Ainda nos resta o pensamento
O pensamento por ser introspectivo, não se exterioriza, e quando voltado para a política, poupa os agentes de plantão de maiores enfrentamentos.
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Atualizado em 16 de abril de 2014 14:18
Pensar é um direito natural do homem. Nenhum regime político jamais conseguirá tolher a combinação de ideias, o ato de julgar, refletir e raciocinar - aquilo que guardamos dos fatos, sem exteriorizar. Também acarreta sofrimento, devora o homem, submete-o a imensos conflitos internos, mas ao mesmo tempo, é introspectivo e indestrutível, absolutamente pessoal, solitário, silencioso e ofensivo, e ao mesmo tempo o companheiro de todos os momentos. Pensar é existir já dizia o filósofo grego, sendo "melhor pensar para não dizer, que dizer para pensar depois", na concepção do romancista português, Camilo Castelo Branco.
O pensamento por ser introspectivo, não se exterioriza, e quando voltado para a política, poupa os agentes de plantão de maiores enfrentamentos. Conveniente para eles, eis que ficam a salvo de investidas diretas e acusadoras, livrando-os do julgamento público, pelo menos no que concerne a pessoa que pensa e os julga no silêncio do seu ser. Jamais saberão o que pensam os outros, todos silenciosos, julgando-os medíocres e incompetentes, quando não corrompidos pelo Sistema, alguns por fragilidade de caráter, outros por caráter já formado para tal fim.
O copo da paciência transborda a cada dia. A indignação faz parte do cotidiano, já não nos atinge como se fosse o primeiro trauma. Nenhum escândalo surpreende. A repetição e a gravidade dos fatos faz parte de nossos dias, como algo "normal", o que é absolutamente preocupante para a sociedade como um todo. Saúde, segurança e educação totalmente falidas, e o dinheiro público se esvai. As diversas "bolsas sociais", se perpetuam no tempo. O programa "bolsa família", ideia aceitável para combater a miséria, não foi capaz, ao longo dos anos, de ensinar a pescar, mantendo o miserável no estado em que se encontra, absolutamente dependente do "Estado", refletindo escravidão institucionalizada, e um povo inculto, capaz de garantir o controle das massas e a manutenção da situação de fato.
Não podemos generalizar, existem exceções e não são poucas, mantendo íntegra a esperança. Antes imaginávamos para os filhos, agora, certamente, somente para outras gerações. Sonhar é preciso. Pensar mais ainda, como agora, ainda que eles não saibam.
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* Sérgio Luiz Akaoui Marcondes é advogado do escritório Zamari e Marcondes Advogados Associados S/C.