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Ânsia de crescer

O grito das ruas é mais que sinal de alerta. É um despertar da consciência coletiva, há muito aprisionada pela inércia em face da sucessão de abusos de quem havia de bem representá-la.

domingo, 30 de junho de 2013

Atualizado às 08:56

Demorou, mas aconteceu. O povo nas ruas, a traduzir sua indignação. Quem diria... A blindagem do desgoverno brasileiro começa a ceder. Nada é para sempre; nem mesmo o desplante dos que se supõem acima do bem e do mal. Afinal, a máscara caiu.

O jogo de cena dum País maravilhoso, a todos nós imposto, rende-se ao compasso da dura realidade brasileira, mais que pressentida pela população. Acorda Brasil, este o cântico das ruas, nuas da tal felicidade apregoada pela chamada classe política. A Política tem de ser outra, a da honradez - comprometida com a ética e a moral. Emerge, aos poucos, a brasilidade madura, a não mais se contentar com o discurso populista e bem orquestrado, propositalmente feito para seduzir e enganar. Tudo tem termo... Até a ignorância popular. Ao que parece, aos tais governantes de ocasião, versados no serão dos discursos hipócritas bem elaborados, doravante, será mais difícil a arte de iludir.

O povo quer e exige mais... O povo quer paz, a se lhe revelar nas pequenas grandes coisas do dia a dia. Numa educação de verdade; numa saúde consistente; numa segurança que vá além de números estatísticos e incompreensíveis; numa Justiça efetivamente justa; enfim, numa vida que lhe dê a confiança de chamar de sua. O brasileiro tem fome da coisa certa, farto de manipulação. Todos queremos mais e melhor, à distância da chaga da corrupção. Mais que os outros, a juventude deste país pede dias melhores, horizontes mais dignos, pessoas mais sérias, que lhes não frustrem a esperança na pátria edificada sobre o alicerce inamovível da vergonha na cara e do pudor sempre presente.

O que nasce do povo vem do povo. O grito das ruas é mais que sinal de alerta. É um despertar da consciência coletiva, há muito aprisionada pela inércia em face da sucessão de abusos de quem havia de bem representá-la. Há como que tempos novos, de impositiva renovação geral. E ai de quem os conteste... No turbilhão da evolução das coisas da vida, serão levados de roldão, submetidos à força do progresso avassalador. Mais que de reflexão, o momento é de ação construtiva, de mudança positiva rumo a uma sociedade melhor.

Não há como impedir o determinismo da transformação da dinâmica social. O que era silêncio virou alarido; o que era omissão fez-se ação enérgica - em que pesem os distúrbios duma minoria descompromissada com as reais finalidades do movimento popular. Soaram as trombetas, ecoaram vozes que dormiam. E não se enganem os oportunistas de plantão, que àquelas não calarão. Não mais os desmandos impunes; não mais os benefícios exclusivistas; não mais o cabresto arrefecedor do ânimo popular.

É hora de lutar, pacificamente, por um futuro melhor, mais condizente com um país de verdade. É hora de perseverar, na busca de objetivos que mudem a cara do Brasil. Quem dormia, qual criança, acordou, qual adulto. A se nutrir do alimento substancioso da moral social. Eta povo brasileiro. Até então pequenino, fez-se grande e descobriu sua força. Eta brasileiro. Até então menino, fez-se adulto, redescobrindo-se no outro. Eta Brasil altaneiro, decantado pelo vozerio das ruas cobertas da sã indignação. Enfim, uma só pujante voz, a dar real significado ao destino elevado desta grande Nação.

 

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*Edison Vicentini Barroso é magistrado e cidadão brasileiro.



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