Vencedores e vencidos
O discurso do honesto hoje é tão desacreditado que já não atrai as aglomerações para as quais ele agora, o honesto, é tido apenas como um bobo.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Atualizado em 6 de setembro de 2012 14:14
Fico vendo daqui os homens se digladiando em fortes golpes verbais, injúrias, ofensas tantas que tais, uns até querendo que antigas amizades nem se vejam porque isso pode desfigurar alianças de ocasião e, então, o melhor é fingir que estão até brigados, pelo menos até o resultado final.
Isso tudo por um cargo publico que, se levado a sério no que efetivamente representa, é para quem tem consciência, espirito público e responsabilidade, grande fonte de mais dissabor politico do que de satisfação pessoal.
Hoje em dia a gestão pública, em si, querendo a pessoa fazer as coisas da maneira certa para que o rendimento seja o melhor, resulta em tantos incômodos, desassossegos e aborrecimentos que, muito dificilmente, será possível alcançar metas sem acumular descontentamentos, invejas e inimizades.
Quem tem responsabilidade e senso de dever não se incomoda com essas coisas, faz o que tem fazer, mas não conseguirá nada se não liderar o suficiente para envolver a maioria das pessoas, tendo-as em apoios ao seu lado. Sem mentiras e sem clientelismos.
Na politica hoje em dia quase nem há espaços para a decência, a franqueza, a sinceridade, a ética, a verdade.
O discurso do honesto hoje é tão desacreditado que já não atrai as aglomerações para as quais ele agora, o honesto, é tido apenas como um bobo. A politica como está acontecendo não é mais, definitivamente, a sua praça, a sua estrada, a sua jornada, o seu melhor espaço.
Já está no adagiário - teu filho não quer estudar, não quer trabalhar, achas que não vai ser nada? Entrega-o a um politico e logo será um deles...
A politica é a porta da esperança para a maioria que adora ouvir promessas e o baú da felicidade para a maioria dos políticos de ontem e também das muitas aparições mais recentes.
Não me choca nadinha ver esta chamada de primeira página no jornal O Imparcial - "No Interior, Prefeitos Ficam Ricos e a Educação Continua Muito Pobre". Se todos os partidos políticos fossem efetivamente comprometidos com o bem comum, e não conluiados com a impunidade, essas pessoas nunca teriam sido candidatas.
O mandonismo sabe quão perigoso aos seus propósitos é o investimento em educação.
Como se diz por aí, quanto menos escolas, mais telespectadores e, por conseguinte, mais eleitores iguais a gado no curral, mais clientelismo, mais corrupção e menos democracia.
Chocaram-me, sim, as inesperadas reações e até sabotagens, à interiorização da Justiça Federal que, com a cobertura orçamentária do Lula, consegui empreender.
Aos dominadores aquilo soava como uma agressão. As regiões pobres, segundo eles, tem que ser mantidas muito longe dos direitos e das vantagens da democracia. Quanto menos cidadania na área, maior o grotão e mais dominada sua gente.
Agora e por mais um mês continuará em cartaz esse Gran Circus de uma atração só - o confronto entre gladiadores de mentirinha que não lutam por liberdade alguma de ninguém.
Lutam, sim, por si próprios. Como declara, sinceramente, em sua campanha um candidato, aliás, comunista, na minha terra, que quer ser eleito porque quer mesmo é se dar bem.
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*Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA
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