Para filosofar
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, andei refletindo sobre as mulheres no mercado de trabalho...
segunda-feira, 1 de março de 2010
Atualizado às 08:29
Para filosofar
Juliana Marques Kakimoto*
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, andei refletindo sobre as mulheres no mercado de trabalho...
Quando pensamos sobre isto, logo nos lembramos das desigualdades de tratamento que muitas mulheres ainda sofrem em seus ambientes de trabalho, sendo preteridas em promoções, não tendo o direito de expressar sua opinião, argumentar seu ponto de vista ou corrigir o comportamento de um funcionário sem que seus colegas (principalmente homens e, por incrível que pareça, mulheres também) pensem que tal comportamento é resultado de uma crise pré menstrual ou de uma frustração amorosa. Sem contar que várias de nós ainda somos motivo de piadinhas por colocar uma roupa mais justa ou uma blusa mais decotada, simplesmente por querer sentir-se mais bonita naquele dia. As palavras "desigualdade" e "discriminação" são recorrentes em artigos sobre o tema.
Também são comuns as discussões sobre o aumento da presença das mulheres nas empresas, as quais, aos poucos, estão ocupando cada vez mais posições de chefia, apesar da diferença salarial ainda existente quando comparadas aos homens, fato este impossível de se imaginar há 50 anos. Os especialistas tentam explicar esta tendência através da análise do mercado de trabalho dos últimos tempos, das qualidades que nos tornam profissionais mais qualificadas para o cargo de chefia, como a "sensibilidade feminina", e tantas outras discussões.
Hoje em dia trabalhar fora de casa é uma conquista que a maioria das mulheres quer alcançar. Quem não quer ganhar o seu dinheiro próprio, ser independente e ainda ter sua competência reconhecida por seus superiores e pares?
Cada vez mais a sociedade nos impõe que, para sermos feliz, precisamos agora atingir todas estas conquistas, metas, objetivos. Mas será que somente o sucesso profissional nos traz felicidade? Mais importante do que atingir a posição tão desejada, fazer aquele curso caríssimo com pessoas altamente qualificadas, cuidar de tudo ao mesmo tempo, filhos, casa, carreira, marido, mais importante do que tudo isto é saber o que nos trará felicidade. Quando digo "felicidade" me refiro àquela que liberta a alma, que nos faz sorrir sem culpa, sem remorso, nem sentimento de inferioridade.
Particularmente, acordar todos os dias sabendo que a empresa em que trabalho me reserva um monte de desafios é muito motivador e me faz muito feliz. Conviver com pessoas novas, sair da minha zona de conforto discutindo assuntos dos quais tenho pouco conhecimento, ficar até mais tarde para entregar aquele relatório detalhado e cheio de informações que a matriz solicitou em um prazo curtíssimo, por incrível que pareça, me faz feliz. Esta é a vida que eu sonhei desde a adolescência, quando decidi fazer Direito aos 15 anos sem ter um único advogado na família!
Mas penso ser mais fácil dizer isto agora que sou recém casada, sem filhos, com uma vida inteira pela frente. Será que esta mesma vida me fará feliz daqui a quinze anos, por exemplo?
Neste Dia Internacional da Mulher, mais do que comemorar nossas conquistas, penso que, acima de tudo, temos que olhar para dentro de nós e perguntarmos: nossas conquistas estão nos fazendo mais felizes?
E você, é feliz?
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*Gerente jurídico Regional da Givaudan do Brasil Ltda. e integrante do grupo Jurídico de Saias
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