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Menosprezo: o problema das aprovações

Leonardo Pereira

Nossa habilidade em sempre dar um jeitinho não resolve nada em concursos públicos.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Atualizado em 21 de setembro de 2015 14:01

Essa semana, por oportunidade da revalidação de uma licença profissional que possuo, tive contato fático com a situação de prova vivida todo final de semana por milhares de candidatos que prestam concursos públicos.

E estando à frente dessa coluna, a última coisa que eu poderia fazer era, justamente, não seguir todos os meus conselhos de estudos, métodos e práticas. E assim o fiz, seguindo minhas próprias metodologias, colocando-as à prova, certificando-me de que tudo o que sugiro, tem fundamento científico e teórico.

E assim foram os últimos meses: acordava perto das 5 e meia da manhã para estudar, pois como a grande maioria das pessoas adultas, trabalho muito, tenho família, filha pequena e para ajudar, dois cachorrinhos altamente simpáticos, que adoram estar comigo, passeando pela manhã e também à noite. Obviamente, esses compromissos profissionais e sociais teriam que continuar recebendo a devida atenção, sendo a única solução antecipar um pouco a hora do galo cantar para estudar.

E o fiz com toda a dedicação, pensando, a cada segundo de distração, que aquele tempo ali era precioso e que se não o fizesse adequadamente, fatalmente eu teria que refazê-lo. E fiz provas, diariamente ao final de cada trecho estudado. E faltando um mês para o exame, no mesmo dia e hora da prova oficial, simulei a realização do teste. E com base no resultado do simulado, montei meu plano de estudos estruturado em duas partes: 3 semanas para rever os pontos com menor desempenho e uma semana para rever tudo, com base em minhas anotações e destaques.

Quanto ao resultado da prova, 15 dias úteis para saber. Mas onde pretendo chegar? A diferença entre a minha postura diante da prova e a da maioria dos demais candidatos era abissal. Tranquilo, passei pelo exame tendo a exata consciência do que estava sendo pedido e do que o assunto tratava. Quando não sabia alguma coisa específica, usava uma técnica já apresentada aqui para vocês: a do Direito Constitucional como uma árvore frondosa.

E a conclusão a que cheguei é a de que podemos separar o mundo de concurseiros em dois grupos: o primeiro, formado pelos candidatos que respeitam a prova e, temerosos do resultado, se preparam para o desafio (que não necessariamente é a aprovação) e o segundo, formado por um bloco volumoso, dos que menosprezam a capacidade avaliativa da banca examinadora (sempre reprovados).

Neste grupo encontramos um extenso rol de desculpas que são escritas na areia da praia, com o mesmo compromisso de quem espera que as mensagens ali se eternizem. Lá escrevem: "não tive tempo", "que prova difícil!", "isso estava no programa?", "meu professor não deu isso em sala", temas que certamente nos abrem oportunidades para textos individualizados.

Nossa habilidade em sempre dar um jeitinho não resolve nada em concursos públicos. Falar em sorte em concursos com grande número de inscritos é tão preciso quanto aprender a voar pelo simulador do videogame. E o que fazemos pensando em ser MAIS (qualquer adjetivo que queira colocar), é menosprezar o interesse do examinador em selecionar os MELHORES. Se não tivermos essa consciência, se não nos dermos esse valor, jamais avançaremos.

Bons estudos!

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*Leonardo Pereira é diretor acadêmico do IOB Concursos.

IBTP - INSTITUTO BRASILEIRO DE TREINAMENTO PROGRAMADO S.A.

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