O Maranhão
Um casal havia se separado e, na hora do acerto do "o que é meu eu quero pegar de volta", foi quando aconteceu a confusão. Confira a crônica.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Atualizado às 07:45
O fato é absolutamente verdadeiro e se passou no Juizado Criminal numa audiência de conciliação.
O casal havia se separado. Depois da separação, o ex-marido teria ameaçado a esposa e isso os trouxe até ao Juizado Criminal para resolução da pendenga. Aberta a audiência de conciliação, a conciliadora, com seu reconhecido talento e experiência, mostrou aos contendores a vantagem da conciliação e arquivamento do caso.
A mulher concordou em retirar a queixa, em nome da paz, mas exigiu que o marido lhe entregasse alguns bens pessoais que ainda estavam na casa dele. O marido, previdente, disse que não havia problema, que, inclusive, estava com os tais bens em seu carro e prontificou-se a ir buscá-los, o que foi aceito.
Suspensa a audiência, o homem foi até o carro e voltou com uma caixa.
Colocou-a no chão e de seu interior começou a retirar os bens da esposa e a colocá-los em cima da mesa.
A primeira peça foi uma calcinha muito sexy.
-- Lembra-se, foi comprada em Paris?
A mulher deu de ombros.
A segunda, foi o sutiã.
-- Sem o sutiã, a calcinha não teria valor. Pegue.
A mulher continuou calada, agora com a cara mais amarrada.
A terceira foi o Maranhão.
-- Você não iria poder viver sem ele - E colocou em cima da mesa um descomunal pênis de silicone.
Nesse momento, a mulher que já estava irritada, explodiu:
-- Guarde isso para você. Isso não é meu... Que absurdo - e outras palavras do gênero, algumas não publicáveis.
-- É seu!
-- Não é meu!
-- É seu, sim senhora!
-- Não é!
A conciliadora, ruborizada, interveio.
- Tirem o Maranhão daqui ou chamo a polícia.
- Eu não tiro, disseram os litigantes e seus advogados - todos ao mesmo tempo.
Enquanto isso, alheio a tudo, o Maranhão jazia calado sobre a mesa.
Como ninguém quisesse obedecê-la, a Conciliadora levantou-se para chamar o policial.
Foi aí que o advogado do marido disse que resolveria o problema. Pegou o Maranhão e o enfiou embaixo do paletó.
Em seguida, todos deixaram a sala.
A conciliadora saiu logo atrás, em tempo suficiente para ver o advogado atirar o Maranhão na lata de lixo.
Com o barulho, um circunstante se aproximou para ver o que havia sido jogado. Outros se aproximaram e logo, todos os que aguardavam as audiências - e não eram poucos - vieram matar a curiosidade.
De repente, chegou uma das Serventes.
-- O que é que está acontecendo aqui?
-- É o Maranhão que foi jogado no lixo - respondeu alguém que não quis se identificar.
A mulher se aproximou olhou o bicho e não teve dúvidas. Enrolou o Maranhão em um jornal e o levou embora.
No dia seguinte, ninguém falou do Maranhão. Mas conta a lenda que a Servente, que nos últimos tempos não andava lá de bom humor, chegou ao trabalho com um sorriso nos lábios, exalando felicidade.
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*Gilberto Ferreira é professor da PUC e juiz de Direito em Curitiba/PR
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