A Síndrome dos 5 minutos
Tudo está cada vez mais automatizado e estamos trabalhando cada dia mais "robotizados", onde o que conta não é a qualidade do serviço e sim a quantidade em que é capaz de se produzir.
sexta-feira, 8 de julho de 2016
Atualizado em 7 de julho de 2016 08:09
Já percebeu como cada vez mais somos forçados a ter uma rotina onde tudo é feito às pressas? Os prazos estão mais curtos e os afazeres mais longos. A correria do dia a dia nos obriga a responder e-mails e mensagens padrões, até mesmo para nossos mais íntimos.
Os famosos emojis do WhatsApp substituem, aos poucos, as palavras. Uma resposta simples, como um "obrigado", é substituído por aquele símbolo de uma mão dando o "joinha". Um "eu te amo", substituído por um símbolo em formato de coração. Um "bom dia" é substituído por uma mensagem pronta que copiamos e colamos do Facebook.
Sem esquecer que tudo é por "escrito" e não mais falado. Lembra quando cortaram o uso do aplicativo no Brasil? O furdunço que se deu? Simplesmente por que, pelo que me parece, esqueceram como se liga pra outra pessoa, e como se fala ao telefone com ela!
Existe até um termo denominado Tecnostress, que se caracteriza pelo stress causado pela constante busca de adaptação para o uso dessas novas tecnologias que surgem cada vez mais rápido.
Tudo está cada vez mais automatizado, não paramos nem para redigir um texto, que como este, a esta altura, muitos já devem ter desistido de ler, pois não tem tempo para uma leitura casual.
Estamos cada vez mais presos a esta rotina de tudo ter que ser resolvido em menos tempo possível, até um bate-papo informal no corredor não pode levar mais que 5 minutos, pois atrapalha os afazeres do dia.
Não temos tempo nem para respirar no almoço, que seria o intervalo para o descanso, pois temos assuntos pessoais a resolver, e quando retornamos ao trabalho, mais assuntos urgentes, que devem ser resolvidos em apenas 5 minutos, o que nos leva a responder e-mails objetivamente e padronizados.
Eu, particularmente, odeio receber e-mail padrões, onde não se tem o mínimo de "afeto", como um simples: "Como vai?", "Tudo bem?", "Abraços", "Boa semana".
Acredito que, com esta rotina que levamos, em alguns casos, principalmente quando se trata de nossos clientes, devemos investir muito mais que meros 5 minutos para responder a uma solicitação.
Neste exato momento em que escrevo este artigo, estou ao telefone tentando falar com um futuro cliente há mais de 10 minutos, e espero pacientemente na linha, pois sei que será difícil eu conseguir falar com ele depois, e o considero muito importante para simplesmente desistir da ligação e enviar o assunto por e-mail, com um texto padrão solicitando um retorno.
Estamos trabalhando cada dia mais "robotizados", onde o que conta não é a qualidade do serviço e sim a quantidade em que é capaz de se produzir, levando em consideração o que se espera de resultado de cada funcionário e esquecendo que produtividade tem que ser atrelada a qualidade.
Estas modernidades tecnológicas que vieram com o propósito de nos fazer economizar tempo estão nos tornando escravos dela, pois o tempo que deveria "sobrar", é preenchido com outros afazeres e cada dia mais estamos mais atrelados ao trabalho do que a nossa vida pessoal.
Chegamos ao ponto de acessar nossos e-mails de casa assim que chegamos do trabalho, como se fosse acontecer algo muito grave das 19h até às 8h do dia seguinte.
Chegamos ao ponto de responder no WhatsApp ao nosso cliente em meio ao nosso jantar ou almoço, período que deveria ser de descanso e renovação das energias.
Chegamos ao ponto de termos que criar regras internas para nos autocontrolar. Para se ter uma ideia, em 2014, a França criou uma lei em que era proibido abrir e-mails do trabalho após as 18h.
Se você chegou ao ponto de exagerar na mistura de vida profissional e vida pessoal, seguem algumas dicas para tornar o dia mais produtivo sem sacrificar suas horas de descanso:
Na hora do almoço, fale sobre tudo, menos sobre trabalho.
Tire um tempo para cuidar de si mesmo. (Crystal Paine - escritora, autora do livro "Say Goodbye to Survival Mode").
Coloque diferentes tarefas de um projeto nos horários vagos da sua agenda, da mesma forma que você marcaria um encontro com um cliente (Lara Galloway - escritora, palestrante e coach).
Quebre seu dia em pequenas porções de tempo e marque tarefas que podem ser completadas nessas porções. (Lara Galloway - escritora, palestrante e coach).
Faça com que suas tarefas mais difíceis estejam marcadas para as horas em que você for mais eficiente, e deixe as tarefas mais fáceis ou menos importantes para os períodos de baixa energia (Lara Galloway - escritora, palestrante e coach).
Para finalizar, aprenda a dizer não. Se precisa concluir uma tarefa e alguém solicita a sua ajuda, aprenda a dizer que naquele momento não será possível.
Agora é só "curtir" a sua rotina!
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*Monique Conde é analista de marketing da Inrise Consultoria em Marketing Jurídico, formada em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Universidade de São Caetano do Sul.