Análise: Crise da Petrobras e oportunidades em infraestrutura no Brasil
Um potencial resultado das investigações é a venda de porções substanciais de ativos das empresas envolvidas buscando, assim, sobreviver de uma forma reorganizada.
sexta-feira, 6 de março de 2015
Atualizado em 5 de março de 2015 10:25
As recentes investigações de práticas de corrupção pela Petrobras e por alguns de seus executivos e parceiros, além das implicações penais, trarão grandes impactos nos negócios e investimentos em infraestrutura no Brasil. Muitas das empresas envolvidas na investigação da Polícia Federal e do Ministério Público já estão sofrendo consequências e enfrentam sérias dificuldades na obtenção de financiamentos e de novos contratos para continuar suas operações.
Um potencial resultado das investigações é a venda de porções substanciais de ativos das empresas envolvidas buscando, assim, sobreviver de uma forma reorganizada. De acordo com fontes do mercado, os projetos incluiriam participações em grandes aeroportos internacionais que foram recentemente privatizadas; rodovias; empreendimentos de tratamento de água; operações de gestão de resíduos e vários outros.
Além disso, esse cenário abre espaço para atuação de investidores internacionais com estratégia global voltada para as áreas de infraestrutura e de petróleo e gás. Já se sabe que fundos estrangeiros de private equity e outros investidores se preparam para aproveitar essas oportunidades. Além dos projetos já mencionados, há interesse em empresas que possuem contratos com a Petrobras e que podem enfrentar dificuldades de performance e entrega devido à falta de crédito.
Alguns exemplos de ativos que estariam sendo oferecidos incluem as operações de água e esgoto e de três arenas de futebol pertencentes à OAS. Além disso, a construtora pode vender sua participação na Invepar, empresa que investe na concessão de estradas em vários estados do Brasil; em uma linha de metrô no Rio de Janeiro e no Aeroporto Internacional de São Paulo (GRU Airport). Sobre outra construtora, a Engevix, existem, ainda, especulações de que estaria negociando suas participações em empresas de energia renovável, aeroportos e de construção naval.
Essas são operações de conhecimento do mercado. No entanto, parece haver muitas outras empresas ou ativos que devem ter de mudar de mãos em breve. Os investidores, por sua vez, estão acompanhando o cenário brasileiro em busca de novas oportunidades.
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*Antonio Felix de Araujo Cintra é sócio na área de Mercado de Capitais e Infraestrutura do escritório TozziniFreire Advogados.