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O brasileiro é muito melhor

Rubens Manino

O crescimento da demanda de softwares no mercado jurídico brasileiro tem atraído alguns desenvolvedores estrangeiros a embarcar no Brasil, com soluções prontas e desenvolvidas para atender processos administrativos e fiscais de outros países, principalmente dos Estados Unidos.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Atualizado em 14 de junho de 2005 10:02

O brasileiro é muito melhor


Rubens Manino*

O crescimento da demanda de softwares no mercado jurídico brasileiro tem atraído alguns desenvolvedores estrangeiros a embarcar no Brasil, com soluções prontas e desenvolvidas para atender processos administrativos e fiscais de outros países, principalmente dos Estados Unidos. Entretanto, a dinâmica e a complexidade da legislação e as constantes alterações das regras tributárias e fiscais brasileiras, torna a tarefa de adaptação de tais softwares bastante árdua e, quase sempre, imperfeita.

O mercado de softwares para escritórios de advocacia no Brasil está consolidado e os players tupiniquins, ao contrário do que se possa pensar, não só dão conta do recado como se superam a cada dia. Há empresas especializadas no setor que, há anos, estão investindo no barateamento e adequação das soluções para o mercado nacional, inclusive com locação de infra-estrutura e de sistemas. Infelizmente, ainda vemos estrangeiros desembarcarem no País, com a pretensa alegação de que existe um mercado não atendido.

Não é nosso propósito fazer apologia à proteção de mercado, já que a concorrência é um dispositivo saudável, mas sim, um alerta. Muitas bancas de direito têm sofrido com dificuldades na implantação e no suporte técnico de aplicativos financeiros de empresas estrangeiras, que por causa da distância e dificuldades de entendimento da legislação brasileira, demoram a solucionar os problemas. Mesmo com parcerias de integradores nacionais, a dependência do fabricante invariavelmente resulta em dificuldades, que têm trazido muita dor de cabeça e prejuízo aos escritórios que optaram por tais sistemas. Por outro lado categorias de softwares, como sistemas operacionais, sistemas de gestão de documentos, servidores de aplicações, editores de texto e outros se adaptam a qualquer cultura ou legislação, e devemos aproveitar a tecnologia já existente.

E, antes que se pense em um nacionalismo descabido, é importante frisar que nosso país possui softwarehouses com tecnologia de ponta, com sistemas avançados e integrados para gestão de processos das bancas de direito. A sofisticação do setor no Brasil já se tornou referência mundial, principalmente porque a alta instabilidade das regras que regem a legislação tributária e fiscal brasileiras, conduziu a uma flexibilidade ímpar. Para se ter uma idéia, há empresas que, assim que novas Leis são publicadas, acionam suas divisões de pesquisa e desenvolvimento, que adeqüam o aplicativo e o disponibilizam para atualização nos clientes em tempo recorde.

Nos sistemas estrangeiros, os módulos financeiros, que precisam calcular retenções dos mais diversos tipos (PIS, Cofins, IRPJ, CSLL, IRPF, INSS, ISS, etc.) e outros pormenores da Lei brasileira, nunca chegam à customização necessária, abrindo lacunas para incorreções. Neste sentido, é necessário questionar o setor jurídico sobre a validade de implementação de recursos desenvolvidos para outras realidades e, o que é pior, a custos muito mais altos que os praticados por desenvolvedores nacionais.

Vale ressaltar que a especialização dos brasileiros não é de hoje. Há empresas brasileiras, especializadas no mercado jurídico, atuando há 20 anos e, durante este período, estas companhias fizeram a lição de casa direitinho. Atualizaram a tecnologia, incluíram funcionalidades, acompanharam as demandas do mercado, aprimoraram recursos e atingiram o estado da arte.

Um diferencial que também conquistou a credibilidade dos brasileiros foi o 'jeito de ser' mesmo. Há empresas que mantêm equipes de atendimento mistas, compostas por especialistas em tecnologia e advogados, o que garante o entendimento das necessidades de lado a lado. E, como sabemos, quando se fala a mesma linguagem e há conhecimento de detalhes sobre o funcionamento do sistema jurídico, como o cumprimento de prazos, o grande volume de despesas a serem computadas, bem como as demandas mais relevantes dos clientes, tem-se meio caminho andado no atendimento das expectativas. Mais que isto, pode-se superá-las.

Além disso, poucos sistemas têm a integração ideal de todos os recursos para garantir a correta execução contábil. De fato, uma boa solução jurídica deve prover total integração a todas as soluções da banca de direito, desde a gestão de casos jurídicos, time sheet, financeira, até outros sistemas corporativos.

Assim, vemos que não é por acaso a crescente aceitação do software brasileiro neste segmento. Talvez seja uma boa idéia valorizar, ou pelo menos conhecer, o que nossos empreendedores estão fazendo, principalmente porque, além da evidente qualidade dos produtos, estas companhias geram empregos locais, impulsionando o crescimento do país. E, por outro lado, todos sabem das severas barreiras que a tecnologia nacional e os produtos industrializados enfrentam lá fora, com a imposição de leis paternalistas que não permitem a livre concorrência em território estrangeiro.
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*Sócio fundador da BCS Informática e Associados













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