A imortalidade e a herança de Ruy Barbosa (Final)
Nos artigos anteriores comentei que o primeiro defensor público do Capitão Alfred Dreyfus, vítima de erro judiciário de um Tribunal militar francês (1894), por suposta espionagem em favor da Alemanha, não foi Émile Zola, com a sua histórica carta J'Accuse, mas sim, a Águia de Haia, em artigo escrito em Londres e divulgado no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Atualizado em 2 de fevereiro de 2011 16:17
A imortalidade e a herança de Ruy Barbosa (Final)
Pensamentos que valem como notáveis lições de liberdade
René Ariel Dotti*
Nos artigos anteriores comentei que o primeiro defensor público do Capitão Alfred Dreyfus (1859-1953), vítima de erro judiciário de um tribunal militar francês (1894), por suposta espionagem em favor da Alemanha, não foi Émile Zola (1840-1902), com a sua histórica carta J'Accuse, publicada no jornal Aurore (13/01/1898), mas sim, o Águia de Haia, em artigo escrito em Londres e divulgado no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro (03/02/1895). Além das fontes já referidas para confirmar esse fato [omitido no livro O caso Dreyfus - Ilha do Diabo, Guantánamo e o pesadelo da História, (Companhia das Letras, 2010)] eu indico outras em meus Casos Criminais Célebres (RT, 3ª ed., 1998), inclusive depoimentos dos filhos de Dreyfus.
Na coluna de hoje, reproduzo alguns pensamentos do imortal estadista, jurista, escritor, advogado e senador da República, relativas à liberdade de imprensa e publicados pela Migalhas. Seleção e organização de Miguel Matos, revisão e índice temático de Maria Augusta Bastos de Mattos e editoração de Fabio Shimo. A atualidade dessas peças de resistência cívica é indiscutível. Vale conferir:
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"Os meios de educar a opinião não são outros senão a escola e a imprensa, dois sacerdócios sublimes, não menos essenciais à vida espiritual dos povos que o sacerdócio do culto externo."
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"A coação à imprensa, ferindo o indivíduo ofende, ao mesmo tempo, a ordem pública, a nação e o regime de governo."
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"Não há justiça sem imprensa."
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"A publicidade é o princípio, que preserva a justiça de corromper-se. Todo o poder, que se oculta, perverte-se."
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"Imprensa e liberdade, jornalismo e consciência são termos de uma só equação. Onde a manifestação da consciência não for independente, não há jornalismo. Onde a imprensa existir, a independência no escrever é irrecusável."
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"A imprensa é a vista da Nação."
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"Imprensa - A válvula essencial da vida nos países livres."
Lembro sempre o ditado "cada homem é o escultor de si mesmo", quando em ruas, praças, jardins, espaços públicos e privados - inúmeros lugares próximos ou distantes de nosso imenso Brasil - eu passo em frente à estátua de luz e sabedoria de Ruy Barbosa.
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*Advogado do Escritório Professor René Dotti e professor universitário. Presidente da Comissão da OAB para analisar e propor emendas ao projeto do novo CPP. Detentor da Medalha Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados (2007)
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