Os redentores
Em meio a obras literárias, o cronista migalheiro relata pessoas que foram importantes para a formação do caráter de uma sociedade.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Atualizado em 18 de janeiro de 2013 14:42
Não há quem não ouça o aviso pelo alto falante, a partir de cabine, de que a partir deste momento fica proibido o uso de celulares e que ninguém deve fumar. São procedimentos para a segurança do voo.
Abro um livro - Os Redentores, de Enrique Krauze, um historiador mexicano que dá aulas em Oxford, na Inglaterra; escreve para o El País na Espanha e para o Times nos Estados Unidos.
De suas obras, afora este Os Redentores, a que mais aprecio é "El Poder e em Delírio", que tanto tem a ver com a ingenuidade ou má fé dos que acham que tendo poder em mãos, conquistado, poderá mudar tudo a seu bel prazer, imantando-se de uma suposta legitimidade que só renderá autoridade e respeito se não se despir da manta de centurião romano, se não descer das tamancas que fazem parecer mais altos do que efetivamente são.
Para quem quiser entender essa patacoada aqui do Maranhão sugiro "El Poder y el Delírio", de Enrique Krauze.
Já "Os Redentores" é uma densa coletânea ele se reporta às lutas que culminaram pela vitória da liberdade em muitos pontos onde ela parecia ainda muita distante na América Latina.
Em muitos do continente a liberdade parecia tão miríade que muitos seus apóstolos se entregaram ao sofrimento de privações pessoas para não terem que deixar a trilha, assegurando doses confiantes de certeza de vitorias logo em seguida.
Em "Redentores" Enrique Krauze exibe uma radiografia do que ainda há de mais significativo para a construção da identidade latino-americana.
Jose Marti, um poeta baixinho, de voz fraca, aparência frágil, se transmuda num monstro quando se põe em ação pela independência de Cuba.
- Para mim a Pátria nunca será triunfo, mas agonia e dever. Aprenda comigo. Eu tenho a vida de um lado da mesa, a morte de outro, e meu povo sobre meus ombros. "E veja aqui quantas paginas estou escrevendo,".
A coletânea de Krauser começa com Marte, vai ao uruguaio Enrique Roído, a mexicana no Jose Vasconcelos, uns filos que Ministro da Educação mandou editar centenas de milhares de livros clássicos gregos, romanos, me dos atribui ineditamente nas praças do México a toda a pessoa, indistintamente, sabendo ler ou não.
Jose Carlos Mariategui, um auto didata que teve influencia transcendental na formação do seu povo. Che Guvara dispensa apresentações. Gabriel Garcia Marquez, Mário Vargas Llossa. Sanuel Ruiz. Subcomandante Marcos e Hugo Chaves.
Aqui entre nós não faltam os que também ante esses casos guardem o seus silêncios para as madrugadas. E ainda tem Eva Perón.
O avião vai decolar agora, mas eu prometo depois que ler isso tudo fazer um resumo para inteirar vocês da ação dessas pessoas tão importantes para a formação do caráter do nosso continente.
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*Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA
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