Yes you can - "Meritocracia" ou "Coitadocracia"
Diante de impulsos estatais e programas assistencialistas, é preciso enaltecer o sucesso individual e mostrar que não é feio vencer por méritos próprios.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Atualizado em 21 de maio de 2013 16:21
Violência sem precedentes, corrupção e o Estado posto para arrecadar como nunca antes neste país, sem qualquer retorno de serviços palpável aos cidadãos.
Um paramento estatal montado num emaranhado burocrático quase intransponível, blindado que é por regramento protecionista que passa não a impressão, mas a certeza de que existe um Brasil que vive montado nas costas do outro.
A sociedade ascendente se curva à pouca instrução e às facilidades do assistencialismo estatal, que retira da frente de trabalho incontáveis braços que aquiescem ao binômio assistência-voto.
Foi importante e necessária a execução de programas de inclusão social, iniciados no governo do outro partido, então ampliados e aprofundados pelo governo atual.
Mas esses programas, como tudo, devem ter começo, meio e fim. O fim não é necessariamente, nesse caso, o encerramento, mas a sua melhoria e adequação à realidade atual, após duas décadas de aplicação.
É que o incluído socialmente, hoje com crédito e conta bancária, às vezes pendurado em prestações de bens de consumo, não deve e não irá continuar a se ver eternamente como um assistido social, mas antes deve dar o próximo passo, que é o de buscar galgar posições na sociedade por mérito próprio.
Mas aí existe um vácuo de discurso, de impulso e de exemplo estatal, pois não há um só partido político de peso que diga o que poderia ser dito.
No ambiente em que aquele que tem imóvel, emprego e automóvel, pagando tributos, é classificado de "elite dominante" pelos entes estatais, pejorativamente, em contraste à dignificação da pobreza e da miséria, o incluído verá seu próximo passo sem indicativo claro.
É nessa medida que os homens públicos precisam esquecer-se que o discurso que enaltece o coitado, malgrado justo e catalisador de votos, não resolve a intrincada equação que é a mudança de postura de assistido social para força de trabalho agregadora de ganhos para toda a sociedade.
O discurso público, assim como os programas assistencialistas, precisam ir um passo além, para passar a imagem e a mensagem de que não é feio vencer por méritos próprios. Precisam efetivamente dar com uma mão e indicar o caminho com a outra.
Nesse passo é que o país precisa se preparar melhorando a educação de primeiro e segundo graus, com maciços investimentos em qualidade, não apenas em quantidade estatística, bem como em saúde, dois elementos essenciais a qualquer sociedade que deseje melhor se qualificar como tal.
O discurso soviético ou o do bom e pobre cristão precisam ser complementados pela ideia de que não é feito olhar para o norte e dali extrair alguns exemplos, adaptando-os à nossa realidade.
Ainda não chegamos ao "yes we can" como sociedade, porque o Estado precisa primeiro adotar o discurso do "yes YOU can", e parar de recriminar o sucesso, sobretaxando-o e descrevendo-o como pecaminoso.
Um país é feito de indivíduos. O sucesso de um país é o sucesso desses indivíduos. Não se pode continuar a discursar com desprezo ou sem enaltecer os exemplos de sucesso individual.
Não me refiro a falsos casos de sucesso, que são fruto de safadeza e conchavos, mas sim àqueles casos dos indivíduos que estudaram, trabalharam e vingaram.
São esses casos que devem ser adotados como exemplo e como meta explícita do discurso de governo ou de algum partido político de visão, fixando norte claro a toda a classe ascendente da sociedade, para que se forme uma sociedade de sucesso, que constrói passo a passo sua realidade, não com retórica, mas com estudo e trabalho.
Pela meritocracia em substituição à coitadocracia.
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* Eduardo Dietrich e Trigueiros é advogado do escritório Newton Silveira, Wilson Silveira e Associados - Advogados