9 de julho
Antônio Aurélio do Amaral
Estamos na era da Internet. É o "boom" das comunicações. Circula de tudo pela rede mundial, desde publicidade de negócios, acesso à ciência e outras coisas relevantes, até superficialidades, perversidades e crimes tais como pedofilia, espionagem, etc.
sexta-feira, 8 de julho de 2005
Atualizado em 7 de julho de 2005 14:37
9 de julho
Antonio Aurélio do Amaral*
Vividos, e por isso prudentes em seus julgamentos. É como interpreto o silêncio dos amigos nesta crise política que o Brasil atravessa. Tenho apreciado essa prudência.
A comunicação pela Internet é curta, colorida, muitas vezes procura ser engraçada e quase sempre é bem superficial. E assim tem sido a última onda panfletária. O convite ao repasse em progressão geométrica recorre a mal discutidas razões de cidadania misturadas quase sempre a inconfessáveis preconceitos. Na verdade não tenho recebido só de vocês, há "adolescentes políticos" com mais de 50 anos que também o fazem. Interessante é que são os mesmos "grisalhos" que repassam imagens de mulheres nuas e outras coisas como se adolescentes ainda fossem. Mas, não é sobre "adolescentes políticos" que eu lhes escrevo.
Trinta e oito anos depois, novamente brasileiros de várias partes do País e de todos os níveis sociais, empenharam-se em alguma forma de luta pela democracia. Muitos deram suas vidas ainda muito jovens. Vocês conseguem imaginar alguns de seus jovens colegas enfrentando uma ditadura ? Muitos foram presos e covardemente torturados com requintes de crueldade. Muitos jovens, inclusive meninas, foram assassinados ou assassinadas. Mas eles escreveram nossa História. Foi uma etapa dolorida, mas nela estiveram embutidas belas e intensas emoções. Outras etapas vieram. Mas ainda não chegamos lá. Os números mostram que o Brasil ainda é um dos mais injustos países do mundo.
As concepções ideológicas ou políticas dos bravos (e bravas!) que se irmanaram na luta pela liberdade na década de 70 eram variadas. Mas tinham como denominador comum a luta contra a ditadura.
Entre os voluntários de 1932 até monarquista podia existir, não importava. Depois de 4 jovens estudantes tombarem próximos à escola Caetano de Campos (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo), brasileiros de São Paulo, de várias idades, profissões, origens sociais e nacionalidades (colônias de imigrantes), levantaram-se em armas unidos por um ideal eterno. Mas o que importa é a ação. E a ação era corajosa e pela democracia. Dava-lhes um sentido superior às suas vidas.
Quarenta anos depois, em 1969 e em toda a década de 70, panfletar ou pichar podia custar sua vida. Quem panfletava ou pichava pela liberdade podia ser preso, torturado e morto. Até simples apoio como guardar materiais ou abrigar alguém podia levá-lo à tortura. E muitos brasileiros assumiram o risco e panfletaram. É o inverso de panfletar contra a estabilidade da democracia e atrás do teclado de um computador. Vocês conseguem entender a dupla diferença?
Cuidado, meus filhos, principalmente com os "adolescentes políticos" de cabelos grisalhos que, fisgados pelos seus preconceitos, empolgam-se com seus primeiros e tardios passos na "política".
Sejam prudentes no julgamento. Não "engulam" juízos de valor ou interpretações desonestas misturadas a fragmentos de fatos e ficções. Prudência e equilíbrio!
____________
* Filho de José Bonifácio de Sousa Amaral - Ex-Combatente da Revolução