O mito do marketing jurídico
Vários fatores colaboraram para a evolução do mercado jurídico, mas não há como negar que o advento da internet foi o marco inicial para a "nova era" dos operadores do Direito.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Atualizado em 8 de fevereiro de 2017 12:54
Vários fatores colaboraram para a evolução do mercado jurídico, mas não há como negar que o advento da internet foi o marco inicial para a "nova era" dos operadores do Direito. Seja pelos procedimentos internos com a rotina de processos, seja pela possibilidade infinita que a web proporcionou tanto para pesquisa, como para prospecção e posicionamento no mercado. Concomitante a essa constatação, nos últimos 20 anos a quantidade de universidades no País aumentou desenfreadamente, ocasionando um boom de profissionais no mercado de trabalho, não sendo diferente para o setor jurídico, embora o Exame de Ordem sirva como filtro para que profissionais minimamente qualificados possam atuar.
Somado a este fato, o Direito ganhou inúmeras novas áreas e nichos de mercado, o que não foi capaz de frear a concorrência acirrada. O advogado, que antes montava sua banca com uma mesa e uma máquina de escrever, passou a se preocupar com infraestrutura, métodos diferenciados de atendimento, novas teses, estratégias de captação, negociação e manutenção de clientes. Dentro desse universo evolutivo, as técnicas de marketing passaram a ser primordiais para o sucesso do escritório.
Entretanto, a aplicação de ações mercadológicas, ainda assusta muitos profissionais, especialmente os da "old school", pelo temor em afrontar a ética profissional e mercantilizar a profissão, que deve ter como linha mestra a sua função social. O que podemos afirmar é que o Marketing Jurídico dentro das regras de transparência e ética que lhe são pertinentes não tem nenhuma incompatibilidade com a Advocacia, mesmo porque, possui como principal característica a comunicação dos conhecimentos e expertises do advogado e não a publicidade ou anúncio meramente mercantil, não infringindo em hipótese nenhuma, o Código de Ética e Disciplina da OAB.
Se analisarmos amplamente, fazemos marketing em todos os momentos, seja em relações profissionais ou em pessoais, isto é, sempre promovemos aquilo que acreditamos para convencer outras pessoas.
A questão é alinhar o marketing com um planejamento estratégico. E esse é o principal conceito do Marketing Jurídico, que em nada contraria o Código de Ética. O objetivo é construir a percepção correta e concreta, de acordo com as expectativas dos fundadores e gestores do escritório, conectando a banca ao seu público-alvo.
Aquela velha máxima de que a comunicação é a alma do negócio, é verdadeira. Não tem como fugir do desenvolvimento do plano de comunicação e marketing, que siga a estratégia definida para o escritório. É importante pontuar que a comunicação jurídica não se define somente pelo trabalho com a imprensa, ela congrega colaboradores, clientes, posicionamento no mercado, objetivos e produção. A comunicação estruturada leva em conta as definições de visão, missão e valores do escritório e é traçada de acordo com as metas e objetivos delineados.
Assim sendo, enquanto alguns poucos escritórios estão à frente por investir na cultura do Marketing Jurídico, muitos ainda não se conscientizaram o quão essencial é estruturar um departamento para passar a mensagem adequada, conquistar novos clientes e fidelizar os atuais nesse acirrado mercado em que está inserido.
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*Fernanda Campos é jornalista e sócia da DCMS Estratégia Jurídica.