Omissos

Mas como diria o João, - não te preocupa, deixa comigo, não te preocupa. Certo mesmo é que a maioria não consegue se lembrar.

Achamos que depois do voto não temos mais nada a ver com eles, os políticos. Eleitos ou não.

Nossos deveres cívicos se deletam e a nossa cidadania sendo apenas de fachada fica só na coreografia que nem aquelas meninas que malham aos domingos no Programa do Faustão.

Cobrança mesmo quando aparece, e aparece aos montes, é para deteriorar a democracia com os desvios do clientelismo, do fisiologismo, da falsa caridade, do é dando que se recebe, e vamos lá- eu conto contigo, tu contas comigo. E até a próxima eleição.

Nós, o Povo, nas ultimas eleições, mandamos para Brasília 513 Deputados Federais e 54 dos 81 Senadores. E elegemos a primeira mulher Presidente da República.

O Maranhão que tem, e não é de hoje, isso vem de há séculos, a maior concentração de poder político do Brasil por metro quadrado - e ainda assim é o Estado mais atrasado do Brasil - mandou para o Congresso Nacional 18 Deputados Federais e dois dos três Senadores. Um já estava lá.

Potencialidades e possibilidades para nos desenvolver não nos faltam. O que nos falta é qualidade na política. Não aparecem na ribalta pessoas bem qualificadas, de vida pregressa e atual respeitáveis.

Agora mesmo estamos vendo a Dilma em esforços quase tresloucados querendo aprovar a Medida Provisória que libera todos os portos para qualquer tipo de carga. E daqui não se vê e nem se ouve nada dos nossos novéis representantes. Nem contra nem a favor. Muito menos pelo contrário.

O Atlântico beira o Brasil em 7.367 quilômetros contínuos. Com 640 quilômetros, o Maranhão tem o segundo maior litoral e um dos maiores portos do mundo em profundidade natural.

Foi por causa do Porto do Itaqui que tantos de muitos lugares se aventuraram a nos conquistar.

Agora o que temos entre o céu e o mar é essa fila interminável de navios querendo o porto alcançar.

Com os investimentos possíveis logo o Itaqui estará mais aberto e então haverá muito mais movimento. Poderemos somar 150 milhões de toneladas de cargas. Isto quer dizer uso racional e lucrativo das nossas potencialidades. Isto se traduzirá em produção interna, em exportação e importação, em comércio internacional, em sair do atraso econômico e social e da pobreza política.

O que nos intriga ademais não é só a omissão dos nossos políticos nos debates de questão de tanto interesse para o Brasil e, em especial, para o Maranhão.

Não consigo compreender também é o silencio das entidades de classes empresariais e de trabalhadores, dos sindicatos e das Casas legislativa e dos partidos políticos num momento como este em que uma questão, essa da MP dos Portos, tão relevante para o Maranhão está na ordem do dia.

E agora? Consegues lembrar em quem votastes?

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* Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA