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Um toque suave - para a Minha Maria Regina e para Todas as Marias pelo "Dia dos Namorados"

Em forma de poema, o Professor faz uma sublime homenagem ao dia dos namorados.

domingo, 12 de junho de 2016

Atualizado em 13 de junho de 2016 11:11

Não sei que horas são.

Uma claridade difusa se esgueira,

fagueira,

atravessando as frestas da janela,

Ligeira.

 

O som noturno da cidade me alcança,

difuso.

Confuso, procuro identificar sua origem.

Uma voz se ouve ao longe,

Um carro freia assustado na esquina.

Sei que ali parca luz

a rua ilumina e a escuridão desce

até ao chão e nele cresce,

sombria.

 

Chegará a qualquer hora o dia?

Deitado para o lado da parede,

os pés presos no lençol amarrados como em

rede,

viro-me para o outro o outro lado e com muita sede

estendo a mão

esquerda,

devagar, um pouco insensível e

lerda,

porque havia ficado presa sob a minha cabeça.

 

E antes que em sonho a consciência não querendo

Desvaneça,

Sinto em meus dedos e na palma da minha mão,

num toque suave a tua pele macia,

magia da química do corpo adormecido e calmo.

 

Me acalmo. E na bruma do tempo passado,

O pensamento, alado, volteia pelo espaço.

Então na pista do tempo um pouso breve

Que quarenta e seis anos de vida leve,

Eu faço, no primeiro momento da tua visão,

Do rosto visto em um grupo indistinto.

 

Um pouco longe dos olhos que logo

Identifica o instinto como um alvo agradável

À vista, ao cheiro e ao tato, que como um fato

Se deu somente no futuro dali distante em,

Sucessão de fato e fato, num redemoinho

de pensamentos gratos, de doce olfato;

do toque quente de um beijo casto

que de saudades deixa um claro rastro

medido pelo caminho longo mas logo gasto

quando o futuro chega em instante, breve.

 

E no toque suave em teu corpo minha

mão se atreve a sentir a seda cálida da

pele trigueira. E assim seles o resto da minha noite

Minha querida, minha pequena,

Que, ligeira, de uma se multiplicou em quatro, em cinco,

Em quantos mais? Naqueles que um afetuoso braço um forte

Abraço acolhe a mim e a todos os chegados na fila

Não tranquila da brava vida a ser vivida passo

A passo, num grande e pequeno espaço do

Coração imenso e do tempo gasto,

Menor do que o desejo intenso de guardar

Em pequenas caixinhas de lembrança

Cada momento bom que a memória alcança e

Lépida logo se lança na bruma da vida e

Da terna esperança que minha mão ainda sente

Abandonada no teu corpo quente.

______________


*Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa é sócio do escritório Duclerc Verçosa Advogados Associados e professor Sênior do Departamento de Direito Comercial da Faculdade de Direito da USP.


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