Eduardo cunha, Dilma e o sorriso do meu neto
Será que Eduardo Cunha e a Presidente Dilma quando crianças não riam que nem o meu neto, trazendo para o mundo felicidade?
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
Atualizado às 08:27
Devo esclarecer, de início, que não conheço Eduardo Cunha, nem Dilma, a não ser de notícias nos jornais, os quais gostava de ler sempre com o café da manhã, mas não estou mais aguentando.
Sou advogado há cinquenta anos e não sei se a minha revolta é porque não consigo mais ler injustiças, ou porque estou ficando mesmo é velho, mas, como dizia aquela menininha de três anos, em site nacionalmente conhecido: " 1, 2, 3: deu, chega..."
Mas a razão deste artigo, a razão real deste artigo, é que o meu neto José, de um ano e três meses, ontem riu demais para mim. Riu muito, e aquela risada trouxe para o meu mundo interno tudo que representa a vida de um ser humano ainda não maculado pela vaidade: amor e inocência. A inocência você perde com o caminhar do tempo, mas o amor, esse amor que é a razão de tudo, esse se for perdido você será um morto caminhando à espera da morte.
E daí comecei a pensar: será que esse Eduardo Cunha e a Presidente Dilma quando crianças não riam que nem o meu neto, trazendo para o mundo felicidade? Como é possível a vaidade de duas importantes figuras da República esconder do país a felicidade que todos poderiam ter com um sorriso inocente deles.
Vejam Eduardo Cunha. Cada dia que você abre o jornal verifica que já está mais que comprovado que recebeu dinheiro em contas na Suiça de propinas da Petrobrás. Lá está respondendo, inclusive, a inquérito criminal.
Aqui, porém, é o homem que manda, que preside a casa do povo, é o próprio povo, e, assim, transforma todos nós em gente que recebe propina. E o brasileiro, que nem eu, o que faz? O brasileiro comum, sem poderes, não faz nada porque não tem poder, nem armas, e então aceita seu líder propinoso no Congresso Nacional e, no máximo de reação, para de ler jornal.
Mas e quem tem poder, o que faz?
O Supremo Tribunal Federal aguarda inquéritos, que demoram como se fosse difícil a tese a ser demonstrada e, em seguida, (e este em seguida demora uma barbaridade) abre talvez um processo, o qual será julgado no mérito, se antes não estiver prescrito.
Mas e a Presidente Dilma, o que faz? Ela, uma guerrilheira nas horas incertas, porque guerrilheira teria de ser agora, para não perder o cargo, porque carregada de denúncias vinculadas à corrupção eleitoral, e ameaçada pelo Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, resolve fazer uma reforma ministerial, contemplando o indicado pelo homem da Suiça com um Ministério, da Ciência e Tecnologia, concedido para alguém que, ao que tudo dizem, nunca viu ciência, e não é técnico em coisa nenhuma.
Mas o Eduardo Cunha fica satisfeito, ele, com inquérito ou sem inquérito, ainda manda no Brasil, a Dilma aceita o que ele quer e aceita o que qualquer outro que tenha poder quer, porque não quer ela perder o poder, ou seja, trocaram o amor e a inocência pelo Poder.
Mas todo esse poder que eles dois têm, na verdade, acabou com o sorriso deles, de criança, igual ao do meu neto José e, talvez, aí esteja o castigo divino. Eles não vão mais sorrir, não têm mais inocência, e o poder que podem fingir que têm frente ao espelho, faz com que os brasileiros, como eu, que não têm nenhuma força, fechem o jornal no café da manhã.
Que triste para um advogado viver hoje no Brasil. Que triste para todos os brasileiros.
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*José Alberto Couto Maciel é sócio da Advocacia Maciel e membro da Academia Brasileira de Direito do Trabalho.