Os dezoito do forte
O procurador de Justiça aposentado Traça um paralelo da eleição de Renan Calheiros com o episódio dos "Dezoito do Forte", em Copacabana.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Atualizado em 7 de fevereiro de 2013 11:21
A grande imprensa tem dispensado atenção demais para com o senador Renan Calheiros. O parlamentar é uma figura secundária que não merece tanto espaço. Em vez de falar na sua pessoa, por que não lembrar dos dezoito senadores da oposição que navegando contra vento maré, assumiram a coragem de despejar seus votos no líder Pedro Taques, em gesto memorável de independência e honradez que até agora não mereceu uma palavra dos comentaristas políticos?
Só se fala na oposição ao peemedebista para criticar a exiguidade dos votos reservados ao aguerrido senador Pedro Taques, repetindo que foram muito poucos, o que não é verdade. Podem ser o começo da virada da oposição que até agora parecia morta e enterrada.
E, sobretudo, cumpre destacar que 18 é um número de forte simbolismo histórico. Lembra o episódio inesquecível dos Dezoito do Forte de Copacabana. Foi em 1922, quando dezoito jovens militares idealistas e patriotas lideraram um protesto contra a tirania das oligarquias que sufocavam a Velha República. Eduardo Gomes e Siqueira Campos, dois futuros gigantes da luta pela liberdade, foram feridos em combate.
Foram também em número de dezoito os bravos senadores que protestaram contra a ditadura da mediocridade e da corrupção do baixo clero que subitamente se agigantou naquela casa de leis para eleger um presidente que não se sabe a que veio, sem plano de governo porque não será ele que vai governar.
A minoria do Senado está destinada a passar para a história, enquanto aquela maioria jurássica ficará esquecida depois de lavada pela onda de desprezo em que se afoga.
Merecem um viva entusiástico os Dezoito da Praça dos Três Poderes!
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* Gilberto de Mello Kujawski é procurador de Justiça aposentado, escritor e jornalista
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