Estranhas
Do que ainda vamos nos surpreender se aqui, nesta ilha do amor, o que ainda não aconteceu de estranho, melhor dizendo de absurdo, está para acontecer?
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Atualizado às 08:56
Afinal, do que ainda vamos nos surpreender se aqui, nesta ilha do amor, o que ainda não aconteceu de estranho, melhor dizendo de absurdo, está para acontecer?
Muitos ainda se lembram do carro dos bombeiros que acionado para apagar um incêndio pegou fogo e só não foi pior porque havia um montão de areia por perto, de uma construção.
Daí dizer-se no nosso querido Estado que quando não há água, areia serve.
O problema agora é que há água demais despencando das nuvens e os incêndios são invisíveis, impermeáveis às ações dos bombeiros.
Muito se queima do ervanário publico e nós outros por aqui só ficamos sabendo.
Ficamos a nos queixar dos buracos porque somos pessoas sem compaixão.
Buraco mesmo, melhor dizendo crateras, para valer tem em Marte e deveríamos nos mirar na solidariedade dos marcianos que não se queixam dos seus governantes e nem ficam por aqui, entre nós, falando mal deles.
A diversão agora é sair medindo no maior silêncio dez metros de altura a partir das atuais quebradas do mar em derredor da ilha construindo-se, imaginem, a partir dessas contas a mais possível hipótese quanto ao lugar mais vulnerável à pontaria certeira de um tsunami.
Como muitos ainda acreditam que Dom Sebastião, o Rei de Portugal, se encantou na África vindo parar ali para as bandas da Ilha dos Caranguejos onde vive invisível, há também, ultimamente, depois das catástrofes na Ásia, quem acredite na vinda de um tsunami para estas beiradas do atlântico.
Há quem acredite que com a insensatez poderosa de tão poucos malvados corações que teimam em mandar em nós, só uma raiva da natureza com essa dimensão destruidora de um tsunami poderá acabar de vez com essa nossa apatia, com esse alheamento com que a maioria de nós outros por aqui ilhados sofrendo horrores fingimos não nos incomodar.
Os que chegam de avião deram agora para achar estranho que ônibus bacanas iguais aos que circulam em muitos aeroportos do mundo os recolham aos pés das escadas e os conduzam numa viagem de poucos minutos à estação de desembarque.
Querem algo mais chique e inigualável até mesmo aos ambientes de chegança a sonhados destinos do ecoturismo do que saltar desses ônibus sob uma chuva fina ou um sol inclemente e depois ficarem esperando em ânsias e desconfortos a mala que logo será amontoada sobre um jirau e vocês se enroscando em cotoveladas humanas, civilizadas mesmo, querendo cada um sofregamente alcançar a sua?
Lembrando Terêncio, grande filósofo espanhol que por um bom tempo muitos o imaginaram chinês, contemporâneo de Confúcio, nada do que é humano me é estranho.
O Maranhão detém há décadas a maior concentração de poder político por quilômetro quadrado no País. Poder que ajoelha Presidentes, manipula Ministérios e até desconstrói Ementas.
Não é estranho que com esse poderio todo capaz inclusive de influir na consciência das urnas revogando eleições ainda tenhamos que continuar tolerando isso tudo achando graça de tudo.
A ciência ainda não descobriu porque o qüén-qüén dos patos não faz eco. Mas garante que em dez minutos, um furacão produz mais estragos do que duzentas ogivas nucleares juntas.
A história lembra que o cara que inventou a cadeira elétrica era dentista.
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* Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA