A interdisciplinaridade vira realidade
Nesse momento de Copa do Mundo, imaginem uma quadra poli-esportiva presente em qualquer clube ou condomínio de classe média no Brasil. Em tal espaço, estão sobrepostas linhas que delimitam as regras do jogo de futebol de salão, basquete, vôlei, handebol e tênis.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Atualizado em 14 de junho de 2010 13:48
IGD Ano I: a interdisciplinaridade vira realidade
Luiz Antonio Ugeda Sanches*
Nesse momento de Copa do Mundo, imaginem uma quadra poli-esportiva presente em qualquer clube ou condomínio de classe média no Brasil. Em tal espaço, estão sobrepostas linhas que delimitam as regras do jogo de futebol de salão, basquete, vôlei, handebol e tênis. Há uma trave e um cesto em cada uma das duas extremidades da quadra. Coloquem-se os atletas para jogar todos os esportes que tem as respectivas linhas projetadas no chão ao mesmo tempo. Tudo isso submetido a diferentes árbitros, cada qual com competências distintas.
O resultado de tal catarse seria no mínimo curioso. Cada um dos esportistas tentaria fazer prevalecer seu esporte em detrimento dos demais, valorizar suas respectivas atividades pela alta especialidade de suas regras ou pelo simples uso da força, trombariam em quadra, trocariam as bolas, haveria mistura de regras, de cores dos uniformes. E os resultados seriam altamente previsíveis: jogadores contundidos, erros nas contagens de pontos, aumento da possibilidade de ocorrência de jogadas irregulares, enfim, a total inviabilidade da prática concomitante dos esportes em um mesmo espaço.
O exemplo dessa parábola mal alinhavada, se transportado para a realidade geojurídica brasileira, ainda seria simples. Isso porque o Brasil, esse enorme espaço de pretensões resistidas, tem inúmeros recortes em seu território (superfície, subterrâneo, marítimo, aéreo e espacial), sejam geográficos (internacional, nacional, regional e local), sejam jurídicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
E a interdisciplinaridade entre Geografia e Direito se torna uma realidade no Brasil. Maior país tropical, e latino, do mundo, será em dez anos a quinta maior potência econômica, sendo a primeira energética e alimentar. Independentemente das escolhas que os brasileiros farão nas eleições deste ano, há a necessidade de se aprofundar a dialética entre o global e o local, de forma a construir uma regulação jurídica tendo como objeto a sociedade e sua ocupação do espaço.
Nesse primeiro ano de existência, o IGD - Instituto Geodireito buscou conferir sua contribuição. Sob coordenação do Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUC/SP, apoiou grupo de pesquisadores e alunos interessados em estudar a interdisciplinaridade entre Geografia e Direito, sendo a primeira linha de pesquisa sobre Geodireito e Regulação do Território do país aprovada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
No mesmo sentido, participa de iniciativas no Senado Federal de construção de nova governança para treinar mão-de-obra qualificada para a década de 10, em que o Brasil deve experimentar níveis de investimento em infra-estrutura sem paralelo, além de realizar treinamentos em Direito da Energia, Ambiental e Urbanístico.
O IGD, que sem ser um veículo de imprensa já alcançou 25 mil acessos em maio de 2010, tem a convicção de que, neste período em que o CNPq incentiva a interdisciplinaridade, já conta com grande aceitação da sociedade e da comunidade científica. Já é consenso ser imprescindível o estudo conjunto entre Geografia e Direito, de forma a responder os anseios de nossos desafios atuais.
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*Diretor-Executivo do IGD - Instituto Geodireito
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