A Verdade Sobre as Doutrinas Best Sellers
Se grupos de livros são uniformemente indicados, estamos restringindo o leque de experimentações de um aluno.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Atualizado em 12 de agosto de 2015 13:03
Ao início de todo semestre letivo, cresce, consideravelmente, o número de alunos que buscam a lista com as doutrinas mais indicadas para essa ou aquela disciplina, relação essa que pode representar uma tendência que, muitas vezes, não é a melhor indicada para a coletividade de acadêmicos.
Cada um de nós, seres em aprendizado, traz consigo uma bagagem de experiências acadêmicas que começam na infância e que refletem aptidões para a aprendizagem na fase adulta. Também por isso que muitos de nós temos afinidades literárias distintas.
Se grupos de livros são uniformemente indicados, estamos restringindo o leque de experimentações de um aluno que pode ter mais afinidade para determinado tipo de leitura, mais simpatia por determinado autor.
Em pior cenário ficam os estudantes de graduação que, tendo acesso a bibliotecas virtuais de acesso compartilhado de conteúdos pré-contratados pelas grandes redes de ensino, ficam adstritos a um ou outro título.
Convenhamos que essa é uma das maiores revoluções do acesso às doutrinas de ponta, que na maior parte dos casos, custam bem mais de duzentos reais. De fato, brilhante.
Meu ponto traz somente um alerta para os casos onde a opção se faz presente. Uma doutrina se torna um best seller por N fatores, dentre os quais a aptidão do professor para dizer com clareza o ponto que precisa ser transmitido. Mas em outra leva, tal êxito se dá pelo compartilhamento de experiências e também pela presença em tais indicações bibliográficas.
Imagine o peso de uma compra referendada pelo docente que será o guia daquele consumidor por alguns meses. Não há como negar que o aluno, ainda em formação e sem muita segurança para divergir, acompanhará a indicação do professor, impactando positivamente as vendas daquele título.
Acredito que melhor seria se as tais Indicações / Sugestões Bibliográficas seguissem, desde a graduação, a lógica dos documentos dos cursos de mestrados e doutorados, trazendo para um mesmo ponto, mais de uma opção de leitura. Para contribuir ainda mais com o processo de formação do estudante, por que não sugerir aos professores que elaborem uma tabela, apontando nos textos relacionados, quais acompanham o raciocínio que será seguido em sala e quais são divergentes do ponto de vista dele?
Podemos avançar mais, permitindo que cada parte de uma matéria tenha um autor que melhor a represente, situação viável e já em aplicação em algumas escolas que se aprofundaram no uso das tais bibliotecas virtuais. De todo modo, que a leitura sirva de alerta para o leitor sempre consultar mais de um livro da mesma matéria, antes de se decidir sobre acompanhar ou não determinada indicação. Pode ser que o livro ao lado diga muito mais do que o indicado, pelo menos, através do modo como o leitor recebe aquele código.
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*Leonardo Pereira é diretor acadêmico do IOB Concursos. Advogado graduado pela PUC/MG.