Os 95 anos de Miguel Reale
Miguel Reale faz 95 anos. É impressionante. Enaltecer sua importância para o Direito, as Letras, a Filosofia, é sempre devido. Mas também, convenhamos, um tanto desnecessário. Desconhecer seu relevo, subestimar sua importância, é sinal de ignorância. Outro dia um amigo, jornalista de O Estado de São Paulo, me dizia que a coluna do professor está entre aquelas mais lidas e com maior retorno dos leitores. E olhe que os temas abordados não são propriamente singelos (embora sempre sejam enfrentados com clareza e profundidade, atributos que em conjunto marcam o seu pensamento). Nada mais natural. Sua atualidade e pujança intelectual são incomparáveis. E de há muito.
quarta-feira, 16 de novembro de 2005
Atualizado em 11 de novembro de 2005 07:28
Os 95 anos de Miguel Reale
Floriano de Azevedo Marques Neto*
Miguel Reale faz 95 anos. É impressionante. Enaltecer sua importância para o Direito, as Letras, a Filosofia, é sempre devido. Mas também, convenhamos, um tanto desnecessário. Desconhecer seu relevo, subestimar sua importância, é sinal de ignorância. Outro dia um amigo, jornalista de O Estado de São Paulo, me dizia que a coluna do professor está entre aquelas mais lidas e com maior retorno dos leitores. E olhe que os temas abordados não são propriamente singelos (embora sempre sejam enfrentados com clareza e profundidade, atributos que em conjunto marcam o seu pensamento). Nada mais natural. Sua atualidade e pujança intelectual são incomparáveis. E de há muito.
O professor Reale tem de professor emérito da USP mais tempo do que a maioria dos advogados tem de profissão. Embora cada vez mais juristas se formem nas Arcadas sem ter a sorte de receber suas aulas, ninguém sai da faculdade sem sofrer a influência do professor Reale. Contra a tendência de encarar o Direito cada vez mais como uma prática repetitiva, encontramos a reflexão do pensamento denso do filósofo. Contra o aviltamento doloso da advocacia, sente-se presente a figura elevada, ética e militante do advogado de há mais de 70 anos. Contra o crescente arbítrio camuflado sob as bandeiras da depuração e do combate à impunidade, ouve-se a firme peroração pela liberdade.
Porém, nada é mais marcante no professor Reale que a sua vivacidade quase centenária. Há alguns meses tive a oportunidade de encontrá-lo na festa de aniversário de seu bisneto. Tomou-me um misto de susto, admiração e alegria ao vê-lo, após algumas horas se divertindo à balda, sentar-se à sombra para, na sua plenitude de oráculo, saborear serena e elegantemente um inacreditável algodão-doce. Viva o grande professor.
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*Advogado do escritório Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques, Advocacia
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