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Porandubas nº 143

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Atualizado às 07:41

TAXAS CONJUNTURAIS

Comecemos a Coluna com as taxas da conjuntura : juros Selic meta/ano : 11,75%. As taxas seguintes oscilam na escala entre 0% e 10% : taxa Serric de insensibilidade social e política, relativa ao governador José Serra : 8,5%; taxa Lulic de recorrência ao ufanismo, relativa ao presidente Lula : 10%; taxa Skafiana, de crescente adesão ao governo Lula após longo ciclo de acirradas críticas, relativa ao presidente da FIESP, Paulo Skaf : 8,75%; taxa Paulic, de ameaça de cassação, relativa ao deputado Paulinho da Força : 7,65%; taxa Midiatic, de exagero pirotécnico sobre o caso da garotinha assassinada Isabella, relativa aos meios de comunicação : 10%.

O EIXO DA IDENTIDADE

Candidatos devem se esforçar para exibir nos programas de rádio e TV um perfil claro, que traduza ideário, atitudes e estilo de vida. A chave da identidade abre as portas da aceitação. Quem não tem identidade, cai no limbo, um território nebuloso. Portanto, senhores candidatos de todos os matizes e partidos, encontrem suas identidades e, escudados sob esse abrigo, partam para a luta.

SEM VOTOS

Há, hoje, no Senado, 17 senadores que não obtiveram votos. São suplentes. Um grupo forte de senadores quer mudar a regra para eleição do suplente.

A IDENTIDADE DE MARTA

A maior campanha municipal do país será a de São Paulo. Marta Suplicy tentará exibir a seguinte identidade : petista, estampa de mulher vigorosa e determinada, ex-prefeita, ex-ministra do Turismo, criadora dos CEUs (Centros Educacionais), empreendimento que atraiu a simpatia de contingentes carentes, considerada um quadro de qualidade do PT. Mas é polêmica e cometeu gafes que certamente serão exploradas ("relaxa e goza", por ocasião do apagão aéreo). Sua identidade é forte.

A IDENTIDADE DE ALCKMIN

Geraldo Alckmin vai se apresentar com administrador experiente, braço direito do governador Mário Covas, a quem sucedeu; alto índice de aprovação como governador de São Paulo, implantou o programa de privatização em São Paulo, ex-candidato à presidência da República. Procurará expor soluções criativas para os problemas paulistanos, a partir dos gigantescos congestionamentos que assolam a capital. Tentará expor os valores da experiência, equilíbrio, harmonia, seriedade. Procurará desenvolver uma agenda positiva, sem ataques, até porque não poderá combater Gilberto Kassab, que tem o apoio (implícito, pelo menos) do governador José Serra.

A IDENTIDADE DE KASSAB

Gilberto Kassab tem se saído melhor do que a encomenda. Cresceu de maneira lenta e gradual. Tem discurso pleno de feitos, incluindo o programa da Limpeza Urbana e as AMAs (o sistema de ambulatórios), uma rede de atendimento médico que tem tanto impacto quanto os CEUs de Marta. Mas o perfil de Kassab parece não comportar guerra aberta, confronto de expressões e ataques virulentos. Kassab é um perfil que preza a paz e a harmonia. Começa a fazer pálida crítica à petista. Donde surge a questão : quem será o candidato anti-Marta Suplicy ? Se não houver polarização, Marta dará um banho nos adversários.

CRENÇA NA VITÓRIA

O maior valor de um candidato é a crença. Crença em si, em sua força. Crença de que será vitorioso. Candidato que não crê na possibilidade de vitória não conseguirá convencer o eleitor.

AFINAL, APARECEU APARECIDO

O nome é este : Aparecido. Melhor dizendo, José Aparecido Pires. Apareceu a pessoa que vai contar na CPI que dossiê não significa doce, como brincou o governador José Serra. Se der nome aos bois para contar quem mandou preparar o petardo contra FHC, poderá não "aparecer" um macho da raça bovina. Terá coragem de dizer que fez a encomenda ? Pouco provável. A não ser que seja um petista disposto a assumir o posto de kamikaze.

A GUERRA DE ERENICE

Se Erenice for apontada como responsável pela encomenda do dossiê, será catapultada do cargo de secretária-executiva da Casa Civil ? Dizem que a secretária faz jus ao sobrenome Guerra e não se contentará com a Paz dos cemitérios, ou seja, enterrada no caixão dos abatidos. A conferir.

DILMA TOMA GOSTO

Com Aparecido ou sem aparecer o responsável pelo dossiê, a verdade é que Dilma Rousseff, a ministra-chefe da Casa Civil, toma gosto pela candidatura. Não se encabula mais com aplausos quando está em palanque. A ministra é competente. Pode ainda não ter traquejo. Mas tem uma qualidade valiosa e única : sabe o que quer e tem determinação. Pode ir longe. A Coluna vai acompanhar o trajeto rousseffiano.

E A DERSA, HEIN ?

Semana passada, esta Coluna noticiou que a DERSA estaria arcando com o prejuízo de algumas dezenas de milhões de reais por conta do contrato com uma empresa de RH. Mas a Companhia continua contratando a empresa. Pior ainda : o contrato diz respeito a serviços ligados ao transporte marítimo e aquaviário. Serviço que deveria ser primoroso, de excelência técnica, eis que submetido ao gosto e à aprovação de usuários. Governador Serra, ajuste a lupa. Cuide da qualidade da gestão.

O COFRE DE SERRA

A Coluna registra mais um fato na seara serrista. Um proprietário de um carro licenciado em São Paulo, de placa DFG 0126, o vendeu, no dia 13 de dezembro de 2005, a um comprador do Rio Grande do Sul. No dia 10 de janeiro de 2006, recebeu um comunicado do DETRAN de São Paulo, avisando que o DETRAN gaúcho comunicara a transferência do veículo. Mas a Secretaria da Fazenda do Governo de SP fez ao vendedor a cobrança do IPVA relativo ao ano de 2006. O antigo proprietário pediu impugnação do lançamento do IPVA mostrando o documento de venda do veículo em dezembro de 2005. Arremate grosseiro da história : a Secretaria da Fazenda paulista notifica o vendedor, dizendo que sua contestação foi INDEFERIDA pelo Chefe do Posto Fiscal. Dentro de 30 dias, o cidadão terá de pagar o IPVA de 2006 com multas : ou seja, deverá assumir uma responsabilidade de outro proprietário. Só mesmo no Brasil. Aliás, só mesmo em São Paulo, onde José Serra e Mauro Ricardo, secretário da Fazenda, levam a fama de grandes gestores. Um IPVA pra eles, no caso um Índice Público de Vulnerabilidade Atípica.

PT RECUA EM BH

Depois de ter recebido um puxão de orelhas do presidente Lula, o PT recuou e já admite aprovar a coligação com o PSDB de Aécio Neves e aceitar a candidatura de Márcio Lacerda. Condição : o compromisso de apagar 2010 do acordo. Como o futuro a Deus pertence, tudo ficará do gosto de Aécio e Fernando Pimentel, o prefeito petista de Belo Horizonte.

PAULINHO, SEM FORÇA

O metalúrgico Paulo Pereira da Silva suou para construir a imagem de sindicalista com o nome de "Paulinho". Ao migrar para a política partidária manteve a marca, adicionando ao diminutivo um sobrenome poderoso : "da Força". Em pleno tiroteio, após denúncia por envolvimento em falcatruas, o presidente da Força Sindical diz que é conhecido pelo nome de batismo. De repente, o investimento (tempo, esforço e grana) vai pro espaço. Ou será que Paulinho continuará a ser chamado de Paulinho ? Ou será que gostaria de ser conhecido como Paulo Pereira da Silva, Sem Força ?

GRAVIDEZ E IMAGEM

O que tem a ver uma coisa com outra ? Tudo, se a ligação ocorrer em torno de Ronaldo, o Fenômeno, que acaba de tomar conhecimento de um mais fenômeno na extensão de sua conturbada vida. A namorada está grávida. Um fato extremamente positivo : "canibalizará" o feito negativo da farra travestida. Podem esperar. Em breve, as revistas de celebridades mostrarão a felicidade do casal com seu novo herdeiro. E la nave va...

ALSTOM NO METRÔ

Essa Coluna foi a primeira a noticiar o caso Alstom/Metrô. Por isso, acompanha atentamente a evolução dos acontecimentos. Coisas que poucos sabem : em abril de 2007, o Metrô aditou um contrato de mais de 8 anos com a empresa francesa para fornecimento de trens. Foram adquiridos 96 carros ao preço aproximado de US$ 2,3 milhões, cada. Este valor - pasmem - é superior ao de um carro novo, se considerarmos outras licitações no país. O Metrô de Salvador, por exemplo, comprou cada carro por US$ 1,5 milhão.

TEM MAIS

Em 2 de abril deste ano, o Metrô adjudicou a Alstom o contrato para a nova sinalização de suas linhas em CBTC - Controle de Trens por Telecomunicações. O valor foi de R$ 600 milhões. A empresa que ficou em segundo lugar apresentou um preço menor. Tem sistemas operando há 25 anos. O sistema da Alstom, segundo dizem fontes especializadas, tem características diferentes do Metrô de São Paulo. Cerca de 300 questões técnicas foram apresentadas, mas a Alstom manteve sua proposta inicial. No julgamento da proposta, apareceu um terceiro volume de documentos que não fora registrado por ocasião do recebimento das propostas.

ESPAÇO ABERTO

O Metrô continua com espaço nesta Coluna para contradizer a informação acima. Ou expor sua versão. A bem da verdade, o Metrô não tem se negado a responder as questões. O respeito ao contraditório é lei neste espaço.

30 ANOS EM PRESTAÇÕES SUAVES

José Maria Alckmin, o sábio mineiro que foi ministro da Fazenda de Juscelino Kubitschek (1956-58), começou a vida como advogado. Um dia, teve de defender um cliente, que pegou 30 anos de cadeia por um crime bárbaro, depois de ter sido condenado a pena de 8 anos no primeiro julgamento ao qual Alckmin recorreu. O réu não perdoou o advogado : "A culpa foi sua. Pedi para não recorrer. Vou, agora, passar 30 anos na cadeia". O matreiro advogado argumentou : "Calma, meu filho. Não é como você pensa. Primeiro, não são 30, são 15. Se você se comportar bem, cumpre apenas 15. Depois, esses 15 são feitos de dias e noites. Quando a gente está dormindo, tanto faz estar solto como preso. Então, não são 15, são 7 e meio. E, por último, meu caro, você não vai cumprir esses 7 anos e meio de uma só vez. Vai ser dia a dia, veja bem, dia a dia, suavemente. Não vai nem perceber".

CONSELHO AOS CANDIDATOS A PREFEITO

Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos aos políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto. Hoje, volta sua atenção aos 5.564 candidatos a prefeito nas eleições de outubro, fazendo-lhes as seguintes recomendações :

1) Apresentem suas propostas atendendo a parâmetros de objetividade, viabilidade e interesse social.

2) Não queiram acrescentar um palmo de altura ao seu tamanho. Mostrem a sua real dimensão sem criar pirotecnias e mensagens espetaculosas.

3) Privilegiem o conteúdo, a substância, não a forma e nem a cosmética.

4) Sejam fiéis ao compromisso e elevem a honestidade ao patamar mais alto.

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