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Porandubas nº 212

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Atualizado às 08:08

Sinceridade e Sagacidade

Zé Cavalcanti, ex-deputado paraibano, conta em seu livro "A Política e os Políticos", que um coronel do sertão, ao passar o comando de seus domínios para o filho, aconselhou :

- Meu rapaz, se queres ser bem sucedido na política, cultiva estas duas verdades : a sinceridade e a sagacidade.

- O que é sinceridade, meu pai ?

- É manter a palavra empenhada, custe o que custar.

- E o que é sagacidade ?

- É nunca empenhar a palavra, custe o que custar.

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O futebol é a alegria do povo. A liturgia da descontração, da solidariedade, do aplauso e do apupo, da criatividade e da descontração. Futebol é festa ! E clímax. Choro e tristeza. A coluna, hoje, será enriquecida pela linguagem vinda dos campos. Desde já, o meu abraço solidário aos queridos jogadores, a quem se atribuem as pérolas abaixo. Enviadas pelo amigo Carlos Alberto Albuquerque.

"Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG." (Mengálvio, ex-meia do Santos, em telegrama à família quando em excursão à Europa)

Velho discurso

Não acredito. O PT começa a pavimentar o caminho de 2010, usando velhas ferramentas e conceitos ultrapassados. Ressuscitará o bordão "Consenso de Washington" para combater o "neoliberalismo", resgatará o surrado chavão de um "projeto democrático, popular, nacionalista e internacionalista de inclusão e participação popular" e fará emergir os costados do velho navio cargueiro sob o nome do "Estado grande e forte". Depois de mensalão, crise moral e ética que solapou as bases do partido, será que alguém, de bom senso, ainda navegará em canoas furadas ? Só mesmo tapados e entupidos.

"Tanto com a minha vida futebolística quanto com a minha vida humana." (Nunes, ex-atacante do Flamengo, em uma entrevista antes do jogo de despedida do Zico)

PMDB na vitrine

O PMDB sempre esteve na vitrine. Sempre foi objeto de pancada. Mas, na hora H, é o partido procurado, festejado, adulado. Agora mesmo, abrem-se manchetes em torno do futuro do partido. De uma parte, ouve-se que terá candidato próprio à presidência da República; de outra, lê-se que está dividido e pode, até, vir a apoiar a candidatura do tucano José Serra à presidência da República. Tudo pode acontecer em se tratando de matéria política. Mas, hoje, a situação é exatamente esta : a maioria do partido - 75% a 80% - defende uma aliança com a candidata de Lula; e nem 10% topariam fechar o partido em torno de uma candidatura própria. Rachar o PMDB é diversão de uns. Que não percebem a equação sui generis que o caracteriza : quanto mais dividida, mais forte é a sigla.

"As pessoas querem que o Brasil vença e ganhe." (Dunga, em entrevista ao programa Terceiro Tempo)

Haja lenço !

Pois é, os produtores do filme "Lula, o filho do Brasil" pedem para que as plateias levem lenços para assisti-lo. Glória Pires, que faz o papel de dona Lindu, mãe de Lula, conclama : "levem lenços". A ênfase ao pedido vem na sequência de que, ela, mesma, não vê os filmes e novelas em que atua e tende a ser uma telespectadora fria. Por isso, ao sugerir o uso de lenços, Glória reforça a estratégia de marketing para vender o filme de maior bilheteria do cinema brasileiro em todos os tempos. Passaria em 500 cinemas do país. É isso o que esperam diretor e produtores. O petismo/lulismo espera que o filme renda votos a Dilma. Pode ser.

"Eu, o Paulo Nunes e o Dinho vamos fazer uma dupla sertaneja." (Jardel, ex-atacante do Grêmio)

Parabéns, FHC

Depois de 18 anos, Tomás, o filho de Fernando Henrique com a jornalista Miriam Dutra, terá a paternidade reconhecida. O ex-presidente deve ter vivido momentos intranquilos nesses anos todos. Ter um filho que, segundo dizem, é a cara do pai e não reconhecê-lo, deveria ser pequeno (ou grande ?) tormento do sociólogo. A se confirmar a informação, merece ele parabéns. Sob o lamento de que o reconhecimento chega tarde.

"O novo apelido do Aloísio é CB, Sangue Bom." (Souza, meio-campo do São Paulo, em uma entrevista ao Jogo Duro)

Aécio e o Vox Populi

Este consultor prega abertamente a ideia de que Aécio Neves tem, como candidato, maior potencial de crescimento do que José Serra. Não é o caso de repetir as razões, já conhecidas dos leitores desta coluna. Mas não concorda com todo tipo de pesquisa que se mostra favorável ao governador mineiro. Por exemplo, é de estranhar esta pesquisa publicada pela "Isto É", realizada pelo renomado Instituto Vox Populi, comandado pelo gabaritado pesquisador Marcos Coimbra. O que é estranho : uma pesquisa apenas com pergunta espontânea. Aécio, nesse caso, está na frente de Serra. Ora, a pergunta espontânea é interessante dentro de amplo cenário, onde entram perguntas estimuladas. Lembrete : a pergunta estimulada é a mais próxima à realidade. Propicia ao eleitor selecionar um candidato entre os atores que enfrentarão as urnas.

"A partir de agora o meu coração só tem uma cor : vermelho e preto." (Jogador Fabão, assim que chegou no Flamengo)

Voto de Britto

O perfil do juiz de uma corte é o mais bem avaliado entre os perfis dos integrantes dos poderes constitucionais. A figura do juiz é vista no altar mais sagrado da Pátria, que é o altar da Justiça. Os juízes devem ser sutis, independentes, dignos, de caráter ilibado. Por isso, este consultor estranha a insinuação midiática dando conta das pressões para que o ministro Carlos Ayres Britto, do STF, mude o voto que deu no caso de Cesare Battisti. Britto votou a favor da extradição do italiano. Diz-se que amigos o estariam pressionando para votar contra a extradição. Não é crível.

"Eu peguei a bola no meio de campo e fui fondo, fui fondo, fui fondo e chutei pro gol." (Jardel, ex-jogador do Vasco e Grêmio, ao relatar ao repórter o gol que tinha feito)

Rodoanel e o apagão

O apagão de Lula, o maior do Brasil em todos os tempos, não esperou muito para receber a contrapartida : o desabamento de três vigas da estrutura na Rodovia Régis Bittencourt, em um viaduto do Rodoanel Mário Covas, sexta-feira passada. Os casos se igualam na perspectiva da ausência de maiores controles, fiscalização de qualidade, análise rigorosa de materiais etc. Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso. O ditado que abriu meu artigo do "Estadão", no último domingo, confirma a tese de que ninguém segura a força da natureza. Todos os governos, partidos e facções têm a sua roca e o seu fuso.

"Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu." (Claudiomiro, ex-meia do Inter de Porto Alegre, ao chegar em Belém do Pará para disputar uma partida contra o Paysandu, pelo Brasileirão de 72)

Lula e os franceses

Que os norte-americanos e suecos não sonhem alto. Luiz Inácio continua a declarar sua preferência pelos aviões franceses. Ele e Sarkozy já se encontraram algumas vezes e, em todas elas, as referências de Lula aos caças franceses dão o tom dos discursos. Nenhuma autoridade mundial pode insinuar mais que recomenda o bom senso. No caso de Lula, o bom senso foi pro espaço. Imaginem o que diriam os franceses de nosso presidente, caso este mudasse o discurso depois de tantas promessas e garantias. Sabemos que os comandantes das Três Forças estão de bico calado.

"Que interessante, aqui no Japão só tem carro importado." (Jardel, ex-atacante do Grêmio)

Lula e Battisti

Luiz Inácio teria respondido aos italianos que cobram a extradição de Cesare Battisti : "o caso está com a magistratura. A quem caberá decidir. Se a decisão for determinativa, cumpro." O presidente talvez tenha desejado dizer : "se a decisão for terminativa"... Mas a pergunta é esta : se o STF decidir pela extradição, Lula endossará a posição ?

"A bola ia indo, indo, indo... e iu !" (Nunes, jogador do Flamengo da década de 80)

Vida íntima

Revelações interessantes sobre ex-presidentes norte-americanos : Lyndon Johnson era racista e preconceituoso; Ronald Reagan era simples e atencioso, pedindo desculpas até aos seguranças; Jimmy Carter era arrogante e orgulhoso, a ponto de não permitir que agentes lhe dirigissem a palavra e Bill Clinton também era simples e trocava ideias com pessoas comuns, ao contrário de sua mulher, Hillary, dominadora e antipática. Revelações do jornalista Ronald Kessler no livro "No Serviço Secreto do Presidente".

"Nem que eu tivesse dois pulmões eu alcançava essa bola." (Bradock, amigo de Romário, reclamando de um passe longo)

Zelaya confuso

Esse Manuel Zelaya quer mesmo é confusão. Depois de acertar o caminho da volta ao poder, deu pra trás. Acusa o regime de descumprir o acordo. Pelo jeito, o cara quer apenas expandir a confusão.

"Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe." (Jardel, ex-atacante do Vasco, Grêmio e da Seleção)

"Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático." (Vicente Matheus, quando presidia o Corinthians)

Olha aqui, minha filha

Os(as) repórteres medem a irritação da ministra Dilma Rousseff, quando ela começa a responder assim a uma questão complicada : "olha aqui, minha filha; olha aqui, meu filho". A expressão é arrogante. Como jornalista gosta de casca de banana, a inferência é que virão por aí muitos escorregões.

"O meu clube estava a beira do precipício, mas tomou a decisão correta, deu um passo a frente." (João Pinto, jogador do Benfica de Portugal)

Aécio sobe, Serra desce

Na semana que passou, esta coluna registra subida de Aécio Neves na escada que leva à cúpula do PSDB e descida de José Serra no mesmo corrimão.

Ciro e Dilma

Na mesma semana que passou, Ciro Gomes desceu alguns degraus que levariam seu nome ao patamar dos candidatos à presidente. E Dilma avançou alguns passos na mesma direção. Ciro aproximou-se mais ainda de Aécio. Seu sonho : formar uma dobradinha com o mineiro.

"No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias." (Ferreira, ex-ponta esquerda do Santos)

Temporão sem marca

O ministro José Temporão argumenta que não quer se caracterizar como ministro com marca. No fundo, gostaria que fosse conhecido por muitas coisas que diz ter feito. Agora, sem marca e sem remédio genérico (que fez a marca de José Serra como ministro da Saúde), Temporão poderá atravessar a história como um borrão.

"Na Bahia é todo mundo muito simpático. É um povo muito hospitalar." (Zanata, baiano, ex-lateral do Fluminense, ao comentar sobre a hospitalidade do povo baiano)

Sete milhões de Eike

Eike Batista não teve dúvidas. Perguntou a Madonna quanto ela precisava para tocar sua ONG. A diva mostrou a conta : US$ 10 milhões. O mega-empresário perguntou : "arrumou quanto ?". Ela : "US$ 3 milhões." O barão do petróleo que, até, hoje não puxou uma gota de óleo, tirou o talão e tascou : "US$ 7 milhões para sua ONG". E as ONGs brasileiras não mereceriam um chequinho ? Dona Zilda Arns, digna e séria, até que gostaria de um "adjutório" para suas crianças.

"O Sócrates é invendável, inegociável e imprestável." (Vicente Matheus, ao recusar a oferta dos franceses)

Conselho ao ministro Edison Lobão

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado ao governador José Serra. Hoje, volta sua atenção ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão :

1. Dê ouvidos aos especialistas e à sociedade. Providencie uma Auditoria séria para investigar as causas do Apagão.

2. E dê ampla divulgação aos resultados alcançados pelos controles dos órgãos governamentais. Não tenha receio de receber críticas. A responsabilidade, nesse caso, fala mais alto.

3. A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o ONS (Operador Nacional do Sistema) devem, periodicamente, prestar contas à sociedade sobre o panorama da energia elétrica no país.

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