Uma fábula real - Diálogo de oposição
Um passarinho contou a Ferreira Gullar (Folha de São Paulo) que quando a PM realiza incursões nas favelas do Rio de Janeiro, ao apreender grande quantidade de dinheiro, drogas e armas, parte das coisas apreendidas são levadas ao quartel, sendo que outra parte é vendida e dividida entre os integrantes da patrulha.
segunda-feira, 25 de abril de 2005
Atualizado em 20 de abril de 2005 09:16
Uma fábula real - Diálogo de oposição
Affonso Ghizzo Neto*
Um passarinho contou a Ferreira Gullar (Folha de São Paulo) que quando a PM realiza incursões nas favelas do Rio de Janeiro, ao apreender grande quantidade de dinheiro, drogas e armas, parte das coisas apreendidas são levadas ao quartel, sendo que outra parte é vendida e dividida entre os integrantes da patrulha.
- Mas isso não é corrupção?
- Sim, um grave ato de corrupção. Tais situações, muitas vezes generalizadas, causam desânimo aos cidadãos de bem.
- Como combater e acabar com esta chaga? Não seria utópica a idéia de acabar com a corrupção?
- Muitas pessoas lutam contra as coisas que acreditam erradas. É necessário, portanto, proporcionar condições reais de combate à corrupção.
- Proporcionar? O que é um propósito?
- Propósito é uma razão de existir. Tornar a vida mais agradável para os outros, por exemplo, é uma razão de existir. Proporcionar melhores condições de vida para idosos, crianças e adolescentes. Oferecer oportunidade de educação, alimentação, saúde e laser. Enfim, sonhar utopicamente com a felicidade.
- Não concordo, entendo diferente!
- Certo, todos nós somos diferentes. Tivemos experiências diferentes. Recebemos educação de maneira diferente. Projetamos nossos desejos e ideais de maneira diferente. Por que então não teríamos compreensões diferentes?
- Mas vem cá, só entre nós. Para que tudo isso se todos nós vamos um dia morrer.
- Certo outra vez, todos nós iremos morrer.
- Então qual a razão para tudo isso? Por que lutar por um propósito se no fim iremos morrer?
- É necessário lutar sim. Por nossos pais, por nossos filhos, por nossos amigos, mesmo pelos desconhecidos. Pela felicidade, lembra? Não são estas razões suficientes?
- E depois?
- Depois não sei. Depois...
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*Promotor de Justiça em Joinville e professor da EPAMPSC
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