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Mercado Imobiliário - Novos ingredientes às antigas receitas

Mesmo repleto de desafios e com cenário político ainda incerto no país, o mercado imobiliário tem vivenciado melhores resultados quando há foco no desenvolvimento de produtos em localizações estratégicas.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Atualizado em 5 de setembro de 2016 10:32

Não é novidade que o país tem vivenciado um momento de turbulência em todos os setores da economia, o que não tem sido diferente para o mercado imobiliário. Os ingredientes de retração do poder aquisitivo, aumento do desemprego, da inadimplência, das taxas de juros, diminuição da disponibilidade de crédito, adicionado a vários gramas de crise política e de confiança, vinham resultando em pratos nada saborosos e, por vezes, indigestos. Começam, porém, a surgir novas receitas e, com isto, vimos um ensaio de reação do mercado imobiliário.

Novos ingredientes têm trazido recentemente novos sabores. Mesmo repleto de desafios e com cenário político ainda incerto no país, o mercado imobiliário tem vivenciado melhores resultados quando há foco no desenvolvimento de produtos em localizações estratégicas, destinados a determinado segmento da população, projetos com requinte e expertise da arquitetura moderna e internacional ou associados a determinados serviços diferenciados e de renome.

Áreas para novos negócios voltam a ser alvo de desenvolvedores e estas, muitas vezes, já regularizadas e com projeto de futuro empreendimento devidamente aprovado perante os órgãos públicos. Regularizações fundiárias para desenvolvimento imobiliário também têm sido retomadas e, muitas vezes, com novos estudos para aquisição de áreas contíguas, visando sua expansão. Em municípios com mudança recente de zoneamento, como é o caso do município de São Paulo, projetos já aprovados e não executados começam a ser revisados para atendimento à nova legislação e futuro lançamento. A definição das novas regras de uso e ocupação do solo também impulsionaram a busca por áreas em regiões cujo desenvolvimento e adensamento passou a ser estimulado.

Embora saudosistas de um tempo onde o Brasil via seu PIB crescendo ano após ano, os operadores do mercado imobiliário têm mostrado confiança em seu potencial de resiliência e de retomada do crescimento. Não se pode descartar o fato do Brasil, mesmo com a recente queda, ainda ser a nona maior economia mundial, segundo dados recentes do FMI e que pelo menos metade de sua população de mais de duzentos milhões de pessoas representa relevante mercado consumidor.

Não obstante aos sequenciais rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, retirando-lhe o grau de investimento, nota-se que a relativa acomodação dos ânimos pós recentes acontecimentos na seara política, trouxe ao mercado uma leve brisa de esperança e a retomada do apetite.

Prova disso é que os bancos começaram a apreciar tais quitutes culinários, apresentando novas receitas e ajudando no pré-aquecimento dos fornos. Veja-se, por exemplo, as novas regras da Caixa Econômica Federal de estímulo ao crédito imobiliário, em vigor desde 25 de julho, onde o principal destaque foi o aumento do valor do imóvel passível de financiamento no Sistema Financeiro Imobiliário para R$3 milhões de reais, dobrando o limite até então admitido. Outra mudança, não menos relevante, é que para compra de imóvel novo, construção em terreno próprio, aquisição de terrenos e reforma ou ampliação, a cota limite de financiamento passou a ser de 80% do valor do imóvel ou do valor da obra, o que representa aumento de 10% em relação à anterior.

Assim, há boa expectativa de que todos os ingredientes mencionados gerem efetivo reaquecimento do setor, no entanto, precipitado será aquele que prever resultados imediatos. Ainda é cedo para avaliar os reflexos que a mudança de humor e os novos ingredientes resultarão no mercado imobiliário em termos de oferta, demanda e preços, mas fato é que a crescente busca por novas áreas, principal matéria prima, associada à retomada dos lançamentos de produtos diferenciados pelos desenvolvedores e da concessão de crédito são indicativos que não podem ser ignorados.

Premiado será o restaurante que busque equilibrar, em suas receitas, todos os ingredientes acima e que preze o trabalho em equipe de seus agentes, sejam eles desenvolvedores (incorporadoras e construtoras), instituições financeiras e consumidores finais. E que novas receitas sejam cada vez mais apreciadas!

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*Maria Flavia Candido Seabra é sócia da área Imobiliária do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados.






*Bruno Eduardo Pereira Costa é advogado da área Imobiliária do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados.

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