista e colaboradora da It Press Comunicação.